Na sequência da renúncia apresentada, nos termos do artigo 27.º do Decreto-Lei 71/2007, de 27 de Março, pelo presidente do conselho de administração do TNSJ, E. P.
E., Dr. Ricardo Pais, que exercia também as funções de director artístico, nos termos do n.º 4 do artigo 6.º dos estatutos do TNSJ, E. P. E., há que proceder à sua substituição por Nuno Carinhas.
Assim:
Consagra-se nos n.os 2 e 5 do artigo 15.º dos citados estatutos que, no caso em que as funções de director artístico não sejam exercidas por um dos membros do conselho administração, o mesmo é nomeado por despacho conjunto dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e da cultura, devendo a sua escolha recair numa personalidade de reconhecido mérito cultural, com perfil, formação e experiência nos domínios da programação e direcção artísticas das respectivas áreas de actuação, e que o respectivo mandato tem a duração de três anos.
Considerando o curriculum vitae de Nuno Carinhas, publicado em anexo, que evidencia um perfil, formação e experiência excepcionalmente adequados para o desempenho do cargo de director artístico do TNSJ, E. P.
E.:
Determina-se o seguinte:
1 - Ao abrigo do disposto nos n.os 2 e 5 do artigo 15.º dos estatutos do TNSJ, E. P. E., anexos ao Decreto-Lei 159/2007, de 27 de Abril, é nomeado, pelo prazo de três anos, para o cargo de director artístico do Teatro Nacional de São João, E. P. E., Nuno Carinhas, com efeitos a partir do dia 1 de Março de 2009.
2 - Nos termos do n.º 6 do mesmo artigo o ora nomeado auferirá 14 mensalidades de remuneração em cada ano, sendo de (euro) 5309 o valor ilíquido de cada mensalidade.
3 - A remuneração mensal referida no número anterior corresponde ao exercício do cargo em regime de exclusividade.
4 - As restantes condições pelo exercício do cargo de director artístico são reguladas por contrato a celebrar entre o TNSJ, E. P. E., e o director artístico ora nomeado.
1 de Abril de 2009. - Pelo Ministro de Estado e das Finanças, Carlos Manuel Costa Pina, Secretário de Estado do Tesouro e Finanças. - O Ministro da Cultura, José António de Melo Pinto Ribeiro.
Síntese Curricular
Nuno Carinhas Nasceu em Lisboa, em 1954.Pintor, cenógrafo, figurinista e encenador. Estudou Pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Leccionou na Escola Superior de Dança de Lisboa, na Escola de Artes e Ofícios do Espectáculo (Chapitô) e no Balleteatro Escola Profissional.
Como encenador, destaca-se o trabalho realizado com estruturas e companhias como o Teatro Nacional São João, Cão Solteiro, ASSÉDIO - Associação de Ideias Obscuras, Ensemble - Sociedade de Actores, Escola de Mulheres - Oficina de Teatro e Novo Grupo/Teatro Aberto.
Mas na lista de companhias e instituições com que colaborou como cenógrafo, figurinista ou encenador contam-se também o Teatro Nacional São Carlos, Teatro Praga, A Barraca, A Escola da Noite, Companhia Olga Roriz, Teatro Bruto, Teatro Nacional D. Maria II, São Luiz Teatro Municipal, Companhia do Chapitô, Os Cómicos, entre muitas outras.
Desenha cenários e figurinos para teatro, dança e cinema, tendo colaborado com criadores como Ricardo Pais, Fernanda Lapa, João Lourenço, Fernanda Alves, Jorge Listopad, Ana Tamen, Paulo Castro, Ana Luísa Guimarães, Vasco Wellenkamp, Paula Massano, Olga Roriz, Paulo Ribeiro, Clara Andermatt, Né Barros, Joaquim Leitão, entre outros.
Dos seus trabalhos de encenação, destacam-se os seguintes:
Amor de Dom Perlimplim com Belisa em Seu Jardim, de Federico García Lorca (ACARTE, 1987) Comédia sobre a Divisa da Cidade de Coimbra, de Gil Vicente (A Escola da Noite, 1993) Fígados de Tigre, de Gomes de Amorim (Chapitô, 1996) As Luzes, de Howard Korder (Teatro Aberto, 1997) O Céu de Sacadura, de Luísa Costa Gomes (TNDM II, Festival dos 100 Dias, 1998) La Dinamica dell'Aqua (Teatro Bruto, 1998) Molly Sweeney, de Brian Friel (Ensemble, 1999) Aguantar (Cão Solteiro, 1999) O Fantástico Francis Hardy, Curandeiro, de Brian Friel (ASSéDIO, 2000) Furiosa Tempestade (Cão Solteiro, 2000) L'Amore Industrioso, ópera de João de Sousa Carvalho (Casa da Música, Rivoli Teatro Municipal, Orquestra Nacional do Porto, 2001) Dama d'Água, de Frank McGuinness (Ensemble, 2001) Tia Dan e Limão, de Wallace Shawn (ASSéDIO, ANCA e TNSJ para o PoNTI/Porto 2001) Abu Hassan e Adina, óperas de Carl Maria von Weber e Gioachino Rossini (Teatro Nacional de São Carlos, 2002) II. Obscuridade (Cão Solteiro, 2003) A Floresta, ópera para a infância de Eurico Carrapatoso, a partir de A Floresta de Sophia de Mello Breyner Andresen (Teatro Nacional São Carlos, São Luiz Teatro Municipal, Teatro Viriato e Teatro Aveirense, 2004) Bernardo Bernarda (Escola de Mulheres, 2005) Michaux - Cara de Boca Perdida, de Michaux (Cão Solteiro, 2006) Omnisciência, de Tim Carlson (Teatro Aberto, 2008) O Concerto de Gigli, de Tom Murphy (ASSÉDIO, 2008) Destaque ainda para a criação, com Sofia Ferrão, de Geografias e Tratados (Shall We Dance IV, Teatro Praga, 2007). No Teatro Nacional São João, encenou os seguintes espectáculos:
O Grande Teatro do Mundo, de Calderón de la Barca (1996) O Belo Indiferente, de Jean Cocteau (1997) A Ilusão Cómica, de Pierre Corneille (1999) Uma Peça Mais Tarde + O Jogo de Ialta, de Brian Friel (Escola de Mulheres, TNSJ, 2003) Sónia & André [Leituras Encenadas], a partir de Anton Tchékhov (Escola de Mulheres, TNSJ, 2003) Anfitrião ou Júpiter e Alcmena, de António José da Silva (2004) O Tio Vânia, de Anton Tchékhov (ASSéDIO, Ensemble, TNSJ, 2005) Arte da Conversação + Nunca Nada de Ninguém [Leituras Encenadas], de Luísa Costa Gomes (2006) Todos os que Falam, a partir de quatro "dramatículos" de Samuel Beckett (ASSéDIO, Ensemble, TNSJ, 2006) Beiras (2007), a partir de três peças de Gil Vicente Actos de Rua (Portogofone 2007) Ainda no TNSJ, assinou a cenografia e figurinos de Cabelo Branco é Saudade (2005) e de Hamlet (2002), espectáculos de Ricardo Pais, a cenografia de O Triunfo do Amor, de Marivaux, enc. João Pedro Vaz (ASSéDIO, TNSJ, 2002), e os figurinos de A Tragicomédia de Dom Duardos, de Gil Vicente, enc. Ricardo Pais (1996), Vermelhos, Negros e Ignorantes, de Edward Bond, enc.
Paulo Castro (1998), e Arranha-céus, de Jacinto Lucas Pires, enc. Ricardo Pais (Teatro Bruto, TNSJ, 1999), estes dois últimos em parceria com Cláudia Ribeiro e Ana Luena, respectivamente.
Merece particular destaque a apresentação internacional de Todos os que Falam, encenação de quatro "dramatículos"
de Samuel Beckett. Apresentado no Teatrul Bulandra, em Bucareste, em Novembro de 2008, o espectáculo foi escolhido para integrar o cartaz do XVII Festival da União dos Teatros da Europa.
Assinalem-se finalmente as experiências realizadas no âmbito da escrita para cena e do cinema. Em 2000, realizou a curta-metragem Retrato em Fuga (Produções OFF) e, no ano seguinte, escreveu Uma Casa Contra o Mundo, texto encenado por João Paulo Costa (Ensombre, 2001).