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Portaria 103/2024/1, de 14 de Março

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Sumário

Regula o índice de desempenho da equipa e a atribuição dos incentivos institucionais aos centros de responsabilidade integrados de gastrenterologia.

Texto do documento

Portaria 103/2024/1

de 14 de março

De acordo com o n.º 1 da base 4 da Lei de Bases da Saúde, aprovada em anexo à Lei 95/2019, de 4 de setembro, a política de saúde tem âmbito nacional e é transversal, dinâmica e evolutiva, adaptando­-se ao progresso do conhecimento científico e às necessidades, contextos e recursos da realidade nacional, regional e local, visando a obtenção de ganhos em saúde.

Neste sentido, os centros de responsabilidade integrados (CRI) constituem­-se como alteração de paradigma, face à organização tradicional das unidades hospitalares, potenciando a melhoria do acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), mediante a adoção de lógicas assistenciais colaborativas e participadas, e fomentando o aproveitamento de sinergias e a complementaridade de funções e especialidades.

O XXIII Governo Constitucional, considerando a experiência adquirida com as cerca de quatro dezenas de CRI já criados no SNS, e reconhecendo a mais­-valia deste modelo de organização enquanto fator fundamental para potenciar os ganhos em saúde e a fixação de profissionais no serviço público de saúde, aprovou o novo regime jurídico da organização e funcionamento dos CRI, conforme o anexo ii ao Decreto­-Lei 103/2023, de 7 de novembro, na sua redação atual.

De acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 26.º do anexo atrás referido, a remuneração mensal dos profissionais que integram a equipa multiprofissional do CRI integra uma remuneração base e compensações pelo desempenho, podendo ainda, quando previstos por lei, integrar suplementos.

Nesta sequência, face à multiplicidade de áreas de intervenção dos CRI, e de acordo com o previsto no n.º 3 do artigo 27.º do mesmo instrumento legal, o modo de apuramento do índice de desempenho da equipa (IDE), de que depende a compensação pelo desempenho, designadamente os indicadores a considerar, bem como intervalos de valor esperado e variação aceitável, são definidos por portaria dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da Administração Pública, das finanças e da saúde, por área ou áreas de intervenção assistencial do CRI.

Tendo sido definidas áreas prioritárias para a criação de novos CRI, identificadas no preâmbulo do Decreto­-Lei 118/2023, de 20 de dezembro, importa desde já regulamentar o IDE referente aos CRI da área da gastrenterologia.

Com efeito, as doenças do aparelho digestivo encontram­-se entre as principais causas de morte em Portugal e na Europa. Estima­-se que pelo menos 30 % da população europeia será afetada pelo menos uma vez na vida por doença do aparelho digestivo e 40 % dos doentes internados nos hospitais têm patologia do aparelho digestivo, pelo que a prevenção, o diagnóstico e o tratamento integrado das patologias do tubo digestivo, fígado, vias biliares e pâncreas, assumem cada vez maior importância clínica e social, nomeadamente na área das doenças hepáticas e da doença oncológica. O cancro do cólon e reto é o que tem atualmente maior incidência em Portugal e prevê­-se um elevado aumento do cancro do pâncreas, pelo que a melhoria da resposta nesta área é crítica para a população.

Reconhecendo, porém, que se trata de uma área em que ainda não existe histórico que permita a definição da matriz definitiva de indicadores e, em especial, dos intervalos de valor esperado e variação aceitável, é constituída uma comissão de acompanhamento e avaliação, no âmbito de projetos­-piloto a desenvolver em seis estabelecimentos e serviços de saúde integrados no SNS, nomeadamente nos cinco serviços mais diferenciados (nível iii) da rede de referenciação hospitalar de gastrenterologia e hepatologia e num dos institutos portugueses de oncologia, tendo em vista permitir adequar o modelo criado pela presente portaria, numa perspetiva técnico­-científica, sempre com o objetivo de melhorar o desempenho e a capacidade de resposta na área da gastrenterologia.

Assim, nos termos e ao abrigo do disposto no n.º 3 do artigo 27.º do anexo ii ao Decreto­-Lei 103/2023, de 7 de novembro, na sua redação atual, manda o Governo, pelo Ministro das Finanças, pela Secretária de Estado da Administração Pública, no uso de competência delegada pela Ministra da Presidência através do Despacho 8949/2022, de 8 de julho, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 141, de 22 de julho de 2022, alterado pelo Despacho 12320/2022, de 10 de outubro, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 204, de 21 de outubro de 2022, e pelo Secretário de Estado da Saúde, no uso de competência delegada pelo Ministro da Saúde através do Despacho 12167/2022, de 10 de outubro, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 201, de 18 de outubro de 2022, aditado pelo Despacho 2617/2023, de 17 de fevereiro, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 40, de 24 de fevereiro de 2023, o seguinte:

CAPÍTULO I

Disposições gerais

Artigo 1.º

Objeto

1 - A presente portaria:

a) Regula o índice de desempenho da equipa (IDE) que integra os centros de responsabilidade integrados de gastrenterologia (CRI­-Gastro), nos termos previstos no n.º 3 do artigo 27.º do regime jurídico da organização e do funcionamento dos centros de responsabilidade integrados (CRI), aprovado no anexo ii do Decreto­-Lei 103/2023, de 7 de novembro, na sua redação atual, doravante designado por Regime;

b) Regula os termos de atribuição dos incentivos institucionais, previstos no artigo 28.º do Regime.

2 - A presente portaria procede ainda à criação de projetos­-piloto de CRI­-Gastro, bem como à definição dos procedimentos necessários à sua implementação, acompanhamento e avaliação.

Artigo 2.º

Âmbito

A presente portaria aplica­-se aos CRI­-Gastro criados nos estabelecimentos e serviços integrados no Serviço Nacional de Saúde (SNS), com a natureza de entidades públicas empresariais (EPE), adiante designados por entidades do SNS, e aos profissionais que os integram.

Artigo 3.º

Equipa multiprofissional

1 - A equipa multiprofissional do CRI­-Gastro é constituída por trabalhadores médicos, enfermeiros, farmacêuticos, técnicos superiores de saúde, técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, assistentes técnicos e técnicos auxiliares de saúde, cujo exercício de funções seja assegurado no serviço local de gastrenterologia.

2 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, em função da tipologia e dimensão do respetivo estabelecimento ou serviço, pode o CRI­-Gastro incluir outros profissionais, designadamente de grupos de pessoal distintos dos ali previstos.

3 - Nas situações referidas no número anterior, o plano de ação do CRI­-Gastro deve igualmente, e relativamente a cada um dos profissionais incluídos, identificar a carga horária semanal a afetar.

Artigo 4.º

Matriz de indicadores para os serviços de gastrenterologia

1 - É definida uma matriz de indicadores para os serviços de gastrenterologia do SNS, composta por todos os indicadores que respeitem os pressupostos gerais, as características e os atributos definidos no anexo i da presente portaria e da qual faz parte integrante.

2 - Com exceção dos indicadores que compõem o IDE dos CRI­-Gastro, as regras de cálculo e os intervalos de valor esperado e variação aceitável de cada indicador são atualizados anualmente, pela Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde, I. P. (DE­-SNS, I. P.), em articulação com a Administração Central do Sistema de Saúde, I. P. (ACSS, I. P.), considerando a evolução das boas práticas clínicas e do histórico de resultados alcançado pelas equipas.

CAPÍTULO II

Índice de desempenho da equipa do CRI‑Gastro

Artigo 5.º

Definição do IDE

O IDE assenta no trabalho desenvolvido pela equipa multiprofissional do CRI­-Gastro, considerando as dimensões de acesso, qualidade, eficiência e integração de cuidados.

Artigo 6.º

Regras para cálculo do IDE

1 - O cálculo do IDE de cada CRI­-Gastro é efetuado em função dos indicadores, das ponderações e dos intervalos de valor esperado e variação aceitável que constam do anexo ii à presente portaria e da qual faz parte integrante, válidos para um período de três anos.

2 - Para os efeitos previstos no número anterior, o intervalo de valor esperado corresponde ao conjunto de resultados de um indicador, tendo por base as boas práticas num contexto de trabalho organizado e eficiente, e o intervalo de variação aceitável corresponde aos desvios tecnicamente admissíveis em relação a essa mesma boa prática.

3 - Sempre que por razões não imputáveis ao CRI­-Gastro, se verifique a impossibilidade de ­recolha de informação que permita o cálculo de um dos indicadores, a ponderação deste é dividida pelos ­restantes indicadores da mesma dimensão, na direta proporção das respetivas ponderações.

4 - O resultado de cada indicador é expresso sem arredondamentos e o resultado do IDE expresso numa escala de 0 a 100, arredondado às décimas.

Artigo 7.º

Apuramento dos resultados do IDE

1 - A avaliação do grau de cumprimento de cada indicador que compõe o IDE é obtida de acordo com os critérios definidos no anexo iii à presente portaria e da qual faz parte integrante.

2 - A ACSS, I. P., apura os resultados obtidos pela equipa multiprofissional do CRI­-Gastro, em cada um dos indicadores que compõem o IDE e comunica­-os à entidade do SNS respetiva.

3 - O apuramento do resultado anual do IDE de cada CRI­-Gastro, efetuado nos termos dos números anteriores, ocorre até 31 de março de cada ano e respeita ao ano civil anterior.

Artigo 8.º

Procedimento para atribuição da compensação pelo desempenho

1 - Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, o montante da compensação pelo desempenho dos profissionais do CRI­-Gastro é pago nos termos previstos no capítulo vii do Regime.

2 - Até ao apuramento do resultado anual do IDE do CRI­-Gastro, nos termos previstos no n.º 3 do artigo anterior, o montante da compensação pelo desempenho é igual ao auferido no mês anterior.

3 - Após o apuramento do resultado do IDE do CRI­-Gastro, cada entidade do SNS procede, com efeitos a 1 de janeiro e para cada profissional, à regularização dos montantes correspondentes.

Artigo 9.º

Compensação pelo desempenho no primeiro ano de atividade

1 - Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, no ano de constituição do CRI­-Gastro, o montante da compensação pelo desempenho corresponde a 50 % do valor máximo mensal previsto no n.º 4 do artigo 27.º do Regime.

2 - Após o apuramento do resultado do IDE do CRI­-Gastro, cada entidade do SNS procede à regularização dos montantes correspondentes a cada profissional, com efeitos a 1 de janeiro do ano anterior.

CAPÍTULO III

Atribuição de incentivos institucionais

Artigo 10.º

Definição dos incentivos institucionais

Os incentivos institucionais estão relacionados com a avaliação do impacto do desempenho da equipa multiprofissional do CRI­-Gastro, aferido em função das dimensões de satisfação dos utentes, satisfação dos profissionais e melhoria contínua do desempenho.

Artigo 11.º

Regras de cálculo e valor dos incentivos institucionais

1 - O cálculo dos incentivos institucionais a atribuir a cada CRI­-Gastro é efetuado através dos indicadores, e respetiva ponderação, que constam do anexo iv à presente portaria e da qual faz parte integrante, válidos para o período de um ano.

2 - A definição dos seis indicadores de melhoria contínua é negociada entre a entidade do SNS e a equipa multiprofissional dos CRI­-Gastro, de entre os indicadores que integram a matriz de indicadores para a gastrenterologia prevista no artigo 4.º da presente portaria.

3 - O valor máximo dos incentivos institucionais a atribuir a cada CRI­-Gastro depende dos seus níveis de desempenho, aferidos nos termos do anexo v à presente portaria e da qual faz parte integrante.

4 - Os valores máximos dos incentivos institucionais são os fixados na tabela constante do anexo vi à presente portaria da qual faz parte integrante.

5 - O valor referido no número anterior é proporcional ao número de meses completos de atividade desenvolvida pelo CRI­-Gastro no ano em causa, condicionado a um mínimo de seis meses de atividade.

Artigo 12.º

Apuramento dos resultados dos incentivos institucionais

O valor dos incentivos institucionais a atribuir a cada CRI­-Gastro é apurado pela entidade do SNS respetiva, até 31 de março de cada ano, e respeita ao ano civil anterior.

Artigo 13.º

Procedimentos para atribuição e aplicação de incentivos institucionais

1 - O CRI­-Gastro elabora o seu relatório de atividades e submete­-o ao conselho de administração da entidade do SNS respetiva, até 31 de março do ano seguinte àquele a que respeita.

2 - A entidade do SNS, observando o princípio do exercício do contraditório, pode determinar a realização de uma auditoria clínica ou administrativa para verificar o cumprimento dos resultados apurados, devendo esta estar concluída até 15 de abril de cada ano.

3 - A entidade do SNS comunica ao CRI­-Gastro, até 30 de abril de cada ano, a decisão fundamentada sobre a atribuição de incentivos institucionais.

4 - A aplicação dos incentivos institucionais ocorre nos termos previstos no Plano de Aplicação dos Incentivos Institucionais (PAII) elaborado pelo CRI­-Gastro, devendo observar os procedimentos constantes do anexo vii da presente portaria e que dela faz parte integrante.

5 - A entidade do SNS publica, até 31 de julho de cada ano, um relatório de monitorização da distribuição dos incentivos institucionais.

6 - A DE­-SNS, I. P., publica, até 15 de outubro de cada ano, um relatório de monitorização da ­execução dos PAII relativos ao ano anterior.

CAPÍTULO IV

Contratualização e acompanhamento

Artigo 14.º

Processo de contratualização

1 - A contratualização anual do compromisso assistencial do CRI­-Gastro decorre nos termos previstos no processo de contratualização interna das entidades do SNS, devendo estar enquadrado pelo Plano de Desenvolvimento Organizacional (PDO) da própria entidade do SNS.

2 - O contrato­-programa do CRI­-Gastro é assinado pelas partes até 31 dezembro do ano anterior ao período a que respeita, conforme disposto no artigo 7.º do Regime, e deve integrar, caso exista, a carteira adicional de serviços que tenha sido acordada.

Artigo 15.º

Monitorização e acompanhamento

1 - Os indicadores que integram a matriz de indicadores para os serviços de gastrenterologia referida no artigo 4.º da presente portaria são monitorizados mensalmente na plataforma eletrónica disponibilizada para o efeito.

2 - Compete à entidade do SNS o acompanhamento do desempenho do CRI­-Gastro, com periodicidade trimestral.

3 - Registando­-se desvios negativos ao desempenho, há lugar à definição de um plano de melhoria, subscrito pela entidade do SNS e pelo CRI­-Gastro.

4 - A entidade do SNS deve integrar no seu plano de auditoria interna ações direcionadas à verificação dos resultados obtidos pelo CRI­-Gastro.

CAPÍTULO V

Projetos‑piloto de CRI‑Gastro

Artigo 16.º

Projetos­-piloto

1 - Os projetos­-piloto, a desenvolver em seis entidades do SNS, para a área da gastrenterologia, visam permitir adequar o modelo criado pela presente portaria, numa perspetiva técnico­-científica, tendo em vista melhorar o desempenho e a capacidade de resposta nesta área.

2 - Os projetos­-piloto pressupõem o desenvolvimento de um programa de acompanhamento a assegurar pelas entidades do SNS abrangidas, pela ACSS, I. P., pela DE­-SNS, I. P., e pela Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, E. P. E. (SPMS, E. P. E.), que contemple os termos da operacionalização dos projetos­-piloto, designadamente os recursos disponíveis, a forma de articulação com outras unidades orgânicas da entidade do SNS, a definição da matriz de indicadores da área da gastrenterologia, as suas regras de cálculo e os intervalos de valor esperado e variação aceitável, assim como as adaptações a introduzir nos sistemas de informação de suporte.

3 - Para os efeitos previstos no n.º 1, são identificados como projetos­-piloto de CRI­-Gastro as seguintes entidades do SNS:

a) Unidade Local de Saúde de Coimbra, E. P. E.;

b) Unidade Local de Saúde de Santa Maria, E. P. E.

c) Unidade Local de Saúde de Santo António, E. P. E.;

d) Unidade Local de Saúde de São João, E. P. E.;

e) Unidade Local de Saúde de São José, E. P. E.;

f) Instituto Português de Oncologia de Coimbra, E. P. E.

Artigo 17.º

Duração

1 - Os projetos­-piloto têm a duração de nove meses, contados a partir da data da entrada em vigor da presente portaria.

2 - As áreas governativas das finanças e da saúde promovem a elaboração de um relatório de monitorização e avaliação dos projetos­-piloto, com o objetivo de avaliar os ganhos e os impactos alcançados, assim como ponderar medidas que contribuam para aperfeiçoamento do modelo, em especial, potenciadoras de maior acesso, qualidade, eficiência e integração de cuidados.

Artigo 18.º

Comissão de acompanhamento e avaliação

1 - É criada, no âmbito de execução dos projetos­-piloto, a comissão de acompanhamento e avaliação, doravante designada por Comissão.

2 - A Comissão tem a seguinte composição:

a) Dois representantes de cada uma das entidades do SNS abrangidas, que integrem o projeto­-piloto do CRI­-Gastro;

b) Um representante da ACSS, I. P.;

c) Um representante da DE­-SNS, I. P.;

d) Um representante da Direção Geral da Saúde (DGS);

e) Um representante do INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I. P.;

f) Um representante da SPMS, E. P. E.

3 - No exercício das suas atribuições, e em função das matérias a tratar, a Comissão pode ­convidar para participar nos trabalhos representantes de outras entidades, nomeadamente de associações ­públicas profissionais, assim como proceder à audição de representantes de serviços ou personalidades de reconhecido mérito e experiência em avaliação de desempenho, gestão de risco clínico, ou outras, por iniciativa de qualquer um dos seus membros.

4 - A Comissão é designada por despacho do membro do Governo responsável pela área da saúde, que deve identificar quem preside.

5 - Os mandatos dos representantes que integram a Comissão vigoram até à apresentação do relatório final de avaliação, referido na alínea c) do n.º 1 do artigo 20.º

Artigo 19.º

Funcionamento da Comissão

1 - A Comissão deve reunir regularmente, pelo menos, uma vez por mês, sendo lavradas atas das reuniões.

2 - O apoio logístico e administrativo necessário ao desenvolvimento das competências da ­Comissão é assegurado pela DE­-SNS, I. P.

3 - A atividade dos elementos que integram a Comissão, bem como das entidades ou quaisquer personalidades convidadas a participar nos seus trabalhos, nos termos previstos no n.º 3 do artigo anterior, não é remunerada.

Artigo 20.º

Competência da Comissão

1 - Compete à Comissão referida nos artigos anteriores:

a) Acompanhar a implementação e a execução dos projetos­-piloto, avaliando os resultados alcançados;

b) Elaborar relatórios trimestrais intercalares que devem ser remetidos aos membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e da saúde;

c) Elaborar um relatório final de avaliação e conclusões, incluindo recomendações e propostas concretas para a alteração e alargamento do regime previsto na presente portaria;

d) Propor, nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 4.º, a matriz de indicadores para de gastrenterologia do SNS, bem como os intervalos de valor esperado e variação aceitável a utilizar pelos CRI­-Gastro.

2 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, compete, em particular, à ACSS, I. P., à DE­-SNS, I. P., e à SPMS, E. P. E., face às respetivas atribuições, em articulação com a Comissão, assegurar a implementação e adequação contínua das condições dos projetos­-piloto.

Artigo 21.º

Compensação pelo desempenho

1 - O montante da compensação pelo desempenho a pagar aos elementos que integrem os CRI­-Gastro previstos nos projetos­-piloto referidos no n.º 3 do artigo 16.º, corresponde a 75 % do valor máximo mensal estabelecido no n.º 4 do artigo 27.º do Regime.

2 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, nas situações em que, após apuramento do IDE, se conclua que o montante da compensação a auferir por cada profissional é superior ao que foi pago, nos termos do número anterior, deve a entidade do SNS proceder à regularização dos montantes ­correspondentes, com efeitos à data da entrada em funcionamento do projeto­-piloto.

CAPÍTULO VI

Disposições complementares, transitórias e finais

Artigo 22.º

Adequação dos sistemas de informação

A ACSS, I. P., e a SPMS, E. P. E. adequam os sistemas de informação, designadamente, os subjacentes ao cálculo dos indicadores e ao processamento de vencimentos, às regras previstas na presente portaria.

Artigo 23.º

Disposição final

Sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 4.º, e na sequência da proposta apresentada pela Comissão, nos termos da alínea d) do n.º 1 do artigo 20.º, serão definidos os intervalos de valor esperado e variação aceitável para os indicadores previstos no anexo i, mediante alteração à presente portaria.

Artigo 24.º

Entrada em vigor

A presente portaria entra em vigor no primeiro dia seguinte ao da sua publicação.

O Ministro das Finanças, Fernando Medina Maciel Almeida Correia, em 8 de março de 2024. - A Secretária de Estado da Administração Pública, Inês Pacheco Ramires Ferreira, em 7 de março de 2024. - O Secretário de Estado da Saúde, Ricardo Jorge Almeida Perdigão Seleiro Mestre, em 8 de março de 2024.

ANEXO I

(a que se refere o n.º 1 do artigo 4.º)

Matriz de indicadores para a área da gastrenterologia

1 - Os indicadores que integram a matriz de indicadores para a área da gastrenterologia obedecem aos seguintes pressupostos gerais:

a) São independentes da origem, da fonte e da sua utilização, destacando­-se aqueles que são produzidos pela ACSS, I. P., e pela DGS, entre outros;

b) Têm um bilhete de identidade com uma descrição clara, inequívoca e simples do que medem, do numerador e denominador, do que se regista (quando, onde e como), do seu modo de leitura (nas diferentes aplicações informáticas).

2 - Os indicadores que integram a matriz de indicadores para a área da gastrenterologia devem ter as seguintes características:

a) Estar tipificados de acordo com a seguinte classificação - estrutura, processo, resultado, ganhos em saúde;

b) Estar associados à complexidade, prioridade, gravidade e gestão de risco clínico;

c) Ter intervalos de valor esperado e variação aceitável - baseados nas boas práticas clínicas, na evidência disponível (nacional e ou internacional) e no histórico da atividade realizada pelas várias equipas;

d) Abranger as dimensões adequação técnico­-científica, acesso, qualidade, eficiência e integração de cuidados.

3 - Os indicadores que integram a matriz de indicadores para a área da gastrenterologia devem ter os seguintes atributos quanto a aspetos técnicos e metodológicos:

a) Relevância - importância, prioridade, impacto do resultado;

b) Robustez técnica científica - baseados na melhor evidência disponível;

c) Validade - mede aquilo que se propõe medir;

d) Fiabilidade - é capaz de ser reproduzido perante diferentes grupos;

e) Sensibilidade - é capaz de detetar as mudanças;

f) Exequibilidade - é possível operacionalizá­-lo com eficácia.

ANEXO II

(a que se refere o n.º 1 do artigo 6.º)

Índice de desempenho da equipa

Dimensão

Designação

Ponderação

Valores
esperados

Variações
aceitáveis

Acesso

Percentagem de pedidos em LEC dentro dos TMRG

7 %

Em definição

Em definição

Acesso

Percentagem de consultas realizadas dentro do TMRG

8 %

Em definição

Em definição

Acesso

Percentagem de exames de endoscopia gastrenterológica realizados dentro dos TMRG

8 %

Em definição

Em definição

Acesso

Percentagem de TGDT (*) realizadas dentro de 72 horas após ­prescrição em doentes internados com prioridade urgente

7 %

Em definição

Em definição

Qualidade

Percentagem de utentes seguidos em hospital de dia

7 %

Em definição

Em definição

Qualidade

Percentagem de doentes saídos com duração de internamento acima do limiar máximo do GDH

7 %

Em definição

Em definição

Qualidade

Percentagem de reinternamento no prazo de 30 dias

7 %

Em definição

Em definição

Qualidade

Percentagem de complicações em procedimentos endoscópicos

7 %

Em definição

Em definição

Eficiência

Gastos com medicamentos por doente padrão

7 %

Em definição

Em definição

Eficiência

Gastos operacionais por doente padrão

7 %

Em definição

Em definição

Integração Cuidados

Tempo médio para colonoscopia em utentes referenciados do programa de rastreio do cancro do colon e reto

7 %

Em definição

Em definição

Integração Cuidados

Percentagem de consultas descentralizadas em hepatologia

7 %

Em definição

Em definição

Integração Cuidados

Tempo médio entre primeira observação médica na ­urgência e realização de técnica por gastrenterologista

7 %

Em definição

Em definição

Integração Cuidados

Taxa de utilizadores frequentes (**) (>4) do SU

7 %

Em definição

Em definição



(*) Consideram­-se com TGDT as colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE), ecoendoscopias terapêuticas, dilatações e próteses do tubo digestivo.

(**) Com base nos códigos de diagnóstico de doença hepática e inflamatória intestinal: GDH - grupos de diagnóstico homogéneo; LEC - lista de espera para consulta; SU - serviço de urgência e emergência; TGDT - técnicas de gastrenterologia para diagnóstico e terapêutica; TMRG - tempos máximos de resposta garantidos.

ANEXO III

(a que se refere o n.º 1 do artigo 7.º)

Avaliação do grau de cumprimento de cada indicador do IDE

Critério

Valorização

A condição [A e B] é verdadeira:

A. [resultado do indicador] ≥ [valor mínimo do intervalo esperado]

B. [resultado do indicador] ≤ [valor máximo do intervalo esperado]

100 % da ponderação do indicador.

A condição [(A e B) ou (C e D)] é verdadeira:

A. [resultado do indicador] > [valor mínimo da variação aceitável]

B. [resultado do indicador] < [valor mínimo do intervalo esperado]

C. [resultado do indicador] > [valor máximo do intervalo esperado]

D. [resultado do indicador] < [valor máximo da variação aceitável]

Entre 0 e 100 % da ponderação do indicador, obtida através de uma função linear, na proporção direta ou indireta dos resultados, consoante o tipo de indicador e os resultados estarem acima ou abaixo do intervalo esperado.

A condição [A ou B] é verdadeira:

A. [resultado do indicador] ≤ [valor mínimo da variação aceitável]

B. [resultado do indicador] ≥ [valor máximo da variação aceitável]

0 % da ponderação do indicador.



ANEXO IV

(a que se refere o n.º 1 do artigo 11.º)

Tabela de indicadores dos incentivos institucionais

Dimensão

Indicador

Ponderação

Valores esperados

Variações aceitáveis

Satisfação dos utentes

A negociar entre a entidade do SNS e equipa do CRI

20 %

Definidos na matriz de indicadores

Satisfação dos profis­sionais

A negociar entre a entidade do SNS e equipa do CRI

20 %

Definidos na matriz de indicadores

Melhoria contínua (acesso, qualidade, eficiência ou integração de cuidados)

A negociar entre a entidade do SNS e equipa do CRI

10 %

Definidos na matriz de indicadores

A negociar entre a entidade do SNS e equipa do CRI

10 %

Definidos na matriz de indicadores

A negociar entre a entidade do SNS e equipa do CRI

10 %

Definidos na matriz de indicadores

A negociar entre a entidade do SNS e equipa do CRI

10 %

Definidos na matriz de indicadores

A negociar entre a entidade do SNS e equipa do CRI

10 %

Definidos na matriz de indicadores

A negociar entre a entidade do SNS e equipa do CRI

10 %

Definidos na matriz de indicadores



ANEXO V

(a que se refere o n.º 3 do artigo 11.º)

Critérios e níveis para atribuição de incentivos institucionais e valores de ponderação

Escalão

Resultado

Consequência

Percentagem do valor máximo
por unidade funcional

1.º

< 50

Sem direito a incentivos institucionais - intervenção da entidade do SNS

2.º

≥ 50 e < 75

Sem direito a incentivos institucionais

­–

3.º

≥ 75 e < 95

Direito a incentivos institucionais

Função linear

4.º

≥ 95

Direito a incentivos institucionais

100 %



ANEXO VI

(a que se refere o n.º 4 do artigo 11.º)

Valor dos incentivos (euros)

Número de ETC por CRI

Valor dos incentivos (euros)

< 50 ETC

30 000 €

≥ 50 ETC e < 100 ETC

40 000 €

≥ 100

50 000 €



ETC - equivalente a tempo completo 35 horas semanais.

ANEXO VII

(a que se refere o n.º 4 do artigo 13.º)

Procedimentos para aplicação dos incentivos institucionais

1 - Caso haja lugar à atribuição de incentivos institucionais, o CRI­-Gastro prepara o Plano de Aplicação de Incentivos Institucionais (PAII) a inserir no plano de ação do ano seguinte.

2 - O PAII deve ser elaborado em formulário próprio criado pela entidade do SNS para o efeito.

3 - Entre outra informação, o formulário referido no número anterior, deve prever detalhadamente os bens e serviços a adquirir.

4 - O documento técnico de apoio deve elencar as categorias e a tipologia de bens ou serviços aceites no PAII de forma a evitar que bens distribuídos de forma regular pela entidade do SNS sejam solicitados por esta via.

5 - O documento técnico deve ainda contemplar o processo, os fluxos e as responsabilidades cometidas a cada interveniente no circuito.

6 - Sem prejuízo do previsto nos números anteriores, o documento técnico de apoio deve ainda prever para cada uma das partes (entidade do SNS e CRI­-Gastro) as responsabilidades e os prazos para apresentação, aprovação de documentos, atividades e consequências em caso de incumprimento.

7 - No âmbito da entidade do SNS deve ser designado o responsável pelo acompanhamento da execução do PAII do CRI­-Gastro.

117460152

Anexos

  • Extracto do Diário da República original: https://dre.tretas.org/dre/5679631.dre.pdf .

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  • Tem documento Em vigor 2019-09-04 - Lei 95/2019 - Assembleia da República

    Aprova a Lei de Bases da Saúde e revoga a Lei n.º 48/90, de 24 de agosto, e o Decreto-Lei n.º 185/2002, de 20 de agosto

Ligações para este documento

Este documento é referido nos seguintes documentos (apenas ligações a partir de documentos da Série I do DR):

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