Sumário: Nomeia o diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, E. P. E., para o triénio 2021-2023.
Os Estatutos do Teatro Nacional D. Maria II, E. P. E. (TNDM II, E. P. E.), aprovados em anexo ao Decreto-Lei 158/2007, de 27 de abril, dispõem nos n.os 2 e 5 do artigo 15.º, que o diretor artístico é nomeado por despacho conjunto dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e da cultura, devendo a sua escolha recair numa personalidade de reconhecido mérito cultural, com perfil, formação e experiência nos domínios da programação e direção artísticas das respetivas áreas de atuação, e que o respetivo mandato tem a duração de três anos, podendo ser renovado;
Considerando a qualidade e a consistência do trabalho desenvolvido, desde 2015, pelo encenador e ator Tiago Rocha Rodrigues na direção artística do TNDM II, E. P. E., amplamente reconhecida e sustentada num percurso profissional de elevada experiência, evidenciada na sua nota curricular, que se anexa, julga-se de manter uma linha de continuidade na programação do TNDM II, E. P. E.;
Assim, ao abrigo da alínea c) do n.º 5 do artigo 23.º do Decreto-Lei 169-B/2019, de 3 de dezembro, que aprova o regime da organização e funcionamento do XXII Governo Constitucional, na sua versão atual, e nos termos do artigo 15.º dos Estatutos do TNDM II, E. P. E., aprovados em anexo ao Decreto-Lei 158/2007, de 27 de abril, determina-se:
1 - Nomear diretor artístico do TNDM II, E. P. E., Tiago Rocha Rodrigues, para o triénio 2021-2023.
2 - Fixar a remuneração mensal de 5000 (euro) (14 meses/ano).
3 - Estabelecer despesas de representação com o limite de 300 (euro)/mês, direito a uso de telemóvel, com plafond de 120 (euro)/mês, e viatura quando a mesma estiver disponível.
4 - Em execução do presente despacho deve ser celebrado um contrato entre o TNDM II, E. P. E., e Tiago Rocha Rodrigues, podendo ainda ser celebrado um contrato de trabalho em comissão de serviço, nos termos previstos no artigo 161.º e seguintes do Código do Trabalho, para o exercício das funções de adjunto do Diretor Artístico com retribuição a determinar pelo Conselho de Administração do TNDM II, E. P. E.
5 - O presente despacho produz efeitos a 1 de janeiro de 2021.
12 de fevereiro de 2021. - O Ministro de Estado e das Finanças, João Rodrigo Reis Carvalho Leão. - A Ministra da Cultura, Graça Maria da Fonseca Caetano Gonçalves.
Nota Curricular
Tiago Rocha Rodrigues
Nasceu em Lisboa, em 17 de fevereiro 1977.
Encenador e ator, foi o diretor artístico da companhia Mundo Perfeito onde, durante a última década, criou mais de 30 peças apresentadas em mais de 15 países da Europa, América do Sul, Médio Oriente e Ásia. Colaborou ainda com outras companhias e artistas portugueses e internacionais, através da escrita, do ensino e da curadoria.
Desenvolveu projetos inovadores entre o teatro e outras diferentes realidades, disciplinas artísticas e áreas da sociedade, nomeadamente no âmbito dos projetos relacionados com «O que se leva desta vida»; «Se uma janela se abrisse», «Hotel Lutécia», a «Yesterdays Man»; «Três dedos abaixo do joelho» e «Interpretação», bem como apresentou espetáculos no Kunstenfestivaldesarts de Bruxelas e no Festival d'Automne à Paris.
Ingressou na Escola Superior de Teatro, e trabalhou com a companhia belga tg STAN, com a qual continua a colaborar desde 1998, tendo cocriado e interpretado espetáculos em inglês e francês apresentados em mais de 20 países.
Como ator colaborou com os Artistas Unidos e com o coletivo SubUrbe, tendo ao mesmo tempo dirigido criativamente vários programas de televisão alternativos, entre os quais o «Zapping», como argumentista para televisão com as Produções Fictícias e como cronista em vários jornais como o Diário de Notícias, o semanário Expresso e A Capital.
Em 2003, criou a estrutura Mundo Perfeito em conjunto com Magda Bizarro, onde desenvolveu um trabalho baseado na colaboração artística e nos processos coletivos, criando uma grande quantidade de espetáculos num curto período de tempo, e realizou digressões em países como Portugal, Bélgica, Brasil, Eslovénia, Espanha, França, Finlândia, Holanda, Hungria, Itália, Líbano, Noruega, Reino Unido, Suécia, Suíça e Singapura.
Além de cocriações internacionais como «Berenice», foi coautor de espetáculos com alguns dos mais relevantes criadores portugueses.
Levou à cena textos inéditos de autores internacionais como «Tim Etchells» ou «Nature Theatre of Oklahoma», tal como de dezenas de autores portugueses, entre os quais se destacam José Luís Peixoto, Jacinto Lucas Pires, José Maria Vieira Mendes ou Miguel Castro Caldas.
A partir de 2003, desempenhou funções de professor convidado na escola de dança contemporânea PARTS, em Bruxelas, dirigida pela coreógrafa Anne Teresa De Keersmaeker, bem como ministrou aulas em diversas escolas de teatro e dança em Portugal, entre as quais a Universidade de Évora, ESMAE, ETIC, Fórum Dança, Balleteatro e Escola Superior de Dança de Lisboa, assim como no estrangeiro, inclusive em programas universitários como o mestrado «The Autonomous Actor» em Estocolmo, ou dirigindo workshops para atores nos teatros onde também faz digressão, como são os casos de Bilbau, Bucareste e Ghent.
A partir de 2010, e sem prejuízo de outras colaborações artísticas, passou a criar as suas próprias peças, nomeadamente «Se uma janela se abrisse», escreveu e dirigiu «Tristeza e Alegria na Vida das Girafas»; «Três dedos abaixo do joelho», o monólogo «By heart», e «Bovary». Obras que foram objeto de distinções e reconhecimentos vários.
As suas peças têm sido representadas por outras companhias, em Portugal e no estrangeiro.
Foi também organizador e promotor do trabalho de outros artistas, congregando diferentes vontades à volta dos projetos que coordena. No Mundo Perfeito, criou e coordenou o projeto «Urgências», entre 2004 e 2007, que promoveu a nova dramaturgia portuguesa e levou à cena mais de 20 textos inéditos de autores portugueses. Também no Mundo Perfeito, coordenou também o projeto «Estúdios» que, ao longo de cinco edições, entre 2008 e 2012, promoveu a colaboração entre artistas portugueses e estrangeiros, dando origem a colaborações artísticas que ainda hoje estão a ser desenvolvidas.
Ainda no Mundo Perfeito, dirigiu o projeto «Influências», em 2010, que incluiu duas novas peças de dois artistas emergentes. No Teatro Maria Matos, coprogramou o evento «Noite do Manifesto». A «Maratona 10 anos, 10 horas», que a sua companhia Mundo Perfeito organizou juntamente com a companhia Mala Voadora em 2013, incluiu a participação de mais de 60 artistas portugueses e estrangeiros e foi nomeada para o Prémio Time Out na categoria de Evento do Ano. Tiago Rodrigues foi também o curador português do projeto europeu de laboratório artístico TRY ANGLE, apoiado pelo Culture Programme da UE, liderado por O Espaço do Tempo, em parceria com a Tanzhaus de Dusseldorf e o Théâtre des Bernardines em Marselha, contando com a participação de 60 artistas de países da União Europeia, da região dos Balcãs e do Médio Oriente. Tiago Rodrigues também desenvolveu o seu trabalho como ator e argumentista para cinema e televisão.
Escreveu o argumento e também foi ator da minissérie «Noite Sangrenta» e a sua peça de teatro «Coro dos amantes» foi também adaptada ao cinema, numa curta-metragem com o mesmo nome.
É autor de artigos de reflexão e ensaios para publicações como o Jornal de Letras ou o magazine de filosofia De Streven, assim como para revistas de artes performativas como a belga Etcetera ou a portuguesa Boa União.
Os seus artigos de reflexão sobre artes performativas, ensino ou políticas culturais estão também publicados em diversas antologias e coletâneas, nomeadamente Rosas/Anne Teresa De Keersmaeker, o catálogo do laboratório europeu TRY ANGLE (do qual foi curador), o volume que celebra os 10 anos da escola de dança contemporânea P.A.R.T.S. ou «Sinais de Fumo, conversas para além da crise».
É, desde janeiro de 2015, diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, E. P. E.
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