Despacho (extracto) n.º 6765/2007
Por despachos de 1 de Março e de 18 de Janeiro de 2007, respectivamente do reitor da Universidade Nova de Lisboa e do presidente da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, foi com o engenheiro José Manuel Correia Costa, assessor principal da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema e assistente convidado a 50% da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, celebrado contrato administrativo de provimento, nos termos dos artigos 15.º, 31.º, n.º 2, e 34.º, n.os 1, 2, 3 e 4, do Estatuto da Carreira Docente Universitária, como professor auxiliar convidado a 50%, em regime de acumulação, nesta Faculdade e por conveniência urgente de serviço, a partir de 15 de Dezembro de 2006, considerando-se rescindido o anterior contrato.
Relatório
O engenheiro José Manuel Costa colabora no Departamento de Ciências da Comunicação como assistente convidado a tempo parcial, desde 1989, leccionando, designadamente, as disciplinas de História do Cinema e Géneros Cinematográficos da licenciatura em Ciências da Comunicação e de Documentário, integrada no novo 2.º ciclo em Cinema e Televisão, com início neste ano lectivo.
Esta colaboração tem sido inestimável nos mais diversos planos. Numa área como a do cinema, com tão grande procura mas com tão exígua graduação académica de qualidade nas nossas universidades, a personalidade de investigador do engenheiro José Manuel Costa e a sua longa experiência nos domínios da divulgação e da programação do cinema, da preservação e do património e, também, da criação documental e da pedagogia têm contribuído de modo decisivo para firmar, na Universidade Nova de Lisboa, o centro de aprendizagem, investigação e criação mais prestigiado neste campo na universidade portuguesa.
Este contributo assenta, em larga medida, no extenso e muito significativo currículo do engenheiro José Manuel Costa: membro, durante muitos anos, da direcção da Cinemateca Portuguesa, o engenheiro José Manuel Costa foi o principal impulsionador do ANIM (Arquivo Nacional das Imagens em Movimento), do qual elaborou o plano de edificação e funcionamento, tendo sido seu director desde a fundação desse importante organismo, em 1991. Paralelamente, o engenheiro José Manuel Costa desempenhou funções da mais alta responsabilidade em diversas instituições internacionais no domínio do património cinematográfico: presidente do comité executivo da Associação Projecto Lumière, integrada no Programa MEDIA da União Europeia durante a vigência da mesma, entre 1991 e 1996; presidente do comité executivo da Associação das Cinematecas da Comunidade Europeia (ACCE) desde a fundação desta, em 1996, até 1996; presidente do comité executivo da Associação das Cinematecas Europeias (ACE) desde a criação desta, em 1996, até 1998; coordenador do Curso Europeu ARCHIMEDIA (sobre o património cinematográfico e audiovisual), apoiado pelo Programa MEDIA da UE, ao longo da vigência deste, entre 1996 e 2003. No âmbito do ARCHIMEDIA, coordena a organização interna dos módulos de formação realizados em Portugal, nomeadamente os seminários profissionais (módulos de formação avançada) "L'histoire du cinéma au programme ou la programmation comme histoire du cinema" (Lisboa, 18-22 de Março de 1998) e "L'utilisation d'images d'archives dans la production de documentaires destinés à lá télévision et aux nouveaux médias" (Lisboa, 14-16 de Dezembro de 2000), assim como os estágios colectivos da vertente de formação inicial efectuados nas instalações do Departamento ANIM; foi membro do comité executivo da Federação Internacional dos Arquivos de Filmes/FIAF, entre 1993 e 1995, tendo sido responsável pela comissão organizadora do 45.º Congresso da FIAF, organizado pela Cinemateca Portuguesa, Lisboa, Abril de 1989. No âmbito do 62.º Congresso da FIAF, em São Paulo, a convite da presidente da Federação, dirige a secção Second Century Forum, em que propõe o debate "The role of FIAF: The big priorities - A debate on the setting up of a prioritary plan regarding FIAF's external missions" e em que apresenta a comunicação "Re-foundation". No mesmo Congresso, apresenta comunicações no painel "preserving the cinema experience", incluído no simpósio "The future of film archives in a digital cinema world: Film archives intransition", e no workshop "Copyright: Defining fair use"; é ainda, actualmente, membro do conselho de administração da Fundação Europeia Joris Ivens, com sede em Nijmegen, Holanda, desde 1999.
No domínio da investigação científica sobre a conservação, o restauro e a programação do património cinematográfico, o trabalho do engenheiro José Manuel Costa foi acolhido nalgumas das mais prestigiadas cinematecas e arquivos internacionais, tais como: o Service des Archives du Film do Centre National de la Cinématographie, Bois d'Arcy, o British Film Institute/National Film Archive, Londres, e Aston Clinton, o Nederlands Filmmuseum de Amesterdão, 1983 (ou estudou a colecção Joris Ivens), a Cinemateca Chinesa, em Beijing e Xi'na, o National Film Development de Corporation de Bombaim e o National Film Archive of India, sendo autor e organizador de uma extensa bibliografia, de que se referenciam, selectivamente, pela sua importância, os seguintes títulos:
"De l'avenir des cinématheques", Journal of Film Preservation, ISSN 1609-2694, 71 (2006), pp. 4-13;
"The wiseman continent and high school II", Dox: Documentary Film Magazine, ISSN 0929-7529, 50 (2004), p. 26;
"Film archives in motion", Journal of Film Preservation, ISSN 1017-1126, 68 (2004), pp. 4-13;
Notas sobre a Percepção do Cinema como Património Cultural, Lisboa, Biblioteca Nacional, 2004;
"Questões do documentário em Portugal = Questions about documentary making in Portugal", in Portugal: Um Retrato Cinematográfico = A Cinematographic Portrait, Lisboa, Número Arte e Cultura, 2004, ISBN 972-97705-6-5, pp. 116-164;
Doc's Kingdom 2000: Os Debates, Lisboa, APORDOC, 2002, p. 98;
Doc's Kingdom 2002: Os Debates/The Debates, Lisboa, APORDOC, 2002, p. 274;
"Costruzione e riprodizione nell'opera di Manoel de Oliveira: un gioco di tensioni", in Fina, Simona (a cura di) e Turigliato, Roberto (a cura di), Manoel de Oliveira, Torino, Torino Film Festival, 2000, pp. 127-141;
"Joris ivens and the documentary project", in Bakker, Kees (ed.), Joris Ivens and The Documentary Context, Amsterdam: Amsterdam University Press, cop., 1999, ISBN 90-5356-389-X, pp. 16-24;
Novo Documentário em Portugal, Lisboa, Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, 1999, p. Inum, ISBN 972-619-131-9;
Cinemas da Índia, Lisboa, Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, 1998, p. 232, ISBN 972-619-121-1;
Frederick Wiseman: Um Olhar Sobre as Instituições Americanas, Lisboa, Cinemateca Portuguesa, Amascultura, 1994, p. 89;
"Temas de conservação: Cor, a morte rápida (II)", Arte 7, 6 (1993), pp. 6-9;
"Temas de conservação: Cor, a morte rápida (I)", Arte 7, 4 (1992), pp. 48-50;
"Temas de conservação: A síndrome do vinagre", Arte 7, 3 (1991), pp. 11-13;
"Temas de conservação: A questão nitrato", Arte 7, 2 (1991), pp. 16-17;
"Conservação do cinema português: O estado das coisas", Arte 7, 1 (1991), pp. 12-15;
"O documentário ausente", Revista de Comunicação e Linguagem, 9 (1989), pp. 97-101;
Cinema Chinês, Lisboa, Cinemateca Portuguesa, 1987, p. 319;
Robert Flaherty, Lisboa, Cinemateca Portuguesa, 1984, p. 150;
Joris Ivens, Lisboa, Cinemateca Portuguesa, 1983, p. 100;
David Wark Griffith, Lisboa, Cinemateca Portuguesa, 1980, p. 131.
Este é, pois, no nosso parecer, um currículo da maior relevância, que deve ser acolhido e acarinhado pela universidade portuguesa, potenciando a qualificação científica de estudantes e investigadores, nesta difícil área de formação e investigação.
No momento em que se reforma profundamente o nosso sistema de ensino superior e em que maiores responsabilidades se configuram para esta área de estudos, designadamente na Universidade Nova de Lisboa, afigura-se-nos da maior importância que o contributo do engenheiro José Manuel Costa se possa alargar da sua actividade regular como professor à sua presença na comissão científica do Departamento de Ciências da Comunicação, que votou, unanimemente, a sua proposta de contratação, como professor auxiliar a 50% (percentagem que é a mesma do seu contrato como assistente convidado). É uma contratação que prestigia a universidade portuguesa e que muito de positivo trará, como se deseja, à definição das suas políticas científicas e à formação dos seus alunos, nas mais diferentes graduações académicas.
Os relatores: Prof. Doutor Abílio Manuel Hernandez Ventura Cardoso, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Prof. Doutor João Mário Lourenço Bagão Grilo e Prof. Doutor Paulo Filipe Gouveia Monteiro, professores associados da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.
(Isento de fiscalização prévia do Tribunal de Contas.)
22 de Março de 2007. - O Director, João Sàágua.