As primeiras Enfermeiras Paraquedistas foram incorporadas nas Forças Armadas em maio de 1961, enfrentando muitos preconceitos. Numa época em que a sociedade portuguesa se mantinha extremamente conservadora, entraram no mundo exclusivamente masculino das Forças Armadas, vestiram o uniforme militar que era reservado só aos homens. Superando inúmeras barreiras, de boina verde e distintivo das Tropas Paraquedistas ao peito, foram cumprir a sua missão de salvar vidas na Guerra Colonial. Nos anos seguintes, até ao final da Guerra, em 1974, outras se seguiram, num total de 46 Enfermeiras Paraquedistas, que pisaram os campos de batalha para tratar os soldados feridos e ajudar as populações.
As Enfermeiras Paraquedistas foram verdadeiras pioneiras, cumprindo o lema das Tropas Paraquedistas «Que nunca por vencidos se conheçam», antes das mulheres terem sido incluídas nas fileiras das Forças Armadas. A forma voluntariosa como quebraram barreiras, e a entrega física e psicológica que demonstraram na frente de combate, cumprindo a sua missão de igual para igual, não poderão ser esquecidas e devem constituir-se num exemplo para as Forças Armadas e a sociedade civil.
Pela forma como desempenharam as suas funções, pela competência e dedicação que demonstraram nas evacuações médicas, atendendo a todos com o mesmo sentido humanitário, as Enfermeiras Paraquedistas alcançaram a estima e o apreço de todos aqueles de quem cuidaram, ficando conhecidas como «anjos descidos dos céus».
Pela forma como cumpriram o seu dever e pelo exemplo de modernidade que demonstraram ter no seu tempo, com o espírito de superação que lhes permitiu minimizar o sofrimento das vítimas da Guerra, as Enfermeiras Paraquedistas continuam a ser uma referência na nossa sociedade. A sua atitude de entrega total à causa nacional e a sua capacidade de abrir novos caminhos, mostrando perseverança na adversidade e visão rasgada em tempos de imobilismo, merece o nosso reconhecimento como um marco intemporal no avanço das sociedades democráticas.
Pelas razões enunciadas, e ainda pela forma pioneira como responderam ao chamamento patriótico, ao espírito de sacrifício com que sempre pautaram a sua conduta, expresso o meu público reconhecimento às primeiras Enfermeiras Paraquedistas, conhecidas pelas «Seis Marias», que, pelo seu exemplo da elevadíssima competência técnico-profissional, extraordinário desempenho e relevantes qualidades pessoais, contribuíram significativamente para a eficiência, prestígio e o cumprimento da missão do Ministério da Defesa Nacional.
Assim, nos termos da competência que me é conferida pelo n.º 3 do artigo 34.º, atento o disposto no artigo 25.º, na alínea a) do n.º 1 do artigo 26.º e no n.º 1 do artigo 27.º, todos do Regulamento da Medalha Militar e das Medalhas Comemorativas das Forças Armadas, aprovado pelo Decreto-Lei 316/2002, de 27 de dezembro, concedo a medalha da defesa nacional, de 1.ª classe, às primeiras Enfermeiras Paraquedistas:
Maria Arminda Lopes Pereira Santos;
A título póstumo, Maria Zulmira Pereira André;
A título póstumo, Maria Nazaré Morais Rosa de Mascarenhas e Andrade;
Maria do Céu da Cruz Policarpo Vidigal;
Maria Ivone Quintino dos Reis;
Maria de Lourdes Rodrigues.
8 de março de 2019. - O Ministro da Defesa Nacional, João Titterington Gomes Cravinho.
312155292