Por deliberação do Conselho de Administração deste Hospital, de 2 de Julho de 2009, faz-se público que se encontram abertas inscrições, pelo prazo de 15 dias a contar da data da publicação deste Aviso no Diário da República para admissão ao primeiro Ciclo de Estudos Especiais de Pediatria - na área de Gastrenterologia Pediátrica - criado superiormente pela Portaria 227/2007, de 5 de Março:
A Gastrenterologia Pediátrica é uma das novas Subespecialidades Pediátricas e existe, no âmbito da Ordem dos Médicos um projecto de percurso formativo com definição de objectivos, conteúdo e requisitos institucionais, que respeita também as recomendações internacionais, nomeadamente da Sociedade Europeia de Gastrenterologia, Nutrição e Hepatologia Pediátrica. Parece pois adequado propor a organização dum Ciclo de Estudos Especiais de Gastrenterologia Pediátrica, que contemple também conhecimentos de Hepatologia e de intervenção Nutricional que lhe estão intimamente associados, a realizar numa Unidade com recursos técnicos e humanos para adequada formação. Propõe-se que este Ciclo beneficie também da colaboração de outros Serviços de reconhecida qualidade para formação complementar na prossecução do programa global, nos termos seguintes:
a) Designação
Ciclo de Estudos Especiais de Gastrenterologia e Nutrição Pediátrica
b) Duração
A formação terá a duração de 24 meses a iniciar em 1 de Janeiro de 2009.
c) Regime e condições de trabalho
35/42 horas semanais, incluindo um período semanal de 12h de serviço de urgência de Pediatria, com participação em trabalho clínico, frequência de seminários especializados e realização de trabalho de investigação clínica e laboratorial.
d) Objectivo do Ciclo
Promover a formação de subespecialistas em Gastrenterologia Pediátrica, definidos como médicos com formação em Pediatria e Gastrenterologia, com capacidade para diagnosticar e tratar crianças com doença gastrintestinal e hepática. Embora a Nutrição Pediátrica abranja transversalmente toda a prática da Pediatria e não possa ser exclusivamente reclamada por nenhuma subespecialidade, a natureza dos processos patológicos da Gastrenterologia Pediátrica e das respectivas intervenções terapêuticas exige também uma importante componente da Nutrição na formação e desempenho do Gastrenterologista Pediátrico.
e) Programa detalhado, com a indicação dos temas e técnicas a tratar e da metodologia do treino prático a adoptar:
Conhecimentos básicos em Gastrenterologia
Relação da embriogénese nas alterações clínicas, nomeadamente hérnia diafragmática, malrotação, atrésias, atrésia biliar.
Fisiologia do tubo digestivo, incluindo causas hepáticas e pancreáticas de má absorção, esteatorreia e enteropatia exsudativa.
Equilíbrio hidro-electrolítico, causas e tratamento de desidratação
Identificação e interpretação de sinais correntes como atraso estaturo-ponderal, diarreia crónica, dor abdominal recorrente e vómitos
Formas de apresentação, diagnóstico e tratamento das principais doenças gastrintestinais como a doença celíaca, refluxo gastro-esofágico, doença inflamatório intestinal, etc.
Conhecimento básico da imunologia das mucosas
Causas e tratamento da gastrenterite aguda, e identificação das crianças que necessitam de internamento.
Conhecimentos básicos em Hepatologia
Clínica e tratamento de:
Doença hepática neonatal
Doença hepática aguda e infecções
Doença hepática crónica
Insuficiência hepática
Mecanismos e doenças que provocam colestase
Relevo do suporte nutricional na doença hepática
Doença metabólica hepática
Indicações para transplante
Conhecimento de Técnicas diagnósticas
Conhecer os princípios dos testes de má absorção, de lesão e função hepática, testes respiratórios, pH-metria esofágica e estudos de manometria.
Indicações e utilidade de técnicas de imagiologia e de endoscopia.
Competências clínicas
Avaliação do estado nutricional de lactentes e crianças, e antropometria
Avaliação de grau de desidratação e plano de re-hidratação
Interpretação de estudos radiológicos e outras técnicas de imagiologia
Prescrição e acompanhamento de regimes de alimentação enteral e parenteral
Prescrição de dietas restritivas
Competências técnicas
Biopsia jejunal
Endoscopia digestiva alta - diagnóstica/terapêutica
Colonoscopia
Estudo de função pancreática pH-metria esofágica e estudos de motilidade, nomeadamente radiológicos e manometria
Biopsia hepática
Esclerose de varizes esofágicas e outras malformações vasculares
Colocação de gastrostomia percutânea
Polipectomia
Extracção de corpos estranhos do tubo digestivo por endoscopia
Dilatação esofágica
Atitudes
Conhecer e valorizar a importância do trabalho multidisciplinar
Conhecer e lidar adequadamente com o facto de algumas investigações serem desconfortáveis ou dolorosas
Desenvolver técnicas de comunicação com a criança e os pais para garantir a sua informação e colaboração nos cuidados a prestar
Conhecer a necessidade de prestar apoio moral aos doentes e familiares
Problemas particulares
Capacidade de reconhecer, conduzir testes diagnósticos e planear tratamento de:
Estenose hipertrófica do piloro
Invaginação intestinal
Doença de Hirschprung
Úlcera péptica e infecção por Helicobacter pylori
Vómitos
Obstipação
Diarreia recorrente ou arrastada
Dor abdominal aguda e recorrente
Icterícia prolongada do lactente
Hemorragia intestinal
Oclusão intestinal
Diagnóstico diferencial de massas abdominais
Insuficiência hepática aguda
Síndrome de intestino curto
Doença inflamatória intestinal
Falência intestinal e síndrome de diarreia intratável
Infecção do tracto gastrintestinal e do fígado
Problemas digestivos da SIDA
Intolerância alimentar
Diarreia aguda e re-hidratação oral
Infecção digestiva nosocominal
Doença hepática crónica e metabólica
Tratamento pré e pós transplante
Problemas de motilidade intestinal
Problemas digestivos em crianças com deficiência
Subnutrição e atraso ponderal
Perturbações da alimentação
Défices específicos de nutrientes
f) Corpo docente
Direcção: Dr. Jorge Amil Dias, Chefe de Serviço de Pediatria e Gastrenterologista Pediátrico, Hospital S. João
Formação Específica
Prof. Doutor Alberto Caldas Afonso, Director do Serviço de Pediatria Médica, Hospital S. João; Professor Auxiliar de Pediatria, Faculdade de Medicina do Porto
Dr.ª Eunice Trindade, Assistente Hospitalar de Pediatria e Gastrenterologista Pediátrica, Hospital S. João
Prof. Doutor António Guerra, Chefe de Serviço de Pediatria, Hospital S. João; Professor Associado de Pediatria, Faculdade de Medicina do Porto
Dr.ª Paula Guerra, Assistente Hospitalar de Pediatria, Hospital S. João
Dr.ª Elisa Leão Teles, Assistente Graduada de Pediatria, Hospital S. João
Dr.ª Esmeralda Rodrigues, Assistente Hospitalar de Pediatria, Hospital S. João
Dr. Fernando Pereira, Chefe de Serviço de Gastrenterologia, Hospital Maria Pia
Formação Básica
Imagiologia: Prof.ª Isabel Ramos, Directora de Serviço e Professora Catedrática de Imagiologia da Faculdade de Medicina do Porto
Anatomia Patológica: Fátima Carneiro, Directora de Serviço e Professora Catedrática de Anatomia Patológica da Faculdade de Medicina do Porto
Bioquímica: Prof.ª Doutora Isabel Azevedo, Professora Catedrática de Bioquímica da Faculdade de Medicina do Porto
Genética: Prof. Doutor Alberto Barros, Professor Catedrático de Genética da Faculdade de Medicina do Porto
Epidemiologia: Prof. Doutor Henrique Barros, Professor Catedrático da Faculdade de Medicina do Porto
Imunologia: Prof. Doutor Fernando Araújo, Chefe de Serviço de Imuno-Hemoterapia e Professor da Faculdade de Medicina do Porto
Biologia e Embriologia: Prof.ª Doutora Deolinda Lima, Professora Catedrática de Bioquímica da Faculdade de Medicina do Porto
Investigação: Prof. Doutor José Carlos Areias, Chefe de Serviço, Professor Catedrático de Pediatria da Faculdade de Medicina do Porto
g) Local e meios técnicos disponíveis
Unidade de Gastrenterologia Pediátrica, Hospital S. João, para realização de técnicas diagnósticas e terapêuticas, consulta, internamento e urgência,
Unidade de Nutrição Pediátrica, Hospital S. João, para avaliação e acompanhamento de doentes com especiais necessidades de suporte nutricional
Unidade de Doenças Metabólicas do Serviço de Pediatria, Hospital S. João, para avaliação e acompanhamento de doentes com patologia metabólica e lesão hepática associada
Serviço de Anatomia Patológica, Hospital S. João, para conhecimento da correlação entre clínica a patologia morfológica.
Serviço de Gastrenterologia, Hospital Maria Pia, para realização de endoscopia digestiva alta a baixa
Serviço de Bioquímica, Faculdade de Medicina do Porto, para seminários e formação em conceitos de ciências básicas relevantes para a prática da Gastrenterologia Pediátrica
Instituto de Patologia e Biologia Molecular (IPATIMUP), Universidade do Porto para participação em projectos de investigação laboratorial
h) Características da Unidade de Gastrenterologia Pediátrica do Hospital de S. João
Tem dois reconhecidos sub-especialistas a trabalhar a tempo inteiro nesta área.
Está integrada num departamento de Pediatria de um Hospital Central e Universitário.
Tem enfermeiros e técnicos especializados em técnicas e métodos de diagnóstico em Gastrenterologia Pediátrica e no atendimento, seguimento e educação de crianças e adolescentes com patologia digestiva e hepática crónica.
Tem espaço físico próprio e adequado para realização de técnicas diagnósticas e terapêuticas digestivas, bem como atendimento dos doentes (internamento e consulta).
É um Centro de referência terciário para crianças e adolescentes em número e patologias, que permitam experiência em todos os domínios desta sub-especialidade.
Dispõe do apoio permanente e regular de cirurgião pediatra, nutricionista, psicólogo, pedopsiquiatra e assistente social.
Tem facilidade de acesso e estreita colaboração com outras Unidades e sub-especialidades, tais como: Imagiologia, Laboratórios com controlo de qualidade (Biologia Molecular, Citogenética, Patologia Geral, Imunologia, Bacteriologia), Oftalmologia Pediátrica, Otorrinolaringologia Pediátrica, Neurologia Pediátrica e Neurorradiologia, Psicologia e Pedopsiquiatria, Endocrinologia Pediátrica, Doenças Metabólicas, Cirurgia Pediátrica, Reanimação e Cuidados Intensivos, Nutrição Pediátrica, em Unidades localizadas no mesmo centro Hospitalar.
Tem capacidade para manter e desenvolver investigação clínica, com possibilidades de recurso a investigação básica e fundamental.
Tem capacidade de desenvolver programas de formação específica, de forma regular e diferenciada e ter participação, activa e regular, em programas de formação de âmbito Nacional.
Dispõe de meios bibliográficos, livros de texto, revistas, e meios informáticos e audiovisuais, de fácil acesso e disponibilidade.
i) Condições a que devem obedecer os candidatos e número de admissões
Possuir o grau de Assistente de Pediatria
Propõe-se a abertura de 2 vagas em 2009
j) Critérios de prioridades para a selecção dos candidatos e critérios de incompatibilidades com o curso
Será dada prioridade aos candidatos que já disponham de alguma experiência e tenham trabalho em Gastrenterologia Pediátrica em Centro já vocacionado nessa área.
Os candidatos serão ordenados, tendo em conta:
Avaliação do curriculum vitae, com especial relevância em Gastrenterologia Pediátrica
Expressão do interesse para a área da diferenciação e demonstração da competência assistencial no exercício das suas funções.
Motivação do candidato
Considera-se incompatível com a frequência do Curso a manutenção de outras actividades assistenciais que impliquem incapacidade de cumprimento das tarefas assistenciais em plena integração na equipa de trabalho e no serviço de urgência. O ciclo incluirá a realização e participação em trabalhos de natureza teórico-prática.
k) Constituição do júri de selecção, que deve ser composto, pelo menos, por três elementos do corpo docente, nomeados pelo órgão de gestão
Prof. Doutor Caldas Afonso
Dr. Jorge Amil Dias
Dra. Eunice Trindade
l) Tipo de avaliação de conhecimentos
O treino deve ser objecto de avaliação contínua, devidamente acompanhado de forma crítica pelo responsável de formação. O médico em formação deve manter um registo actualizado de procedimentos, trabalhos científicos apresentados e publicados e projectos de investigação em concurso ou concluídos. No final do estágio o relatório do estágio deve ser avaliado pelo Serviço formador. Do processo avaliativo continuado e do apreciação final deve ser passada declaração de capacidade para o desempenho da subespecialidade de Gastrenterologia Pediátrica.
A avaliação final constará de:
Discussão de relatório de actividades elaborado pelo candidato
Prova oral teórica de avaliação de conhecimentos
Monografia de investigação clínica (opcional) - Equiparação ao 1.º Ano de Aluno Doutoramento.
A avaliação de conhecimentos será efectuado por júri de avaliação que será composto por.
Director do Serviço de Pediatria Médica do Hospital de S. João
Coordenador da Unidade de Gastrenterologia Pediátrica do Hospital de S. João
Gastrenterologista Pediátrico
m) Equivalências
O Júri de avaliação poderá reconhecer equivalência de parte da formação desde que realizada em Centro idóneo, requerida e devidamente fundamentada com parecer favorável do respectivo orientador ou supervisor do exercício.
n) Avaliação do Ciclo - Decorrerá nos termos do artigo 9.º da citada Portaria 227/2007, de 5 de Março.
o) Aos candidatos seleccionados que já possuam vínculo a estabelecimento ou serviços de saúde é garantida a frequência do Ciclo, em comissão gratuita de serviço.
p) Documentos a apresentar no Serviço de Gestão de Recursos Humanos deste Hospital, dentro do prazo acima indicado:
1 - Declaração de concordância do organismo a que pertence;
2 - Requerimento dirigido ao Presidente do Conselho de Administração deste Hospital, onde deve constar a indicação completa, designadamente: nome, filiação, naturalidade, nacionalidade, data de nascimento, número, data e arquivo de identificação do bilhete de identidade, situação militar, residência, código postal, telefone e organismo a que pertence;
3 - Quatro exemplares de "curriculum vitae";
4 - Certificado comprovativo do grau de assistente em Pediatria Médica ou documento equivalente.
21 de Julho de 2009. - A Técnica Superior, Fernanda Maria Ferreira.
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