Portaria 1469/2004
   
   de 20 de Dezembro
   
   O arquivo de um organismo além de ser a memória da instituição é um  instrumento de apoio à tomada de decisão e à comprovação dos factos, sendo a  conservação dos documentos determinada por imperativos de natureza  administrativa, legal ou fiscal.
  
O grande acervo documental acumulado pelo Gabinete do Secretário de Estado dos Assuntos Europeus (GSEAE) e pela Direcção-Geral dos Assuntos Comunitários (DGAC) justifica a avaliação, selecção, preservação e valorização do património arquivístico através de um sistema de gestão que permita a determinação de prazos de conservação, a eliminação dos documentos sem valor arquivístico e a conservação daqueles que possuam interesse histórico, cultural, científico, administrativo ou outro atendível.
Nestes termos, ao abrigo do artigo 1.º do Decreto-Lei 447/88, de 10 de Dezembro, os Ministros dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades Portuguesas e da Cultura, ouvido o Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, determinam o seguinte:
1.º É aprovado o Regulamento Arquivístico do Gabinete do Secretário de Estado dos Assuntos Europeus e da Direcção-Geral dos Assuntos Comunitários, anexo à presente portaria e da qual faz parte integrante.
   2.º A presente portaria entra em vigor no dia imediato ao da sua publicação.
   
   Em 16 de Novembro de 2004.
   
   O Ministro dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades Portuguesas, António  Victor Martins Monteiro. - A Ministra da Cultura, Maria João Espírito Santo  Bustorff Silva.
  
   
   REGULAMENTO ARQUIVÍSTICO DO GABINETE DO SECRETÁRIO DE ESTADO DOS ASSUNTOS  EUROPEUS E DA DIRECÇÃO-GERAL DOS ASSUNTOS COMUNITÁRIOS.
  
   1.º
   
   Âmbito de aplicação
   
   O presente Regulamento é aplicável à documentação produzida e recebida, no  âmbito das suas atribuições e competências, pelo Gabinete do Secretário de  Estado dos Assuntos Europeus, adiante designado por GSEAE, e pela  Direcção-Geral dos Assuntos Comunitários, adiante designada por DGAC.
  
   2.º
   
   Avaliação
   
   1 - O processo de avaliação dos documentos dos arquivos do GSEAE e da DGAC tem  por objectivo a determinação do seu valor para efeitos da respectiva  conservação permanente ou eliminação, findos os respectivos prazos de  conservação, em fase activa e semiactiva.
  
2 - É da responsabilidade do GSEAE e da DGAC a atribuição dos prazos de conservação dos documentos em fase activa e semiactiva.
3 - Os prazos de conservação são os que constam da tabela de selecção, anexo I da presente portaria.
4 - Os referidos prazos de conservação são contados a partir do momento em que os processos, colecções, registos ou dossiers encerram em termos administrativos e não há qualquer possibilidade de serem reabertos.
5 - Cabe ao Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, adiante designado por IAN/TT, a determinação do destino final dos documentos, sob proposta do GSEAE e da DGAC.
   3.º
   
   Selecção
   
   1 - A selecção dos documentos a conservar permanentemente em arquivo  definitivo deve ser efectuada pelo GSEAE e pela DGAC de acordo com as  orientações estabelecidas na tabela de selecção.
  
2 - Os documentos aos quais for reconhecido valor arquivístico devem ser conservados em arquivo no suporte original, excepto nos casos cuja substituição seja previamente autorizada nos termos do n.º 4 do n.º 10.º
   4.º
   
   Tabela de selecção
   
   1 - A tabela de selecção consigna e sintetiza as disposições relativas à  avaliação documental.
  
2 - A tabela de selecção deve ser submetida a revisões, com vista à sua adequação às alterações da produção documental.
3 - Para efeitos do disposto no n.º 2, devem o GSEAE e a DGAC obter parecer favorável do IAN/TT, enquanto organismo coordenador da política arquivística nacional, mediante proposta devidamente fundamentada.
   5.º
   
   Remessas para arquivo intermédio
   
   1 - Findos os prazos de conservação em fase activa, a documentação com  reduzidas taxas de utilização deverá, de acordo com o estipulado na tabela de  selecção, ser remetida do arquivo corrente para o arquivo intermédio.
  
2 - As remessas dos documentos para arquivo intermédio devem ser efectuadas de acordo com a periodicidade que o GSEAE e a DGAC vierem a determinar.
   6.º
   
   Remessas para arquivo definitivo
   
   1 - Os documentos e ou a informação contida em suporte micrográfico cujo valor  arquivístico justifique a sua conservação permanente, de acordo com a tabela  de selecção, deverão ser remetidos para arquivo definitivo após o cumprimento  dos respectivos prazos de conservação.
  
2 - As remessas não podem pôr em causa a integridade dos conjuntos documentais.
3 - Os documentos com valor secundário ou histórico serão periodicamente entregues à guarda de uma instituição arquivística vocacionada para a conservação permanente deste património, o Serviço de Arquivo Histórico-Diplomático, do Ministério dos Negócios Estrangeiros, mediante celebração de protocolo.
   7.º
   
   Formalidades das remessas
   
   1 - As remessas dos documentos mencionados nos n.os 5.º e 6.º devem obedecer  às seguintes formalidades:
  
   a) Serem acompanhadas de um auto de entrega a título de prova;
   
   b) O auto de entrega deve ter em anexo uma guia de remessa destinada à  identificação e controlo da documentação remetida, obrigatoriamente rubricada  e autenticada pelas partes envolvidas no processo;
  
c) A guia de remessa será feita em triplicado, ficando o original no serviço destinatário, sendo o duplicado devolvido ao serviço de origem;
d) O triplicado será provisoriamente utilizado no arquivo intermédio ou definitivo como instrumento de descrição documental, após ter sido conferido e completado com as referências topográficas e demais informação pertinente, só podendo ser eliminado após a elaboração do respectivo inventário.
2 - Os modelos referidos nas alíneas anteriores são os que constam do anexo II da presente portaria.
   8.º
   
   Eliminação
   
   1 - A eliminação dos documentos aos quais não for reconhecido valor  arquivístico, não se justificando a sua conservação permanente, deve ser  efectuada logo após o cumprimento dos respectivos prazos de conservação  fixados na tabela de selecção. A sua eliminação poderá, contudo, ser feita  antes de decorridos os referidos prazos desde que os documentos sejam  microfilmados de acordo com as disposições do n.º 10.º
  
2 - Sem embargo da definição dos prazos mínimos de conservação estabelecidos na tabela de avaliação e selecção, as instituições podem conservar por prazos mais dilatados, a título permanente ou temporário, global ou parcialmente, as séries documentais que entenderem, desde que não prejudique o bom funcionamento dos serviços.
3 - A eliminação dos documentos que não estejam mencionados na tabela de selecção carece de autorização expressa no IAN/TT.
4 - A eliminação dos documentos aos quais tenha sido reconhecido valor arquivístico (conservação permanente) só poderá ser efectuada desde que os documentos sejam microfilmados de acordo com as disposições do n.º 10.º
5 - A decisão sobre o processo de eliminação deve atender a critérios de confidencialidade e racionalidade de meios e custos.
   9.º
   
   Formalidades da eliminação
   
   1 - As eliminações dos documentos mencionados no n.º 8.º devem obedecer às  seguintes formalidades:
  
a) Serem acompanhadas de um auto de eliminação, que fará prova do abate patrimonial;
b) O auto de eliminação deve ser assinado pelo dirigente do serviço ou organismo em causa, bem como pelo responsável do arquivo;
c) O referido auto será feito em duplicado, ficando o original no serviço que procede à eliminação, sendo o duplicado remetido para o IAN/TT para conhecimento.
   2 - O modelo consta do anexo III da presente portaria.
   
   10.º
   
   Substituição do suporte
   
   1 - A substituição de documentos originais, em suporte de papel, por  microfilme deverá ser realizada quando funcionalmente justificável.
  
2 - A microfilmagem é feita na observância das normas técnicas definidas pela ISO (International Organization for Standardization) de forma a garantir a integridade, autenticidade, segurança e durabilidade da informação no novo suporte.
3 - Das séries de conservação permanente é feita uma matriz (negativa de sais de prata - 1.ª geração, com valor de original), um duplicado de trabalho realizado a partir da matriz (positivo em sais de prata - 2.ª geração) e uma cópia de consulta, podendo esta ser efectuada em suporte digital. Das séries que tenham como destino final a eliminação é feita uma matriz em sais de prata e uma cópia de consulta.
4 - Os microfilmes não podem sofrer cortes ou emendas nem apresentar rasuras ou quaisquer outras alterações que ponham em causa a sua integridade e autenticidade.
5 - Os microfilmes deverão conter termos de abertura e encerramento, autenticados com assinatura e carimbo do responsável da instituição detentora da documentação e da entidade responsável pela execução da transferência de suportes. Estes deverão conter a descrição dos documentos e todos os elementos técnicos necessários ao controlo de qualidade definidos pela ISO.
   6 - De todos os rolos produzidos deverá ser elaborada:
   
   a) Ficha descritiva com os dados relativos à documentação microfilmada;
   
   b) Ficha de controlo de qualidade, óptico, físico, químico e arquivístico do  novo suporte documental produzido.
  
7 - As matrizes e os duplicados em sais de prata das séries de conservação permanente deverão ser acondicionados em materiais adequados e armazenados em espaços próprios, com temperatura, humidade relativa e qualidade de ar controladas, de acordo com o exigido pela ISO para microfilmes de conservação permanente.
8 - Os procedimentos da microfilmagem deverão ser definidos em regulamento interno, tendo em consideração os pontos acima referidos.
9 - As cópias obtidas a partir de microcópia autenticada têm a força probatória do original, nos termos do disposto no artigo 3.º do Decreto-Lei 447/88, de 10 de Dezembro.
10 - Nos termos do n.º 2 do artigo 5.º do Decreto-Lei 121/92, de 2 de Julho, a substituição de suporte de documentação de conservação permanente apenas será possível mediante autorização expressa do organismo coordenador da política arquivística, a quem competirá a definição dos seus pressupostos técnicos.
11 - O IAN/TT, na sua acção fiscalizadora, reserva-se o direito de realizar testes aos filmes executados.
   11.º
   
   Acessibilidade e comunicabilidade
   
   O acesso e comunicabilidade dos arquivos do GSEAE e da DGAC atenderão a  critérios de confidencialidade da informação, definidos internamente, em  conformidade com a lei geral.
  
   12.º
   
   Fiscalização
   
   Compete ao IAN/TT a inspecção sobre a execução do disposto na presente  portaria.
  
   13.º
   
   Entrada em vigor
   
   Esta portaria entra em vigor no dia imediato ao da sua publicação.
   
   Do ANEXO I ao ANEXO III
   
   (ver anexos no documento original)