1 - Nos termos do disposto nos n.os 3 do artigo 14.º e 1 do artigo 29.º, ambos do Decreto-Lei 215/2006, de 27 de Outubro, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei 59/2010, de 7 de Junho, e, ainda, no artigo 3.º do Decreto-Lei 90/2007, de 29 de Março, que aprova a Lei Orgânica da Biblioteca Nacional de Portugal, e ao abrigo do disposto nos n.os 1 do artigo 18.º e 1, 4 e 5 do artigo 19.º da Lei 2/2004, de 15 de Janeiro, na redacção dada pelas Leis 51/2005, de 30 de Agosto, 64-A/2008, de 31 de Dezembro e 3-B/2010, de 28 de Abril, é nomeado, em comissão de serviço, para exercer as funções de director-geral da Biblioteca Nacional de Portugal o Prof. Doutor António Pedro Machado Gonçalves Dias, cujo currículo académico e profissional, que se anexa ao presente despacho, evidencia perfil adequado e demonstrativo da aptidão e da experiência profissional necessárias para o desempenho do cargo em que é investido.
2 - O presente despacho produz efeitos a partir do dia 1 de Julho de 2011.
15 de Julho de 2011. - O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho. - O Secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas.
Sinopse curricular
António Pedro Machado Gonçalves Dias (Coimbra, 2 de Novembro de 1950).
Professor catedrático de nomeação definitiva da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, integrado no Instituto de História da Arte.
Estagiou e desenvolveu trabalhos de investigação em Espanha, Itália, Holanda, Alemanha, França, Itália, Brasil e Índia como bolseiro do Instituto Nacional de Investigação Científica, da Fundação Calouste Gulbenkian e de outras instituições portuguesas e estrangeiras. Durante cinco anos integrou o Centro de História da Sociedade e da Cultura do Instituto Nacional de Investigação Científica.
De entre os cargos oficiais que desempenha ou desempenhou, destacam-se o de presidente da comissão científica do Grupo de História da Faculdade de Letras, por duas vezes, o de director do Instituto de História da Arte da Universidade de Coimbra, (entre 1976 e 1997 e, entre 2001 e 2003), os de director do Museu Nacional de Machado de Castro, delegado da Secretaria de Estado da Cultura para a Zona Centro, vogal do conselho editorial da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, vogal do conselho consultivo do Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico, vogal do Grupo de Trabalho de História da Arte da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses (1989 a 1 996), vogal do conselho científico da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, (1996 e 1997) e o de vogal do conselho cultural de "Coimbra Capital Nacional da Cultura 2003».
Exerceu, entre 1 de Fevereiro de 2004 e 9 de Julho de 2005 o cargo de director-geral do Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo.
É membro das seguintes academias: Academia Nacional de Belas Artes, Academia de Marinha, Academia Portuguesa da História, Real Academia de Bellas Artes de San Fernando de Madrid, Real Academia de Bellas Artes de la Puríssima Concepción de Valladolid, Real Academia de Extremadura de Ciências, Letras y Artes e da Sociedade de Geografia de Lisboa. Foi membro do Comité Internacional de História da Arte, até 2007.
Orientou 23 dissertações de doutoramento, todas com êxito, de professores e investigadores de Portugal, Espanha e Brasil. Participou em cerca de 200 júris de provas académicas de pós-graduação e concursos, em universidades de Portugal, Espanha, Brasil e Bélgica, quase sempre como arguente ou relator.
Durante cinco anos foi investigador do Projecto ACALAPI da UNESCO, dedicado ao estudo e aprofundamento das relações do mundo árabe com a América. Foi um dos três coordenadores do Projecto Quiroga, integrado no Programa Alfa, patrocinado pela Comissão Europeia, para a criação de modelos de intervenção no restauro das cidades históricas ibero-americanas; e também do Projecto do Inventário do Património Artístico Móvel das Universidades Históricas Europeias, integrado no Programa Alfa, igualmente patrocinado pela Direcção-Geral de Cultura da Comissão Europeia.
Colaborou nos projectos de restauro de inúmeros monumentos, nomeadamente, do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, do Palácio da Vila de Sintra, do Mosteiro dos Jerónimos, do Mosteiro de Folques, do Mosteiro de Semide, da Misericórdia de Penela, do Colégio de São Jerónimo, do Paço das Escolas da Universidade de Coimbra, e das fortalezas da Ilha de Santa Catarina, no Brasil.
O seu campo preferencial de investigação é o das relações de Portugal com a Europa, por um lado, e com os territórios de África, das Américas e do Oriente, por outro. Neste âmbito, publicou mais de 140 livros e artigos especializados, três dos quais receberam o Prémio José de Figueiredo da Academia Nacional de Belas Artes. Em 1991, foi galardoado, por um trabalho em co-autoria intitulado Flandre et Portugal, o Prémio Duque d'Arenberg, concedido na Bélgica. Em 1994 foi atribuído pela Associação Portuguesa de Museologia o Prémio de Melhor Catálogo do ano ao que elaborou para a Exposição Álvaro Pires de Évora, um pintor português na Itália de Quattrocento. Em 2002, foi a vez do Prémio Gulbenkian de História da Arte pela publicação do livro A Arquitectura dos Portugueses em Marrocos. 1415-1769. Em 2003, recebeu o Prémio Vasco Valente do Círculo José de Figu eiredo, p elo livro O Contador das Cenas Familiares; o quotidiano dos Portugueses de Quinhentos na Índia, na decoração de um móvel indo-português; em 2005, o Prémio Gulbenkian da Academia Portuguesa da História, para temas sobre a presença portuguesa no mundo, pelo livro História da Arte Luso-Brasileira; Urbanização e Fortificação; em 2006, o Prémio Fundação Oriente atribuído por um júri da Academia Portuguesa da História, pelo livro De Goa a Pangim. Memórias Tangíveis das Capitais do Estado Português da Índia; e em 2007, novamente o Prémio Fundação Oriente da Academia Portuguesa da História, pelo livro Portugal e Ceilão, Baluartes, Marfim e Pedraria.
Entre outros dos seus últimos livros além dos acima referidos, destacam-se: Os Portais Manuelinos do Mosteiro dos Jerónimos (Coimbra, 1 993), A Viagem das Formas (Lisboa, 1995), A Escultura Maneirista Portuguesa: Subsídios para Uma Síntese (Coimbra, 1995), O Fydias Peregrino; Nicolau Chanterene e a Escultura Europeia do Renascimento (Coimbra, 1996), História da Arte Portuguesa no Mundo (1415-1822) (Lisboa, 1998 e 1999), Arte Indo-Portuguesa. Capítulos da História, (2004), A Arquitectura e a Urbanização dos Portugueses em Macau. 1557-1911, (2005), e uma obra em 15 volumes intitulada Arte de Portugal no Mundo, (2008).
Esteve ligado à organização de importantes exposições, como consultor ou como colaborador dos respectivos comissariados, nomeadamente a XVII Exposição de Arte, Ciência e Cultura do Conselho da Europa, (Lisboa, 1983), a exposição do Pavilhão de Portugal, e a exposição intitulada El Arte en Torno a 1492, no âmbito da Expo 92 de Sevilha, Uma aventura de séculos para inventar o Futuro, (Génova, 1992) e a Circa 92, na National Gallery de Washington, (1992), e Encompassing the Globe. Portugal and the World in the 16th and 17th Centuries, na Smithsonian Institution de Washington, (2007).
Ainda neste campo, foi comissário científico ou comissário-geral das seguintes exposições: O Tempo das Feitorias, em 1991, no Museu Real de Antuérpia; A Arte da Época dos Descobrimentos, no Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa, em 1 992; Grão Vasco e a Pintura Europeia do Renascimento, no Palácio da Ajuda de Lisboa, em 1992; Álvaro Pires de Évora, um pintor português no Quattrocento Italiano, em Lisboa, na Torre do Tombo, em 1994; o Rosto do Infante, em Tomar e Viseu, também em 1 994; Reflexos: Símbolos e Imagens do Cristianismo na Porcelana Chinesa, no Museu de São Roque, em Lisboa, em 1997; O Brilho do Norte; Escultura e Escultores do Norte da Europa em Portugal. Época Manuelina, em Lisboa, no Palácio da Ajuda, em 1997; Tesouros do Norte de Portugal, exposição inaugural do Centro Cultural de Macau, em 1999; A Escultura de Coimbra do Gótico ao Maneirismo, Vicente Gil e Manuel Vicente, Pintores da Coimbra Manuelina, e Memórias de Santa Cruz, todas no antigo refeitório do Mosteiro de Santa Cruz, integradas no programa da "Coimbra Capital Nacional da Cultura 2003».
A divulgação da cultura lusófona levaram-no a fazer mais de 250 comunicações e conferências, 6 0 das quais no estrangeiro, em Espanha, França, Alemanha, Itália, Bélgica, Inglaterra, Áustria, Marrocos, Canadá, Brasil, Colômbia, Uruguai, Índia, Macau, Tailândia e Singapura.
Foi agraciado com a medalha de mérito de belas artes - classe de ouro, com a medalha de mérito cultural do Instituto Luso-Árabe para a Cooperação e com a medalha de ouro da cidade de Coimbra.
Em 2005, foi condecorado pelo Presidente da República com o grau de comendador da Ordem do Infante D. Henrique.
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