Aprova o plano de gestão da Zona Especial de Conservação (ZEC) Cabrela (PTCON0033).
Portaria 224/2025/1
de 16 de maio
O
Decreto Regulamentar 1/2020, de 16 de março, procedeu à designação como Zona Especial de Conservação (ZEC) do Sítio de Importância Comunitária (SIC) Cabrela (PTCON0033), identificando a respetiva área e coordenadas geográficas, assim como a sua localização e limites geográficos. O referido diploma determinou, ainda, que as medidas e ações complementares de conservação de habitats e espécies são definidas em planos de gestão, a aprovar por portaria nos termos do n.º 3 do artigo 7.º do
Decreto-Lei 140/99, de 24 de abril, alterado pelos Decretos-Leis
49/2005, de 24 de fevereiro e
156-A/2013, de 8 de novembro.
Posteriormente, o
Decreto-Lei 75/2025, de 7 de maio, completou o processo de classificação da ZEC Cabrela, ao contemplar no respetivo plano de gestão a identificação dos tipos de habitat naturais e seminaturais e das espécies da flora e fauna selvagens protegidos, constantes dos anexos i e ii da Diretiva Habitats com presença significativa na sua área, e fixar, em função das características específicas do seu território e das exigências ecológicas desses tipos de habitat e espécies, objetivos de conservação direcionados à manutenção ou ao restabelecimento do seu estado de conservação favorável. Com vista à prossecução dos objetivos fixados, o referido decreto-lei definiu, ainda, medidas de conservação de natureza preventiva e regulamentar, necessárias para evitar a deterioração dos tipos de habitat naturais e seminaturais e dos habitats das espécies protegidas e com presença significativa na ZEC, assim como a perturbação significativa dessas espécies, as quais se tipificam em medidas de ordenamento do território e medidas de gestão.
Neste contexto, cumpre agora aprovar o plano de gestão da ZEC Cabrela, numa abordagem integrada que dê resposta às exigências ecológicas específicas da ZEC, procedendo à identificação dos tipos de habitat naturais e seminaturais e das espécies da flora e fauna selvagens com presença significativa na sua área e que justificaram o seu reconhecimento como SIC pela Comissão Europeia e a sua subsequente classificação como ZEC, bem como adotando um conjunto de medidas e ações de conservação complementares, designadamente medidas de gestão ativa e de suporte, conforme o disposto no artigo 12.º do
Decreto-Lei 75/2025, de 7 de maio. O plano de gestão da ZEC Cabrela tem também por função estabelecer as prioridades de conservação da zona, identificando as espécies e os tipos de habitat protegidos com presença significativa na ZEC em relação aos quais se impõem medidas mais urgentes.
Assim, ao abrigo do disposto na alínea a) do n.º 3 do artigo 7.º do
Decreto-Lei 140/99, de 24 de abril, na sua redação atual, no artigo 5.º do
Decreto Regulamentar 1/2020, de 16 de março, e no artigo 12.º do
Decreto-Lei 75/2025, de 7 de maio, manda o Governo, pelo Ministro Adjunto e da Coesão Territorial, pela Ministra do Ambiente e Energia e pelo Ministro da Agricultura e Pescas, o seguinte:
Artigo 1.º
Objeto
A presente portaria aprova o plano de gestão da Zona Especial de Conservação (ZEC) Cabrela, anexo à presente portaria e que dela faz parte integrante.
Artigo 2.º
Âmbito
1 - O plano de gestão da ZEC Cabrela identifica os tipos de habitat naturais e seminaturais e as espécies da flora e fauna selvagens com presença significativa na ZEC Cabrela e adota medidas e ações complementares de conservação.
2 - O plano de gestão da ZEC Cabrela deve ser aplicado em conjunto e simultaneamente com o
Decreto Regulamentar 1/2020, de 16 de março, e com o
Decreto-Lei 75/2025, de 7 de maio, que fixou os objetivos específicos para a sua conservação e estabeleceu as medidas de conservação de natureza regulamentar necessárias para atingir esses objetivos.
Artigo 3.º
Entrada em vigor
A presente portaria entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
O Ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, em 12 de maio de 2025. - A Ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, em 9 de maio de 2025. - O Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, em 10 de maio de 2025.
ANEXO
(a que se refere o artigo 1.º)
Plano de Gestão da ZEC Cabrela (PTCON0033)
LOCALIZAÇÃO
A ZEC Cabrela, com uma área total aproximada de 56 544 ha, localiza-se nos concelhos de Alcácer do Sal, Montemor-o-Novo e Viana do Alentejo, conforme se apresenta no quadro n.º 1. A sua localização encontra-se representada cartograficamente na
Figura 1, estando os seus limites disponíveis no geocatálogo da Autoridade Nacional da Conservação da Natureza e Biodiversidade.
QUADRO N.º 1 - Unidades territoriais abrangidas pela ZEC Cabrela
Unidade territorial (UT) | Área da ZEC na UT | Proporção da UT ocupada pela área da ZEC | Proporção da área da ZEC na UT |
Alcácer do Sal | 25 258 ha | 17 % | 45 % |
Montemor-o-Novo | 18 966 ha | 15 % | 34 % |
Viana do Alentejo | 12 320 ha | 31 % | 22 % |
(Fonte: CAOP 2019)
Figura 1 - Enquadramento territorial da ZEC Cabrela
(Fonte: CAOP 2019 - DGT)
CARACTERIZAÇÃO
A ZEC Cabrela apresenta um uso e ocupação do solo que revela um território algo heterogéneo, onde as áreas florestais e agrícolas representam, conjuntamente, mais de 80 % de toda a área. Neste contexto, destaca-se o mosaico agroflorestal, que ocupa mais de um terço da área ZEC (37 %), e cuja componente arbórea é, na maioria dos casos, composta por azinheira e/ou sobreiro. De facto, este mosaico evidencia um padrão de distribuição bem difundido na região, intercalando-se com as demais «malhas» de ocupação.
As áreas florestais contínuas são também uma mancha importante da região na medida em que representam quase 30 % do território. Mais de metade desta fração é composta por floresta de folhosas autóctones que se distribuem um pouco por toda a ZEC. Na região, as florestas com espécies resinosas (7,23 %) e alóctones (5,42 %) normalmente encontram-se associadas. Evidenciam padrões de distribuição similares às florestas anteriores, mas tendem a concentrar-se na extremidade oeste da ZEC.
Os prados e pastagens ocupam também uma importante porção territorial (mais de 16 %). Apresentam um padrão de distribuição fragmentado e disperso ao longo da ZEC, embora com maior incidência no extremo sudeste, junto à albufeira do Pego do Altar.
As áreas agrícolas, individualizadas ou em mosaico com manchas florestais, representam a segunda categoria mais importante de ocupação de solo, e são normalmente contíguas a prados e pastagens. As suas diferentes culturas (e. g. culturas de sequeiro e regadio, olivais e arrozais) são também uma importante marca da região, distribuindo-se de modo mais expressivo ao longo do flanco oeste da ZEC. Podem ocorrer na vizinhança de áreas florestais, de matos e matagais, de prados e pastagens ou de corpos de água. Um pouco à semelhança das áreas agrícolas, os matos e matagais podem ocorrer na vizinhança de diferentes tipos de manchas de ocupação de superfície; no entanto, a sua representatividade é bem mais modesta (1 %).
No que concerne às massas de água superficiais, destaca-se a Barragem do Pego do Altar, abastecida, essencialmente, pela ribeira das Alcáçovas e pela ribeira de Remourinho, e a Barragem da Venda Nova (Sado), alimentada por uma linha de água afluente da ribeira de São Martinho. Para além destas, verifica-se ainda, na ZEC, a existência de um grande número de represas e charcas agrícolas, com o objetivo de suprir as necessidades de rega existentes, fazendo com que a área correspondente a massas de água superficiais na ZEC represente 2,45 % da sua área total.
Na ZEC Cabrela predominam as áreas de montado de azinho (Quercus rotundifolia) e de sobro (Q. suber) em que no sobcoberto se podem encontrar arrelvados sujeitos a pastoreio, com comunidades dominadas por gramíneas anuais e/ou perenes. Estas áreas são entrecortadas por vales cujas encostas, quando de carácter xérico e acentuado declive, exibem medronhais (Arbutus unedo), azinhais e sobreirais. Recentemente descoberto, também se destaca um azinhal-zimbral (configurando o tipo de habitat 9560), muito raro nesta zona do País.
Nas linhas de água é frequente a presença de vegetação flutuante com ranúnculos e de galerias ripícolas, em estado de conservação variável. Os tamargais, em razoável estado de conservação, ocorrem sobretudo nalguns troços das ribeiras de São Cristóvão e Alcáçovas.
Ao nível da flora, destaca-se a presença do raro jacinto (Hyacinthoides vicentina), que ocorre nas clareiras de matos e em pousios com encharcamento temporário.
O micromosaico, formado por clareiras de matos, relvados, e algum uso agrícola em moldes extensivos, favorece a presença do rato-de-cabrera (Microtus cabrerae). Este sítio é também importante para algumas espécies da ictiofauna de água doce, nomeadamente para a boga-portuguesa (Iberochondrostoma lusitanicum).
Sítio de ocorrência histórica de lince-ibérico (Lynx pardinus) e que mantém características potencialmente adequadas para a sua presença ou suscetíveis de serem otimizadas, de forma a promover a recuperação da espécie ou permitir a sua reintrodução a médio/longo prazo, em iniciativas coordenadas com as que se venham a desenvolver nos demais territórios e ZEC alvos do plano de ação da espécie.
VALORES NATURAIS
Na ZEC Cabrela ocorrem com presença significativa 17 tipos de habitats (quadro n.º 2) e 13 espécies da flora e da fauna (quadro n.º 3), dos anexos i e ii da Diretiva Habitats, respetivamente.
A ZEC assume especial relevância para a conservação de 10 tipos de habitat, uma espécie da flora e 8 espécies da fauna, valores que constituem prioridades de conservação e para os quais se impõem medidas de gestão mais urgentes (valores alvo assinalados a negrito e com um # nos quadros n.os 2 e 3).
Apesar de o lince-ibérico não ter ocorrência na ZEC, foi igualmente incluído no elenco de valores alvo devido à ocorrência histórica da espécie neste território e à relevância do habitat potencial aí existente em condições consideradas boas para a fixação da espécie.
QUADRO N.º 2 - Tipos de habitat do anexo i da Diretiva Habitats com presença significativa na ZEC
Código | Habitat |
3130 | Águas paradas, oligotróficas a mesotróficas, com vegetação da Littorelletea uniflorae e/ou da Isoëto-Nanojuncetea |
3140 | Águas oligomesotróficas calcárias com vegetação bêntica de Chara spp. |
3150 | Lagos eutróficos naturais com vegetação da Magnopotamion ou da Hydrocharition |
3170 | # Charcos temporários mediterrânicos |
3260 | Cursos de água dos pisos basal a montano com vegetação da Ranunculion fluitantis e da Callitricho-Batrachion |
4030 | Charnecas secas europeias |
5210 | # Matagais arborescentes de Juniperus spp. |
5330 | Matos termomediterrânicos pré-desérticos |
6220 | # Subestepes de gramíneas e anuais da Thero-Brachypodietea |
6310 | # Montados de Quercus spp. de folha perene |
6420 | Pradarias húmidas mediterrânicas de ervas altas da Molinio-Holoschoenion |
91E0 | # Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior (Alno-Padion, Alnion incanae, Salicion albae) |
92A0 | # Florestas-galerias de Salix alba e Populus alba |
92D0 | # Galerias e matos ribeirinhos meridionais (Nerio-Tamaricetea e Securinegion tinctoriae) |
9330 | # Florestas de Quercus suber |
9340 | # Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia |
9560 | # Florestas endémicas de Juniperus spp. |
QUADRO N.º 3 - Espécies de flora e fauna do anexo ii da Diretiva Habitats com presença significativa na ZEC
Código | Grupo | Espécie |
1573 | PL | Euphorbia transtagana |
1888 | PL | # Festuca duriotagana |
1851 | PL | # Hyacinthoides vicentina |
1660 | PL | Myosotis lusitanica |
1434 | PL | Salix salvifolia subsp. australis |
1051 | I | # Apteromantis aptera |
1088 | I | # Cerambyx cerdo |
6151 | P | # Iberochondrostoma lusitanicum (sin. Chondrostoma lusitanicum) |
5302 | P | # Cobitis paludica (sin. Cobitis taenia) |
6975 | P | Squalius alburnoides (sin. Rutilus alburnoides) |
1221 | R | Mauremys leprosa |
1355 | M | Lutra lutra |
1338 | M | # Microtus cabrerae |
1362 | M | # Lynx pardinus |
Grupo: PL - Planta; I - Invertebrado; P - Peixe; R - Réptil; M - Mamífero
OBJETIVOS DE CONSERVAÇÃO
Os objetivos de conservação para os valores alvo são identificados no quadro n.º 4 e constituem o quadro de referência das medidas de conservação definidas para a gestão da ZEC. São ainda identificadas as metas a atingir no período de vigência do plano e os respetivos indicadores de resultado.
Para os restantes valores naturais estabelece-se como objetivo de conservação a manutenção da condição ecológica que estes valores apresentam atualmente na ZEC.
Considerando o grau de desconhecimento existente da condição ecológica de Apteromantis aptera e Cerambyx cerdo nesta área classificada, para estas espécies não são identificados objetivos de conservação para a gestão da ZEC, sendo certo, no entanto, que as mesmas beneficiarão das medidas de conservação a adotar na conservação dos restantes valores associados aos biótopos preferencialmente utilizados por elas. O plano identifica uma medida de conservação complementar visando colmatar as lacunas de conhecimento de forma a permitir futuramente a definição dos objetivos de conservação para estas duas espécies.
A integridade ecológica da ZEC fica, deste modo, enquadrada pelo conjunto dos objetivos de conservação definidos, cuja prossecução permitirá contribuir para os objetivos da Diretiva Habitats, ou seja, assegurar a biodiversidade através da manutenção ou restabelecimento do estado de conservação favorável dos tipos de habitats e das espécies presentes nos sítios e para a coerência da rede Natura 2000.
QUADRO N.º 4 - Objetivos de conservação para a gestão da ZEC
Tipos de habitat e espécies da flora e da fauna ripícolas e higrófilos e da fauna aquática |
Objetivos de conservação | Indicadores | Metas |
1. Melhorar o grau de conservação e inverter a tendência de declínio do habitat 3170 - Charcos temporários mediterrânicos | • Área de habitat com estrutura bem conservada (ha) | • Aumentar a área de habitat com estrutura e funções conservadas, através da melhoria do grau de conservação de: • Áreas de habitat em condição ecológica média ou reduzida ou através da recuperação de áreas degradadas não classificadas; • Áreas com potencial para ocupação do habitat (e. g. áreas da ZEC com os tipos de habitat 3130, 3140 ou 3150) |
2. Manter o grau de conservação do habitat 91E0 - Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior (Alno-Padion, Alnion incanae, Salicion albae) | • Área de habitat com estrutura bem conservada (ha) | • Manter área de habitat na atual condição ecológica |
3. Manter o grau de conservação do habitat 92A0 - Florestas-galeria de Salix alba e Populus alba | • Área de habitat com estrutura bem conservada (ha) | • Manter área de habitat na atual condição ecológica |
4. Manter o grau de conservação do habitat 92D0 - Galerias e matos ribeirinhos meridionais (Nerio-Tamaricetea e Securinegion tinctoriae) | • Área de habitat com estrutura bem conservada (ha) | • Manter área de habitat na atual condição ecológica |
5. Manter o grau de conservação de Festuca duriotagana | • Expressão linear de ocorrência da espécie • Densidade populacional | • Manter a expressão linear de ocorrência da espécie • Manter a densidade populacional |
6. Melhorar o grau de conservação do habitat de Cobitis paludica e Iberochondrostoma lusitanicum | • Extensão do habitat com qualidade ecológica • Tendência populacional | • Aumentar a extensão linear do habitat • Tendência de aumento da população |
7. Melhorar o grau de conservação do habitat de Microtus cabrerae | • Número de quadrículas 1 × 1 km ocupadas pela espécie • Densidade populacional e/ou de colónias | • Aumentar o número de quadrículas 1 × 1 km ocupadas pela espécie • Aumentar o número de colónias e/ou a densidade populacional (a definir no âmbito do programa de acompanhamento) |
Tipos de habitat e espécies de montados e outras pastagens |
Objetivos de conservação | Indicadores | Metas |
1. Melhorar o grau de conservação e inverter a tendência de declínio do habitat 6220 - Subestepes de gramíneas e anuais da Thero-Brachypodietea | • Área de habitat com estrutura bem conservada (ha) | • Aumentar a área de habitat com estrutura e funções conservadas, através da melhoria do grau de conservação das áreas de habitat com conservação média ou reduzida [e. g. grau de conservação C, na cartografia de habitats naturais de ICNF (2020)], priorizando a conservação do subtipo pt2 - Malhadais |
2. Melhorar o grau de conservação e inverter a tendência de declínio do habitat 6310 - Montados de Quercus spp. de folha perene | • Área de habitat com estrutura bem conservada (ha) | • Aumentar a área de habitat com estrutura e funções conservadas, através da melhoria do grau de conservação das áreas de habitat com conservação média ou reduzida [e. g. grau de conservação C, na cartografia de habitats naturais de ICNF (2020)] |
3. Manter o grau de conservação e parar a tendência de declínio de Hyacinthoides vicentina | • Número de quadrículas 1 × 1 km ocupadas pela espécie • Densidade populacional | • Manter o número de quadrículas 1 x 1 km ocupadas pela espécie • Manter a densidade populacional |
Tipos de habitat e espécies de fauna de bosques |
Objetivos de conservação | Indicadores | Metas |
1. Melhorar o grau de conservação do habitat 9330 - Florestas de Quercus suber | • Área de habitat com estrutura bem conservada (ha) | • Aumentar a área de habitat com estrutura e funções conservadas, através de: • Melhoria do grau de conservação das áreas de habitat em condição ecológica reduzida; • Sucessão natural de áreas de montado que estejam ou possam vir a estar abandonadas, designadamente na envolvente do habitat 9330 |
2. Melhorar o grau de conservação do habitat 9340 - Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia | • Área de habitat com estrutura bem conservada (ha) | • Aumentar a área de habitat com estrutura e funções conservadas, através de: • Melhoria do grau de conservação das áreas de habitat em condição ecológica reduzida; • Sucessão natural de áreas de montado que estejam ou possam vir a estar abandonadas, designadamente na envolvente do habitat 9340 |
3. Melhorar o grau de conservação do habitat 9560 - Florestas endémicas de Juniperus spp. | • Área de habitat com estrutura bem conservada (ha) | • Aumentar a área de habitat com estrutura e funções conservadas, através da melhoria do grau de conservação das áreas de habitat com condição ecológica média ou reduzida |
Matagais |
Objetivos de conservação | Indicadores | Metas |
1. Manter o grau de conservação do habitat 5210 - Matagais arborescentes de Juniperus spp. | • Área de habitat com estrutura bem conservada (ha) | • Manter a área de habitat na atual condição ecológica |
Lince-ibérico |
Objetivos de conservação | Indicadores | Metas |
1. Melhorar o potencial de ocorrência de Lynx pardinus | • Número de coelhos por hectare • Área de habitat adequado de abrigo, reprodução e dispersão para a espécie (ha) | • Dois ou mais coelhos por hectare • Aumentar a área de habitat adequado de abrigo, reprodução e dispersão para a espécie |
MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO COMPLEMENTARES
O Plano de Gestão identifica as medidas de conservação complementares às previstas no
Decreto-Lei 75/2025, de 7 de maio, que visam dar resposta às exigências ecológicas dos valores com prioridade em termos de conservação (valores alvo), definidas em função da condição destes e dos condicionamentos e contextos de ordem legal, social, organizacional, económica e financeira.
As medidas de conservação complementares estabelecidas para a gestão da ZEC Cabrela e respetivo quadro operacional estão identificados no quadro n.º 5, com a definição dos indicadores de realização, as respetivas metas, as entidades envolvidas na execução e a calendarização.
A informação relevante para a execução das medidas de conservação complementares é apresentada de forma detalhada nas «Fichas das Medidas de Conservação Complementares».
QUADRO N.º 5 - Quadro operacional das medidas de conservação complementares
Medida de conservação | Relevância * | Indicador de realização | Meta | Entidade responsável | Entidades envolvidas | Calendarização |
---|
Início | Fim |
---|
MC1. Promover a gestão sustentável dos prados e pastagens e das áreas de ocorrência de montados. | 1 | Proporção de área contratualizada | 50 % da área elegível | ICNF GPP CCDR/Agri | Autoridade de gestão do PEPAC Proprietários, agricultores e gestores florestais Organizações de produtores e associações de produtores florestais | Ano 1 | Ano 10 |
MC2. Promover a proteção de florestas de sobreiro e azinheira e de matagais. | 1 | Proporção de área contratualizada | 50 % da área elegível | ICNF GPP CCDR/Agri | Autoridade de gestão do PEPAC Proprietários, agricultores e gestores florestais Organizações de produtores e associações de produtores florestais | Ano 1 | Ano 10 |
MC3. Prevenir e gerir as pragas e doenças do sobreiro, azinheira e amieiro. | 2 | Data de elaboração do estudo | Ano 3 da implementação do Plano de Gestão | ICNF | Gestores florestais Associações de produtores florestais Associações de desenvolvimento local Centros de investigação | Ano 1 | Ano 3 |
MC4. Restabelecer o ecossistema fluvial e ribeirinho. | 2 | Data de elaboração do estudo | Ano 3 da implementação do Plano de Gestão | APA GPP ICNF | Autoridade de gestão do PEPAC CCDR/Agri Municípios | Ano 1 | Ano 10 |
Proporção das estruturas de génese informal e ilegal ou abandonadas eliminadas | 100 % |
Proporção de refúgios estivais criados em relação às linhas de água com valores | 100 % das linhas de água |
MC5. Elaborar e implementar o Plano Global de Gestão Cinegética para as populações de presas selvagens de lince-ibérico na ZEC e envolvente. | 2 | Data de elaboração do Plano | Ano 2 da implementação do Plano de Gestão | ICNF CCDR/Agri | Centros de investigação Organizações do setor da caça, entidades gestoras de zonas de caça, proprietários ONGA | Ano 1 | Ano 10 |
Data do início da implementação do Plano | Ano 4 da implementação do Plano de Gestão |
MC6. Prevenir, intervir precocemente ou gerir/controlar as populações e povoamentos de espécies (flora e fauna) exóticas invasoras. | 2 | Data de elaboração do plano de controlo | Ano 2 da implementação do Plano de Gestão | ICNF CCDR/Agri Municípios | Autoridade de gestão do PEPAC Organizações de produtores florestais | Ano 1 | Ano 10 |
Proporção das áreas prioritárias intervencionadas | 50 % das áreas prioritárias | Proprietários Centros de investigação ONGA Entidades gestoras de AIGP |
MC7. Avaliar a permeabilidade das infraestruturas viárias existentes na ZEC e sua envolvente e identificar medidas a implementar nos pontos que estão a comprometer a conectividade e nos pontos críticos de ocorrência de atropelamentos. | 2 | Data de elaboração do estudo de avaliação (diagnóstico) | Ano 2 da implementação do Plano de Gestão | ICNF Municípios | Infraestruturas de Portugal, I. P. Centros de investigação | Ano 1 | Ano 10 |
Proporção de áreas prioritárias intervencionadas | 100 % |
MC8. Adaptar o planeamento e a operacionalização da gestão integrada dos fogos rurais à salvaguarda dos valores naturais protegidos. | 2 | 1 - Proporção de planos/programas adaptados e incluindo diretrizes de salvaguarda 2 - Proporção de planos de recuperação pós-incêndio com medidas orientadas para o restauro e salvaguarda dos valores naturais protegidos | 100 % | ICNF Comissões regionais, sub-regionais e municipais de gestão integrada de fogos rurais (CMGIFR) Comunidades intermunicipais APA | CCDR Proprietários Organizações de produtores florestais Empresas Comissões Intermunicipais | Ano 1 | Ano 10 |
MC9. Reforçar a fiscalização. | 2 | Número de ações de fiscalização por ano | 24 ações (2 ações por mês) | ICNF APA Entidades gestoras e proprietários | SEPNA/GNR PSP Municípios | Ano 1 | Ano 10 |
MC10. Promover a partilha de informação, formar e apoiar os gestores agrícolas e agroflorestais para a conservação dos valores naturais da ZEC. | 2 | Data da criação de conteúdos digitais | Ano 5 da implementação do plano de gestão | ICNF GPP CCDR/Agri Organizações de produtores e de gestores florestais Organizações do setor da caça Municípios | CCDR Turismo do Alentejo Escolas Associações de desenvolvimento local Associações de pesca desportiva Centros de investigação ONGA | Ano 1 | Ano 10 |
Número de iniciativas | Uma iniciativa por ano |
Número de intervenções/estruturas de aconselhamento agrícola e florestal para aplicação das medidas de conservação | Uma estrutura no ano 3 da implementação do Plano de Gestão. Uma iniciativa por cada período de candidatura a apoios agro- ou silvoambientais |
MC11. Colmatar as lacunas de conhecimento sobre a condição ecológica de Apteromantis aptera e Cerambyx cerdo na ZEC. | 2 | Data de conclusão do estudo | Ano 4 da implementação do Plano de Gestão | ICNF | Centros de investigação ONGA Setor privado | Ano 1 | Ano 4 |
MC12. Colmatar as lacunas de informação sobre os tipos de habitat higrófilos. | 2 | Data de conclusão do estudo | Ano 4 da implementação do Plano de Gestão | ICNF | Centros de investigação ONGA Setor privado | Ano 1 | Ano 4 |
MC13. Estabelecer e consolidar os critérios e parâmetros de quantificação e avaliação dos objetivos de conservação e os recursos necessários para a execução das medidas de conservação. | 3 | Quadro de densificação dos objetivos de conservação, indicadores e metas | Quadros aprovados pela(s) entidade(s) responsável(eis) pelo Plano de Gestão até ao final do 2.º ano de execução do Plano | ICNF | GPP Alentejo 2030 | Ano 1 | Ano 2 |
Quadro de estimativa preliminar dos recursos financeiros, humanos e técnicos para os primeiros cinco anos de execução do Plano |
* O campo relevância representa a importância relativa de cada uma das medidas de conservação e encontra-se classificado da seguinte forma: 1 - Muito elevada; 2 - Elevada; 3 - Média.
MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO REGULAMENTARES
O Plano de Gestão aplica-se complementarmente a um conjunto de medidas de natureza regulamentar e preventiva, identificadas e operacionalizadas no
Decreto-Lei 75/2025, de 7 de maio.
VIGÊNCIA DO PLANO DE GESTÃO
O Plano de Gestão terá uma vigência de 10 anos.
ACOMPANHAMENTO
A execução do Plano de Gestão é objeto de acompanhamento continuado ao longo do seu período de vigência.
O acompanhamento é coordenado pelo ICNF com a participação das autoridades corresponsáveis em razão da matéria, das administrações central e local, das entidades representativas dos agentes e operadores dos setores económico, social, da sociedade civil e dos proprietários, relevantes para a prossecução dos objetivos do Plano.
Será efetuada uma avaliação intercalar ao quinto ano de vigência do Plano, a qual incluirá o ponto de situação intermédio da execução das medidas, um balanço das medidas concluídas, das medidas em curso e das medidas não iniciadas. Da análise da realização intermédia atingida face às metas estabelecidas para a medida, a entidade responsável pelo acompanhamento do Plano de Gestão deverá decidir sobre as alterações necessárias no Plano de Gestão, num quadro de articulação institucional, a propor às respetivas tutelas. Caso seja necessário, deverá ser elaborada uma versão revista das fichas das medidas de conservação.
No final do seu período de vigência, a eficácia do Plano de Gestão deve ser avaliada num exercício de análise cruzada entre o grau de execução das medidas de conservação e a evolução da condição dos valores alvo. Para esta avaliação relacionam-se os resultados finais da execução das medidas (através dos indicadores de realização) e do cumprimento dos objetivos de conservação (através dos indicadores de resultado). O relatório desta avaliação final deverá também incluir a análise da evolução dos fatores externos com eventual impacto na gestão da ZEC (por exemplo, das pressões e atividades mais relevantes, das condicionantes legais e dos instrumentos de financiamento das medidas de conservação), a descrição da análise efetuada no período em causa para a evolução dos indicadores de realização, a descrição das alterações intercalares efetuadas e respetiva fundamentação, e as propostas de alteração do Plano de Gestão.
A aferição dos indicadores de resultado decorrerá dos procedimentos correntes de monitorização da Rede Natura 2000 a que o Estado Português está obrigado no âmbito da implementação da Diretiva Habitats.
O quadro n.º 6 estabelece a correspondência entre as medidas de conservação complementares e os objetivos de conservação para os quais concorrem, cuja avaliação final permite decidir sobre a necessidade de manutenção/exclusão/alteração da medida no ciclo de programação seguinte. No referido quadro são assinalados (a cinza) os campos a preencher em sede de avaliação final da implementação do Plano de Gestão.
QUADRO N.º 6 - Modelo de matriz de avaliação final da implementação do Plano de Gestão
1. Tipos de habitat e espécies da flora e da fauna ripícolas e higrófilos e da fauna aquática |
Objetivo de conservação [Indicador de resultado] | Meta | Meta alcançada | Medida de conservação complementar | Indicador de realização | Realização atingida/meta | Grau de execução (não iniciada/em curso/concluída) | Revisão (Manter/Não manter/Altera) | Obs. |
| | | | | | | | |
2. Tipos de habitat e espécies de montados e outras pastagens |
Objetivo de conservação [Indicador de resultado] | Meta | Meta alcançada | Medida de conservação complementar | Indicador de realização | Realização atingida/meta | Grau de execução (não iniciada/em curso/concluída) | Revisão (Manter/Não manter/Altera) | Obs. |
| | | | | | | | |
3. Tipos de habitat e espécies de fauna de bosques |
Objetivo de conservação [Indicador de resultado] | Meta | Meta alcançada | Medida de conservação complementar | Indicador de realização | Realização atingida/meta | Grau de execução (não iniciada/em curso/concluída) | Revisão (Manter/Não manter/Altera) | Obs. |
| | | | | | | | |
4. Matagais |
Objetivo de conservação [Indicador de resultado] | Meta | Meta alcançada | Medida de conservação complementar | Indicador de realização | Realização atingida/meta | Grau de execução (não iniciada/em curso/concluída) | Revisão (Manter/Não manter/Altera) | Obs. |
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5. Lince-ibérico |
Objetivo de conservação [Indicador de resultado] | Meta | Meta alcançada | Medida de conservação complementar | Indicador de realização | Realização atingida/meta | Grau de execução (não iniciada/em curso/concluída) | Revisão (Manter/Não manter/Altera) | Obs. |
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FICHAS DE MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO COMPLEMENTARES
Fontes de Financiamento - Glossário:
PEPAC - Plano Estratégico da Política Agrícola Comum para Portugal 2023-2027 Alentejo 2030 - Programa Operacional Regional do Alentejo (FEDER)
LIFE - Instrumento de financiamento da União Europeia para o ambiente e a ação climática
PRR - Plano de Recuperação e Resiliência
I&D - Investigação e Desenvolvimento
OE - Orçamento do Estado
PNA-PNGIFR - Programa Nacional de Ação do Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais
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