Portaria 745-M/96
de 18 de Dezembro
Considerando o êxito da campanha da juventude «todos diferentes todos iguais»;
Considerando que 1997 é o Ano Europeu do Combate ao Racismo, à Intolerância e à Xenofobia;
Considerando a sensibilidade dos jovens para a promoção de acções que valorizem a diferença como elemento de coesão social;
Considerando a necessidade de apoiar iniciativas que contribuam para a integração e participação de todos numa sociedade mais harmoniosa:
Manda o Governo, pelo Secretário de Estado da Juventude, ao abrigo do n.º 2 do artigo 2.º do Decreto-Lei 70/96, de 4 de Junho, e atendendo ao estabelecido no Decreto-Lei 198/96, de 17 de Outubro, o seguinte:
1.º É criado o Programa Todos Diferentes Todos Iguais.
2.º É aprovado o Regulamento do Programa Todos Diferentes Todos Iguais, que faz parte integrante da presente portaria.
3.º É atribuída a gestão do Programa Todos Diferentes Todos Iguais ao Instituto Português da Juventude (IPJ).
4.º A presente portaria entra em vigor no dia 1 de Janeiro de 1997.
Presidência do Conselho de Ministros.
Assinada em 17 de Dezembro de 1996.
O Secretário de Estado da Juventude, António José Martins Seguro.
REGULAMENTO DO PROGRAMA TODOS DIFERENTES TODOS IGUAIS
Artigo 1.º
Objecto
O Programa Todos Diferentes Todos Iguais, adiante designado por TDTI, tem como objectivo fomentar os valores da paz e da tolerância junto dos jovens, apoiando as actividades e acções que promovam a integração das comunidades migrantes e das minorias étnicas, bem como ainda a promoção de iniciativas que fomentem a multiculturalidade e a inter-relação sócio-cultural entre as comunidades.
Artigo 2.º
Áreas de intervenção
O Programa TDTI compreende as seguintes áreas de intervenção:
a) O voluntariado dirigido à promoção da integração das comunidades migrantes, tendo em vista a melhoria das condições de habitação, o acesso à informação relevante e a prevenção ou resolução de situações de exclusão social;
b) Preparação, elaboração e difusão de materiais integrados nos objectivos globais do Programa, nas modalidades didáctico-informativa ou artística;
c) Debates, colóquios, conferências ou outras actividades que tenham como objectivo central o debate da problemática do racismo, da xenofobia e da intolerância;
d) Animação sócio-cultural que tenha em vista a promoção da inter-relação étnico-cultural.
Artigo 3.º
Entidades promotoras
Podem candidatar-se ao Programa TDTI as seguintes entidades:
a) Associações juvenis inscritas no Registo Nacional das Associações Juvenis (RNAJ) que não beneficiem de apoio, nos termos da Lei 33/87, de 11 de Julho;
b) Grupos informais de jovens;
c) Organizações não governamentais portuguesas (ONG);
d) Entidades privadas que desenvolvam, com carácter permanente, actividades para jovens no combate ao racismo, à xenofobia e à intolerância.
Artigo 4.º
Apresentação dos projectos
1 - As candidaturas serão apresentadas, em impresso próprio, nos serviços centrais e nas delegações regionais do IPJ.
2 - As candidaturas deverão ser apresentadas até 15 dias úteis antes do início das acções projectadas.
Artigo 5.º
Apreciação dos projectos
1 - A análise das candidaturas deverá ser realizada com base nos seguintes critérios:
a) Impacte e relevância da iniciativa proposta, nomeadamente pelo seu carácter formativo e pelos efeitos multiplicadores que origine;
b) Número de participantes envolvidos ou de população abrangida;
c) Participação de jovens no planeamento, organização e realização das acções.
2 - O IPJ apreciará as candidaturas e comunicará a sua decisão no prazo de 10 dias úteis.
3 - O prazo definido no número anterior não se aplica aos projectos referidos no n.º 2 do artigo seguinte.
Artigo 6.º
Apoios
1 - O apoio financeiro a conceder às actividades poderá ascender no máximo até 50% do total do orçamento efectivamente executado, até ao limite de 400000$00.
2 - Em caso de projectos de extraordinário mérito e relevância, o IPJ poderá propor que se ultrapasse os limites do apoio financeiro definido no número anterior.
3 - O subsídio será atribuído em dois momentos:
a) O primeiro, correspondente a 60% do total do apoio, será entregue no início da actividade;
b) Os restantes 40% serão disponibilizados depois de aprovado o relatório.
Artigo 7.º
Deveres das entidades promotoras
Constituem deveres das entidades promotoras:
a) Dar conhecimento ao IPJ das alterações à planificação inicial das iniciativas, caso venham a verificar-se;
b) Apresentar ao IPJ, no prazo de 20 dias úteis após a conclusão do projecto, um relatório final com a discriminação de todas as despesas realizadas, podendo o IPJ, sempre que considere necessário, solicitar a exibição dos respectivos documentos comprovativos;
c) Publicitar de forma visível o apoio do Programa TDTI ao projecto.
Artigo 8.º
Penalizações
1 - A existência de quaisquer irregularidades na aplicação das verbas concedidas, nomeadamente a sua utilização para fins diferentes dos estabelecidos ou acordados, implicará a imediata suspensão do processamento das mesmas, não podendo a entidade beneficiar de qualquer espécie de apoio por um prazo não inferior a dois anos.
2 - A não apresentação do relatório nos termos referidos na alínea b) do artigo anterior implica a reposição do apoio já efectuado e a inelegibilidade de novos projectos ao abrigo deste Programa.
Artigo 9.º
Duração do Programa
O Programa decorrerá até 31 de Dezembro de 1997, devendo as acções ser realizadas até esta data.
Artigo 10.º
Financiamento
A aprovação dos projectos apresentados fica condicionada à dotação orçamental para o Programa TDTI.