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Despacho 18594/2002, de 22 de Agosto

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Despacho 18 594/2002 (2.ª série). - Sob proposta da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, foi, pela deliberação do senado n.º 59/02, de 10 de Julho, aprovado o seguinte:

I.1.1) Objectivos e perfil da licenciatura.

A licenciatura em Estudos Artísticos visa conceder formação em áreas que, até ao momento, não são cobertas de modo sistemático e aprofundado, ao nível da graduação, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Permitirá, assim, na linha do atrás exposto, abrir a docência e a investigação na Faculdade a um conceito mais amplo de humanidades consonante com a reconfiguração dos saberes contemporâneos, incorporando no horizonte académico dimensões inovadoras. Por outro lado, a licenciatura proposta distingue-se, com clareza, de outros cursos da sua área pelo facto de não visar uma formação virada para a prática artística e de carácter directamente profissionalizante, como os conservatórios ou as diferentes escolas profissionais, mas, de acordo com a vocação universitária, antes visar uma abordagem pluridisciplinar e integrada das artes numa perspectiva científica e cultural ampla.

Os planos de estudo evidenciam o propósito de combinar a perspectiva histórica com a análise da produção artística na sua respectiva especificidade estética. Como uma leitura desses planos e sua fundamentação poderá demonstrar, não se descura a relação com a prática artística. Esta está, nomeadamente, contemplada na disciplina designada por Oficina de Artes, que acompanha todos os anos do curso e é obrigatória para todas as variantes. Também as diferentes especialidades, embora com acentos diversos, incluem uma vertente virada para a prática artística. Outros aspectos, como a programação e gestão culturais, não foram esquecidos. Também as vertentes tecnológicas estão devidamente integradas no plano de estudos. No conjunto, porém, combina-se a relação com a prática com a aquisição de uma ampla base estética e cultural, conjugando a formação mais especializada com uma formação de âmbito mais geral, sempre num contexto de transversalidade multidisciplinar.

A presença de um conjunto (correspondente a cinco ou seis disciplinas semestrais, conforme os casos) de possibilidades de opção permitirá aos alunos o aprofundamento das suas competências na área disciplinar dos Estudos Artísticos ou, em alternativa, a aquisição de competências noutras áreas oferecidas na Faculdade ou na Universidade.

O plano de estudos da licenciatura organiza-se de acordo com a lógica a que se tem convencionado chamar de banda larga. Para tal, optou-se por deferir o momento da opção por uma das vias de especialização para o 5.º semestre. Os quatro primeiros semestres - de acordo, aliás, com o sentido da reestruturação global em curso das licenciaturas oferecidas pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra - constituem um tronco comum; a partir do 5.º semestre o aluno poderá optar por uma de três especializações (música, teatro, cinema). Para garantir uma repartição adequada, nenhuma das três áreas poderá receber mais de 40% do total dos alunos inscritos.

Uma análise dos curricula permitirá facilmente concluir pelo carácter inovador da licenciatura proposta, que não tem exacto equivalente em nenhuma outra licenciatura oferecida no País. Os licenciados em Estudos Artísticos serão detentores de uma formação especializada (a aprofundar, desejavelmente, através da pós-graduação), mas uma formação que não é de via única, antes está assente numa base que habilitará os alunos à intervenção prática em diversos campos das artes e encoraja, na sua organização, a fertilização mútua entre áreas e perspectivas plurais.

1.2) Condições científicas e pedagógicas; infra-estruturas e recursos materiais.

Como já foi referido, a Faculdade de Letras dispõe, entre o seu corpo docente, de recursos nas várias áreas cuja qualificação excede largamente o requerido na legislação em vigor e também no anteprojecto de decreto-lei que visa aprovar o regime jurídico de criação, alteração, suspensão e extinção de cursos de ensino superior. Um conjunto amplo de disciplinas será assegurado por docentes dos grupos de Línguas e Literaturas Clássicas e Modernas, História e Filosofia. Em relação a matérias específicas, haverá que recorrer, de modo faseado, à contratação de especialistas, em regime de tempo integral ou de tempo parcial. Para esse fim, a Faculdade poderá vir a celebrar eventuais convénios ou protocolos com outras instituições, a exemplo do protocolo já assinado, a 16 de Janeiro de 2002, com a Associação Belgais, dirigida por Maria João Pires. As necessidades de contratação e outras estarão cobertas pelo orçamento de funcionamento do curso, de acordo com a ratio padrão que vier a ser estabelecida.

O funcionamento pedagógico da licenciatura obedecerá aos critérios vigentes na Faculdade quanto à divisão em turmas, avaliação de conhecimentos, período lectivo, etc.

Exceptuando as ressalvas a indicar para cada área, as disciplinas da licenciatura poderão constituir disciplinas de opção para alunos de outras licenciaturas da Faculdade de Letras e de outras faculdades da Universidade de Coimbra.

Como já atrás foi referido, a Faculdade, para além globalmente de muito bons fundos bibliográficos e de recursos informáticos de bom nível, dispõe, em relação a qualquer dos domínios contemplados, de recursos muito substanciais (bibliotecas, fundos arquivísticos, meios audiovisuais), que permitirão a abertura da licenciatura sem necessidade de investimentos avultados neste âmbito. Existem, de qualquer modo, condições para que novas necessidades vão sendo, gradualmente, satisfeitas.

1.3) Viabilidade e continuidade da procura.

O Ministério da Educação tem vindo, insistentemente, a referir a área das artes como uma área prioritária de desenvolvimento, de acordo, aliás, com repetidas orientações comunitárias. A reforma do ensino básico e secundário prevê, já a partir do ano lectivo 2001-2002, o ensino artístico no 7.º ano de escolaridade (Decreto-Lei 6/2001, de 18 de Janeiro). A partir do 10.º ano existirá um curso geral de Artes do Espectáculo. Esta tendência para o alargamento da área do ensino artístico no ensino básico e secundário não apenas criará condições para o aumento, nesta área, das saídas profissionais no ensino mas também irá potenciar, seguramente, a formação de eventuais candidatos à licenciatura.

O reforço da educação artística no ensino básico e secundário, a cada vez maior sensibilidade de pais e educadores para a área da formação artística (v., por exemplo, a expansão sem precedentes da aprendizagem musical) e, concomitantemente, a explosão contemporânea do campo das artes, oferecendo inúmeras vias, a um tempo plurais e intercomunicantes, de realização e de expressão às camadas mais jovens, tudo isto aponta para a existência sustentada de um vasto número de potenciais interessados numa licenciatura em Estudos Artísticos.

Sem prejuízo do relacionamento com a produção artística do conjunto do País, em especial nos centros mais importantes, irá ser de grande importância não apenas no âmbito da procura da licenciatura mas também do desenvolvimento desta, a exploração de sinergias com grupos da cidade e da região, no âmbito universitário e fora dele. Refira-se que a introdução da área dos Estudos Artísticos nos curricula da Universidade de Coimbra constitui uma velha aspiração, repetidamente manifestada, de vários desses grupos e de diversas entidades de relevo na vida cultural da cidade e da região. A existência do próprio curso poderá, aliás, ter, a médio prazo, influência no surgimento de novos projectos, o que não deixará certamente de constituir um meio relevante de projecção da Faculdade de Letras.

1.4.) Saídas profissionais.

São múltiplas (e em expansão) as saídas profissionais que estarão à disposição dos diplomados por esta licenciatura. A opção por uma das três áreas de especialidade permite o acesso a áreas muito diversas do campo das artes e da cultura, entre outras: programação e gestão cultural; animação cultural; jornalismo cultural; mundo da edição; indústrias culturais em geral, com destaque para o domínio do audiovisual; produção de conteúdos multimédia; sectores culturais das autarquias ou das empresas; funções junto de companhias, associações ou outras instituições ligadas ao teatro, música e cinema; arquivos e museus. Paralelamente, abre-se também a possibilidade de uma carreira no âmbito da investigação científica. Ao mesmo tempo, o modelo de formação interdisciplinar seguido pela licenciatura não poderá deixar de constituir um valioso argumento curricular adicional num mercado de trabalho competitivo em que a capacidade de polivalência irá ter crescente significado.

1.5) Adequação à rede pública de estabelecimentos de ensino.

Como foi já referido, o modelo de licenciatura que agora se propõe diferencia-se muito claramente de cursos oferecidos por outras instituições de ensino superior do País, como a licenciatura em Ciências Musicais, da Universidade Nova de Lisboa, ou a licenciatura em Música e a licenciatura em Estudos Teatrais, da Universidade de Évora.

Também a licenciatura em Artes do Espectáculo, a iniciar em 2002-2003 na Universidade de Lisboa, tem um escopo substancialmente diferente. Na região centro podem mencionar-se o Curso Superior de Teatro, da Escola Superior de Educação de Coimbra, e a licenciatura em Ensino da Música, da Universidade de Aveiro, além, naturalmente, dos conservatórios de música. Mas nenhum destes cursos partilha da filosofia ou abrange o âmbito multifacetado da licenciatura proposta. É lícito, pois, concluir que esta licenciatura vem enriquecer nitidamente a oferta de âmbito universitário no âmbito dos Estudos Artísticos, sem se sobrepor aos cursos já existentes, antes introduzindo tónicas até ao momento inexistentes, mas cuja justificação científico-pedagógica nos parece incontroversa. Estamos convictos de que esta licenciatura, uma vez iniciada, irá constituir um pólo de atracção importante e terá um papel relevante a desempenhar na resposta da Faculdade de Letras e da Universidade de Coimbra às solicitações que lhes chegam da sociedade em que estão inseridas.

II - Organização dos planos de estudo.

II.1 - Aspectos gerais.

Apresentam-se a seguir os planos de estudo propostos, acompanhados de uma apresentação e justificação relativa a cada disciplina. A organização do curso será semestral, utilizando-se o sistema de créditos ECTS. Total de unidades de crédito:

Tronco comum+áreas de especialidade=240 unidades de crédito ECTS;

Número de vagas=60;

Requisitos de ingresso=aprovação numa das seguintes disciplinas: Português, História, Matemática, Sociologia ou Língua Estrangeira;

Pré-requisitos para a especialização em Música (3.º e 4.º anos)=certificado de um curso complementar de música ou prova de aptidão comprovativa de conhecimentos musicais.

II.2 - Tronco comum.

II.2.1 - Planos de estudo.

1.º ano/1.º semestre:

Culturas Antigas;

Metodologia do Trabalho Científico;

Estética;

Cultura Portuguesa;

Oficina de Artes I;

Opção;

1.º ano/2.º semestre:

Culturas Medievais;

Tecnologias Audiovisuais nas Artes;

Semiótica do Texto e da Imagem;

Problemas de Interpretação;

Sociologia do Espectáculo;

Opção;

2.º ano/3.º semestre:

Culturas Modernas;

História da Música I;

História do Teatro I;

Fundamentos da Crítica;

Oficina de Artes II;

Opção;

2.º ano/4.º semestre:

Culturas Contemporâneas;

História da Música II;

História do Teatro II;

História do Cinema;

Programação e Gestão Culturais;

Opção.

Créditos ECTS por disciplina: 5.

Opções: podem ser escolhidas livremente, de entre todas as oferecidas aos alunos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

II.2.2 - Conteúdo das disciplinas.

Culturas Antigas, Culturas Medievais, Culturas Modernas e Culturas Contemporâneas. - Estas cadeiras devem incentivar a investigação na área da história cultural e situar materialmente o fenómeno da produção artística. Propiciam um contacto geral com a complexidade cultural de cada época, chamando a atenção não só para a sua especificidade mas também para aspectos prático-evolutivos, como a dinâmica, continuidade e ruptura. Pretendem proporcionar uma visão que transcenda a realidade europeia, numa óptica multicultural.

Metodologia do Trabalho Científico. - A disciplina orienta os alunos nos caminhos do estudo universitário (uma formação que é também auto-formação) e nos problemas da investigação científica (desde a recolha de bibliografia e documentação até à preparação e apresentação de trabalhos).

Estética. - Disciplina de iniciação à problemática estética numa dupla dimensão: como pensamento da relação sensível e como pensamento da arte e das artes. A disciplina desenvolve, pela primeira via, a sua matriz histórico-etimológica e, pela segunda via, a sua configuração histórico-especulativa.

Cultura Portuguesa. - Através do estudo de algumas questões relevantes numa concepção histórica de cultura portuguesa (cuja escolha e modalidade de desenvolvimento competirá ao respectivo docente), a disciplina procura ir ao encontro da cultura portuguesa como problema, que é, em si mesmo, um dos tópicos recorrentes da intelectualidade portuguesa moderna.

Oficina de Artes (I, II, III, IV). - Sob esta designação propõe-se um espaço e um tempo transdisciplinares que constituam oportunidade para encontros vivos com as artes no processo de se fazerem. Pelo menos dois docentes organizarão um conjunto de actividades (visitas a locais de produção artística; museus; encontros com compositores, intérpretes, dramaturgos, encenadores, cineastas, actores; espectáculos e concertos; oficinas de sensibilização às práticas artísticas, etc.) que acompanharão alunos ao longo de toda a licenciatura.

Tecnologias Audiovisuais nas Artes. - Esta cadeira tem por objectivo dar a conhecer e actualizar o fenómeno da interacção das diversas tecnologias e a produção artística, proporcionando igualmente uma perspectiva tão completa quanto possível da história dessa contribuição até ao presente, em que a tecnologia pode constituir-se como arte.

Semiótica do Texto e da Imagem. - Esta cadeira deverá proporcionar o domínio das linguagens de análise crítica e os instrumentos de leitura semiológica dos vários tipos de discurso a que recorrem as artes do espectáculo. Parte pois do entendimento do fenómeno cultural de expressão artística como cruzamento de leituras de um texto múltiplo e interactivo.

Problemas de Interpretação. - Esta cadeira incidirá sobre a produção de sentido pelas várias instâncias de apropriação, tradução e produção envolvidas em qualquer modalidade de expressão artística, seja ela teatral ou espectacular, musical ou fílmica. Tomando o conceito de espectáculo como uma estrutura relacional, colectiva e dinâmica, com uma especificidade própria, o curso deverá abordar um estudo integrado de todos os códigos de produção de sentido, incluindo, por exemplo, a obra de partida, a planificação do espectáculo, a encenação, a realização ou direcção musical, a interpretação e forma de representar, o espaço e a arquitectura da sala ou local de apresentação e o público.

Sociologia do Espectáculo. - Pressupondo elementos básicos de investigação sociológica, esta disciplina deve preparar alunos e alunas para julgar o espectáculo como acontecimento social. Pretendesse estudar o espectáculo, na sua dupla dimensão emissiva e receptiva, salientando a importância dos públicos na concepção, programação e realização do mesmo dentro de um quadro definido social e geograficamente.

História da Música (I e II). - Nesta cadeira, a música é apresentada como fenómeno emergente de um contexto histórico e do cruzamento de outras dimensões culturais. Interessa contemplar a criação e a produção musicais nos acontecimentos que marcaram fundamentalmente as épocas, realçando o seu papel como espectáculo e enriquecimento patrimonial, nas manifestações artísticas que fizeram e fazem história.

História do Teatro (I e II). - O conteúdo desta cadeira é o teatro enquanto objecto cultural e social nas suas diferentes realizações históricas. Abordando situações paradigmáticas, deverá fornecer uma visão crítica das relações historicamente constituídas entre formas dramáticas, o desenvolvimento de estéticas teatrais específicas e os contextos de produção, recepção e reprodução.

Fundamentos da Crítica. - Supondo que todo o espectador deve ter opinião sobre o objecto contemplado, esta disciplina procura levar o aluno a reflectir, ajudando-o a saber observar e a comparar o evento em causa com outras referências, dentro da mesma área cultural, de modo a poder formar um juízo de valor pessoal e autorizado.

História do Cinema. - Apresentação histórica do cinema como objecto relevante da cultura em fase de massificação. Sua importância económica, social e ideológica. Ao mesmo tempo, através da história do cinema, reflexão sobre os procedimentos artísticos específicos da arte na época da sua reprodutibilidade técnica.

Programação e Gestão Culturais. - Tomando como ponto de partida o aumento significativo de objectos artístico-culturais em circulação e os múltiplos efeitos possíveis de incentivo das experiências artísticas ou de ruído paralisante, a disciplina centra-se na necessidade de gerir e de programar como elementos constituintes da própria actividade cultural hoje.

II.3 - Área de Música.

II.3.1 - Planos de estudo.

3.º ano/1.º semestre:

Correntes Musicais: da Pré-História ao Renascimento (6 ECTS);

Teoria e Análise Musical I (5 ECTS);

Etnomusicologia I - escala universal (6 ECTS);

Contraponto e Leitura de Partituras (4 ECTS);

Latim I (5 ECTS);

Oficina das Artes III (4 ECTS);

3.º ano/2.º semestre:

Correntes Musicais: Barroco (6 ECTS);

Teoria e Análise Musical II (5 ECTS);

Sistemática Musical/Organologia (4 ECTS);

Etnomusicologia II - Portugal (6 ECTS);

Harmonia e Leitura de Partituras (4 ECTS);

Latim II (5 ECTS);

4.º ano/1.º semestre:

Correntes Musicais: Classicismo e Romantismo (6 ECTS);

Teoria e Análise Musical III (5 ECTS);

Jazz e Música Urbana (5 ECTS);

Sociologia da Música (5 ECTS);

Oficina das Artes IV (4 ECTS);

Opção (5 ECTS);

4.º ano/2.º semestre:

Correntes Musicais: Século XX e Actualidade (6 ECTS);

Teoria e Análise Musical IV (5 ECTS);

Informática Musical/Técnicas Editoriais (5 ECTS);

Seminário (10 ECTS);

Opção (4 ECTS).

Pré-requisitos: os candidatos à especialização em Música, após a conclusão dos 1.º e 2.º anos do tronco comum, devem apresentar o certificado de um curso complementar de música ou, em alternativa, ser submetidos a provas de aptidão de conhecimentos musicais equivalentes.

Opções: a escolher de entre as disciplinas oferecidas pelas especializações em Teatro e em Cinema.

Precedência: Latim I tem precedência relativamente a Latim II.

3.2 - Conteúdo das disciplinas.

Correntes Musicais. - As cadeiras assim denominadas, mais de uma História da Música como disciplina auto-suficiente, pretendem expor as grandes linhas da Música na História do Ocidente, contemplando por igual a sua diversidade de géneros e estilos e o seu papel interveniente no diálogo das grandes expressões culturais coetâneas.

Teoria de Análise Musical I, II, III, IV. - Trata-se de uma disciplina complementar da de Correntes Musicais, que deve ministrar o essencial do pensamento teórico e das principais técnicas de composição musical, na perspectiva de uma compreensão mais rigorosa dos fenómenos da produção musical ao longo dos tempos.

Etnomusicologia (à escala universal). - Esta disciplina ministra o conhecimento essencial da música étnica, no quadro das culturas tradicionais europeias e extra-europeias, tendo em conta os aspectos antropológicos, sociais e teóricos específicos de cada área geográfica e, sobretudo, os instrumentos e técnicas da respectiva prática musical.

Contraponto e Leitura de Partituras. - Trata-se de uma disciplina que pretende ministrar as bases teóricas para a compreensão da técnica de composição polifónica, através de um contacto permanente com a escrita musical dos compositores mais representativos de cada época, sempre que possível dentro de uma perspectiva diacrónica.

Latim (I e lI). - No âmbito desta licenciatura, a disciplina de Latim pretende dar as bases indispensáveis à abordagem sumária de uma linguagem que, teórica e praticamente, informa uma parte substancial da ciência da música e da produção musical historicamente consideradas.

Sistemática Musical/Organologia. - Esta disciplina deverá ministrar conhecimentos suficientes do fenómeno acústico-musical, sobretudo na sua aplicação prática. Será dada especial importância ao funcionamento e classificação dos instrumentos, incluindo a voz humana.

Etnomusicologia (Portugal). - Partindo de conhecimentos básicos alicerçados em trabalho de campo específico, a disciplina estuda a música étnica portuguesa, nas suas dimensões urbana e rural, definindo e avaliando a sua presença histórica na diversidade das respectivas espécies e expressões em todo o espaço geográfico português.

Harmonia e Leitura de Partituras. - Complementa a disciplina de contraponto, dentro de uma visão/audição da verticalidade da composição musical, segundo as regras aceites convencionalmente nas várias épocas.

Jazz e Música Urbana. - Esta cadeira responde à projecção de uma prática musical alargada, graças ao crescimento de festivais e fonogramas. O jazz, como a restante música urbana, é estudado nas suas origens e variedades como produto de uma enculturação musical moderna, no contexto da diversificação das culturas musicais nas sociedades contemporâneas.

Sociologia da Música. - Assente numa base de conhecimentos fundamentais específicos, esta cadeira pretende facultar dados para a compreensão do facto musical como acontecimento condicionado por um determinado quadro social, tanto na sua origem como na sua valoração.

Informática e Técnicas Editoriais. - Com esta disciplina, os alunos desta licenciatura deverão preparar-se não só para utilizar com proveito as novas tecnologias respeitantes aos suportes informáticos criados para o tratamento musical mas também para conhecer os métodos mais adequados ao processamento da publicação de música.

Seminário. - O seminário desta especialidade, como oportunidade para a investigação pessoal e, simultaneamente, para a reflexão em grupo, será ministrado a partir de uma escala de matérias a determinar pelo respectivo professor, ouvidos os alunos, preferentemente no âmbito da música portuguesa.

II.4 - Área de Teatro.

II.4.1 - Planos de estudo:

3.º ano/1.º semestre:

Antropologia do Teatro;

Géneros Teatrais;

Teorias do Teatro I;

Teatro Temático I;

Oficina das Artes III;

3.º ano/2.º semestre:

Análise do Espectáculo;

Escolas e Métodos de Encenação;

Teorias do Teatro II;

Teatro Temático II;

Opção;

4.º ano/1.º semestre:

Teatro e Performance;

Produção Teatral;

Teorias do Teatro III;

Teatro Temático III;

Oficina das Artes IV;

4.º ano/2.º semestre:

Crítica Teatral;

Escrita Teatral;

Investigação em Estudos Teatrais;

Seminário;

Opção.

Número de créditos ECTS por disciplina: 6, à excepção do seminário (10).

Opções: todas as cadeiras do elenco curricular da variante de Teatro, à excepção de Crítica Teatral e Investigação em Estudos Teatrais, e desde que a modalidade de avaliação o permita, podem constituir-se como opção para alunos da licenciatura em Estudos Artísticos.

As cadeiras de opção dos 3.º e 4.º anos deverão ser escolhidas dentro do leque de disciplinas da licenciatura em Estudos Artísticos.

4.2 - Conteúdos das disciplinas.

Antropologia do Teatro. - A Antropologia do Teatro é hoje uma área disciplinar que ultrapassou um período histórico durante o qual se centrou na análise exclusiva das práticas performativas e ritualísticas das sociedades ditas "primitivas". Num tempo em que a globalização acelerou a circulação intercultural de tradições, objectos, hábitos e formas de pensar, a Antropologia do Teatro tem progressivamente articulado o referente teatral que a configura com o estudo das questões da raça, da sexualidade, da religião, do nacionalismo, da cultura popular entre outras. Partindo destes pressupostos, a cadeira convocará simultaneamente a analítica ritual que presidiu à sua fundação e um conjunto de nomes e de obras que a têm aberto à pluralidade de territórios definidos pela teatralidade contemporânea.

Géneros Teatrais. - Este curso, constituído por um semestre único, visa o estudo sistematizado dos vários géneros dramáticos, suas convenções, modos e práticas de representação, enquanto conceitos fundamentais ao entendimento das formas teatrais e do seu papel social e cultural.

Escolas e Métodos de Encenação. - O objectivo desta cadeira é uma reflexão sobre o processo complexo de construção do sentido em palco através de um estudo introdutório, que terá continuidade nas Oficinas de Artes, das teorias, métodos e escolas de encenação e direcção de actores.

Teorias do Teatro (I a III). - O curso começará pela discussão dos conceitos de teoria e de teatro, avaliando a relação que ambos mantêm com outras áreas dos Estudos Teatrais. Enquanto conjunto de "princípios gerais, relativos aos métodos, objectivos, funções e características de uma forma de arte em particular" (M. Carlson), a Teoria do Teatro abrange um largo espectro de textos dramáticos, ensaísticos, memorialísticos, aforísticos, além de prólogos, prefácios e tratados onde se explicitam os princípios referidos. Serão privilegiados as épocas e os autores mais representativos, recorrendo à leitura integral ou parcelar das fontes teóricas mais relevantes, ao estudo de alguns textos dramáticos e fazendo uso de materiais audiovisuais, sempre que estejam em causa componentes espaciais ou espectaculares dos assuntos em debate.

Teatro Temático (I a lII). - Esta cadeira será constituída por um vasto leque de cursos pensados em função de determinado tema, a desenvolver segundo critérios cronológicos e diacrónicos. A principal razão para este formato da cadeira reside na oportunidade de assim fornecer uma visão transversal e dinâmica das transformações sofridas na produção dramática e teatral, em diversos contextos políticos e histórico-sociais. Pretende-se, pois, desenvolver as capacidades de reflexão crítica e interdisciplinar, procurando-se ainda, na medida do possível, abordar o teatro universal segundo uma perspectiva crítica historicista e cultural.

Análise do Espectáculo. - A especificidade do fenómeno espectacular pressupõe, desde logo, que para a sua análise se convoquem a pluralidade de linguagens que dão forma a uma totalidade significante. Do texto, produzido por um autor e obedecendo a poéticas genológicas, passando pelo actor, o espectáculo dirige-se a um público que é, também ele, produtor de sentido. O objectivo desta disciplina é fornecer aos alunos uma rede inter-relacional que explique, interprete e faça compreender como analisar o espectáculo, implica a consideração da materialidade significante quer das artes da representação quer das artes da cena. Os conteúdos programáticos desta disciplina, na sua concretização lectiva, deverão habilitar os alunos a compreender que a análise do espectáculo parte, essencialmente, do objecto empírico realizado, deixando a outras disciplinas o estudo do como e do porquê da sua realização.

Teatro e Performance. - Esta cadeira visa essencialmente possibilitar o confronto visual e analítico com certas formas teatrais da pós-modernidade, tais como a performance ou o happening, colocando em relevo a sua dimensão multitemática e anticanónica e a acentuada heterogeneidade dos recursos artísticos que convoca: das artes visuais à poesia, passando pela dança, o vídeo, o cinema. Serão ainda consideradas as novas funções cénicas do performer, por oposição ao papel interpretativo e representativo do actor teatral.

Produção Teatral. - Em articulação estreita com outras disciplinas da licenciatura, procura esta disciplina estudar organicamente todos os elementos que, enquanto trabalho teatral, precedem a produção de todo e qualquer espectáculo. Centrando-se em aspectos da produção de sentido do espectáculo, do autor ao público(s), enquanto receptor crítico e produtor de sentido, passando pelas práticas significantes que asseguram o trânsito do texto à cena, a noção de produção teatral surge como elemento nuclear para fundamentar uma nova perspectiva dos estudos teatrais.

Crítica Teatral. - Após um breve resumo das origens da Crítica Teatral e do estudo dos mecanismos de publicitação que a foram definindo na orientação do gosto público, a cadeira dará especial relevo à análise da crítica teatral no século XX. Considerando os dois planos em que se inscreve, simultaneamente no campo das letras e do espectáculo, serão objecto de estudo as divisões institucionais da crítica, entre a universidade e o jornalismo, o papel da crítica hoje, a ética, a estética e a ideologia que historicamente marcaram o discurso do crítico de teatro, a sua relação com o poder e com os grupos teatrais. A discussão da natureza da crítica teatral, sobretudo na sua versão jornalística, será acompanhada pelo estudo de casos, através da leitura seleccionada de jornais e periódicos. O curso terminará com um levantamento do estado actual da crítica de teatro em Portugal.

Escrita Teatral. - Como processo cultural, a produção do texto dramático é mutável, dependendo dos códigos estético-culturais da época, das opções ideológico-dramatúrgicas do autor, dos conteúdos veiculados pelas "vozes" das personagens, entre outras facetas. Por outro lado, a escrita teatral é um fenómeno complexo que não se deixa definir nos limites da literariedade, acrescendo o facto de, actualmente, ela apresentar uma natureza híbrida ou "rapsódica", conglomerando categorias, géneros, registos e estilos diversos.

No seu todo, a escrita teatral é hoje sobretudo um espaço de questionamento e já não de reprodução mimética do mundo, colocando a tónica na subjectividade retrospectiva ou especulativa mediatizada pelas personagens. Assim, considera-se indispensável facultar aos alunos um estudo analiticamente orientado da escrita (ou escritas) teatral.

Investigação em Estudos Teatrais. - A pluralidade de códigos com que se confronta o estudioso do teatro tem levado a que a historiografia do teatro e espectáculo em Portugal não acompanhe as mais recentes tendências nesse domínio a nível mundial. Visando-se nesta licenciatura a preparação de estudiosos da nossa realidade teatral e espectacular, caberá a esta disciplina fornecer instrumentos operatórios que permitam olhar e historiar os factos teatrais e espectaculares recorrendo à multidisciplinaridade que os liberte, entre outras, de estreitas visões logocêntricas. A existência da mais importante Biblioteca de Teatro do País na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra apresenta-se como campo documental por excelência para testar a vertente prática que igualmente se privilegia nesta disciplina.

III.5 - Área do Cinema.

III.5.1 Planos de estudo:

3.º ano/1.º semestre:

Construção da Imagem Fílmica;

Teorias do Cinema;

Géneros Cinematográficos;

Narratologia;

Introdução à Crítica Cinematográfica;

Oficina de Artes III;

3.º ano/2.º semestre:

Cinema Português I;

Cinema Americano I;

Tendências do Cinema Europeu I;

Análise de Filmes I;

Outras Cinematografias;

Opção;

4.º ano:

Seminário anual;

1.º semestre:

Cinema Português II;

Cinema Americano II;

Tendências do Cinema Europeu II;

Análise de Filmes II;

Oficina de Artes IV;

2.º semestre:

Estudos de Autor;

Análise de Argumento;

Opção.

Número de créditos ECTS: à excepção do seminário anual (18 ECTS) e da disciplina de Estudos de Autor (7 ECTS), todas as disciplinas têm 5 unidades de crédito.

5.2 - Conteúdos das disciplinas.

Construção da Imagem Fílmica. - A reflexão visa mostrar como é que o espectador é, de certo modo, co-autor dos filmes que vê.

Géneros Cinematográficos. - A produção cinematográfica, no período clássico, organizou-se em géneros: sistema de signos reconhecíveis, temas definidos, públicos direccionados. Trata-se, nesta disciplina, de os estudar e de compreender a sua permanência hoje.

Narratologia. - Reflexão sistemática sobre a instituição e o desenvolvimento do cinema como narrativa e como texto.

Teorias do Cinema. - Estudo dos modos de constituição das várias ideias de cinema, através da compatibilização da perspectiva teórica com o movimento cronológico.

Introdução à Crítica Cinematográfica. - A disciplina opera em dois momentos: reflexão sobre a noção de crítica; definição, desenvolvimento e realização do discurso crítico (compreensão, gosto e juízo) sobre o filme e o espectáculo cinematográfico.

Cinema Português (I e II). - Com esta disciplina visa-se atingir um conhecimento sólido dos filmes, figuras e factos do cinema que acompanhou o século XX português.

Cinema Americano (I e lI). - O cinema americano justifica estudo particular, centrando-se no modelo de Hollywood e suas ramificações no tempo.

Tendências do Cinema Europeu (I e II). - O cinema europeu será estudado tendo em conta a importância histórica e estética dos movimentos nascidos na Europa.

Análise de Filmes (II e II). - Esta disciplina visa dotar os alunos dos instrumentos de análise da linguagem cinematográfica, através do visionamento parcelado dos filmes e da sua inserção nos movimentos artísticos que lhe estão na génese.

Outras Cinematografias. - O cinema do mundo não europeu e não norte-americano será sujeito de estudo, numa amostragem significativa dos vários continentes.

Estudos de Autor. - Análise aprofundada da obra de um autor relevante da história do cinema.

Análise de Argumento. - Trabalhando os filmes sobre uma base literária e seu desenvolvimento em imagens e sons, esta disciplina estuda o argumento como narrativa pré-fílmica.

Seminário anual. - Estudo aprofundado de um tema específico, variável anualmente.

Opções: a escolher de entre as disciplinas oferecidas pelas especializações em Música e em Teatro.

22 de Julho de 2002. - O Reitor, Fernando Rebelo.

Anexos

  • Extracto do Diário da República original: https://dre.tretas.org/dre/2048760.dre.pdf .

Ligações deste documento

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Aviso

NOTA IMPORTANTE - a consulta deste documento não substitui a leitura do Diário da República correspondente. Não nos responsabilizamos por quaisquer incorrecções produzidas na transcrição do original para este formato.

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