Louvo o sargento-chefe operador radarista de deteção NIP 045062-G, Eduardo Manuel Leal Cruz, pelas excecionais qualidades e virtudes militares, elevada competência profissional, extrema lealdade e espírito de missão, evidenciados no desempenho das múltiplas tarefas que lhe foram cometidas ao longo dos 31 anos de serviço ativo.
Ao longo da sua carreira, o sargento-chefe Leal Cruz evidenciou-se como um militar de elevadíssimo nível, dotado de uma sólida formação ética e moral, uma conduta militar irrepreensível, o que a par das suas excecionais qualidades pessoais e virtudes militares, o levaram a constituir-se como uma referência para aqueles que com ele privaram. Militar muito frontal e direto, revelando uma qualidade de trabalho ímpar, com grande espírito de iniciativa e inovação, pautou, desde cedo, a sua conduta, pelos ditames da honra e do dever, qualidades objetivamente patenteadas nos múltiplos louvores e condecorações constantes da sua folha de serviços.
O sargento-chefe Leal Cruz ingressou na Força Aérea Portuguesa em janeiro de 1981, na especialidade operadores radaristas de deteção (OPRDET), funções que exerceu nas Esquadras de Deteção e Conduta de Intersecção de Paços de Ferreira e Montejunto, assim como no Centro de Operações de Defesa Aérea e Centro de Controlo e Reporte, em Monsanto. Em 1986 foi colocado na Base Aérea n.º 6, onde integrou o núcleo inicial de militares que formaram o embrião da Esquadra 601. Enquanto tripulante de P-3P Orion, o sargento-chefe Leal Cruz acumulou aproximadamente 4500 horas de voo como observador, operador não-acústico e instrutor de ambas as funções. O seu elevado desempenho, aliado a um forte sentido de rigor e exigência foram fundamentais na formação dos operadores que lhe sucederam, sendo ainda hoje mencionado como exemplo a seguir.
Ao serviço no Centro de Apoio à Missão (CAM-MPA) desempenhou as funções de analista de guerra eletrónica, analista de interpretação de imagem e ainda de assistente de operações. No âmbito destas funções, o sargento-chefe Leal Cruz participou em diversos exercícios da OTAN como membro das equipas JONBAC (Joint Briefing and Analisys Centre) nas funções de planeamento, briefings às tripulações, acompanhamento e análise de missões, tendo através do seu extraordinário espírito de equipa, humildade e profissionalismo contribuído de forma significativa para o excelente desempenho coletivo nestes fóruns multinacionais, tendo sido alvo dos mais rasgados elogios pela comunidade MPA da OTAN. Ainda no âmbito das suas funções no CAM, tomou a iniciativa de realizar o projeto de reinstalação provisória dos sistemas e serviços deste mesmo Centro, projeto este que foi utilizado na solução técnica adotada pela Força Aérea.
Alicerçado em sólidos conhecimentos de informática e na sua vasta experiência operacional, o sargento-chefe Leal Cruz desenvolveu e implementou uma ferramenta de programação da livraria de ameaças do sistema de guerra eletrónica da aeronave P-3P, conferindo à Esquadra 601 e ao CAM total autonomia nesta área de apoio ao combate.
Adicionalmente, o sargento-chefe Leal Cruz desenvolveu e implementou o «NAVLOG», uma aplicação informática de elevadíssimo valor operacional que possibilitou, desde logo, às tripulações de P-3 uma melhor perceção situacional da área de operações, congregando sobre a cartografia digital a informação posicional de GPS e a imagem tática proveniente do sensor Automatic Identification System, assim como, permitiu o registo automático de toda a missão e a reprodução integral da mesma, particularmente útil para efeitos de reconstituição, análise e de briefing, garantindo uma operação mais eficaz e mais segura do sistema de armas P-3P. Esta sua iniciativa e inteligente aplicação de conhecimentos, revelou-se mais tarde, fundamental para a continuidade da exploração operacional desta plataforma, evitando interrupções no patrulhamento marítimo nacional, até ao final do programa de modernização das novas aeronaves P-3C Cup+.
Neste âmbito, acresce ainda o desenvolvimento e implementação do sistema de planeamento de missão e briefing tático do CAM. Esta ferramenta, construída de acordo com os requisitos impostos pela doutrina da NATO, foi recentemente atualizada para dar resposta à evolução introduzida pela aeronave P-3C CUP+ e seus novos sistemas, sendo usada por tripulações nacionais e estrangeiras, o que já foi alvo de apreciação internacional.
Militar dotado de extraordinário espírito de iniciativa e de disponibilidade para a missão, revelou sempre um enorme interesse no desenvolvimento de soluções técnicas que permitissem combater a obsolescência dos sistemas face a um ambiente operacional em permanente evolução, deixando para trás um legado que contribuiu de forma inestimável para a edificação e evolução da capacidade nacional de patrulhamento marítimo e luta anti-submarina.
Após terminar funções na Esquadra 601, o sargento-chefe Leal Cruz desempenhou ainda funções no Comando Aéreo, no Supreme Headquarters Allied Powers Europe (SHAPE) e no Estado-Maior do Comando Operacional Conjunto (EMCOC).
No SHAPE, onde durante três anos desempenhou inicialmente funções de Administrative Assistant, na Community Relations/Outreach Section, e mais tarde como Technical Evaluator no Logistic Branch da Support Division, foram de novo evidentes as suas extraordinárias capacidades técnicas, na área do desenvolvimento de software, atributos aliás reconhecidos no Certificate of Appreciation da Human Resources Directorate pelo desenvolvimento de uma aplicação informática, que em muito contribuiu para uma mais rápida execução das tarefas da responsabilidade dessa Direção.
Na Repartição de Planos, onde desempenhou funções como auxiliar da repartição, foi responsável pelo manuseamento da documentação e informação em formato digital, proveniente da NATO e da União Europeia, para além da gerada nacionalmente. No âmbito do Exercício Lusíada 2011, foi um elemento chave na área de operações do Comando Operacional Conjunto, onde prestou apoio incondicional aos oficiais de operações, contribuindo para a eficácia desta área funcional.
No momento em que transitou para a situação de reserva, são de realçar, uma vez mais, as suas evidentes qualidades, por se tratar de um militar de elevada correção ética e moral, sempre disponível e dedicado ao bem-servir, leal e cooperante, educado no trato e possuidor de uma excelente cultura geral e militar. Reconhecido pela sua elevadíssima competência técnica, muito para além daquilo que a sua formação e funções exigiam, o sargento-chefe Leal Cruz é merecedor de ver publicamente reconhecido o seu desempenho, devendo os serviços por si prestados ser considerados distintos e relevantes, de que resultou, honra e lustre para as Forças Armadas Portuguesas e para a Pátria.
18 de janeiro de 2013. - O Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Luís Evangelista Esteves de Araújo, general.
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