Resolução da Assembleia da República n.º 172/2025
Aprova o Acordo entre a República Portuguesa e o Reino de Espanha para a Segurança da Navegação e Náutica de Recreio no Troço Internacional do Rio Guadiana, feito em Faro a 23 de outubro de 2024
A Assembleia da República resolve, nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição, aprovar o Acordo entre a República Portuguesa e o Reino de Espanha para a Segurança da Navegação e Náutica de Recreio no Troço Internacional do Rio Guadiana, feito em Faro a 23 de outubro de 2024, cujo texto, nas versões autênticas nas línguas portuguesa e espanhola, se publica em anexo.
Aprovada em 30 de setembro de 2025.
O Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar Branco.
ACORDO ENTRE A REPÚBLICA PORTUGUESA E O REINO DE ESPANHA PARA A SEGURANÇA DA NAVEGAÇÃO E NÁUTICA DE RECREIO NO TROÇO INTERNACIONAL DO RIO GUADIANA
A República Portuguesa e o Reino de Espanha, doravante designados como
Partes
»:Considerando o gradual incremento da náutica de recreio que se tem vindo a verificar no Troço Internacional do Rio Guadiana (adiante designado TIRG);
Conscientes da necessidade de adotar medidas comuns e conjugar esforços com vista a uma adequada regulamentação da náutica de recreio no TIRG;
Atendendo à necessidade de promover e adotar medidas comuns no âmbito da segurança da navegação;
Considerando a existência de um uso comum, de forma equitativa e razoável das águas do TIRG, as características particulares do rio Guadiana e o princípio da livre circulação;
De acordo com o disposto no Tratado entre a República Portuguesa e o Reino de Espanha através do qual se estabelece a linha de fecho das desembocaduras dos rios Minho e Guadiana e se delimitam os troços internacionais de ambos os rios, feito em Vila Real a 30 de maio de 2017, em vigor desde 12 de agosto de 2018;
Com o objetivo de proporcionar idênticas condições aos desportistas náuticos das Partes e de outros Estados de acordo com o Direito Internacional; acordam no seguinte Com o objetivo de proporcionar idênticas condições aos desportistas náuticos das Partes e de outros Estados de acordo com o Direito Internacional; acordam no seguinte:
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Artigo 1.º
Objeto O presente Acordo tem por objeto regular a náutica de recreio, a prática de desportos náuticos e a segurança da navegação no TIRG.
Artigo 2.º
Âmbito de aplicação 1-O presente Acordo é aplicável às águas e margens delimitadas nos termos dos artigos 2.º e 4.º do Tratado entre a República Portuguesa e o Reino de Espanha através do qual se estabelece a linha de fecho das desembocaduras dos rios Minho e Guadiana e se delimitam os troços internacionais de ambos os rios, feito em Vila Real a 30 de maio de 2017, em vigor entre ambas as Partes.
2-As embarcações estão sujeitas ao Direito Interno do Estado onde estejam registadas em todos os aspetos relativos à classificação, arqueação, identificação, construção, modificação, segurança e equipamentos, registo e documentos de bordo, lotações de segurança e máxima capacidade, habilitação legal e técnica para o comando da embarcação e da tripulação.
Artigo 3.º
Definições Para efeitos do presente Acordo, entende-se por:
a) Zona de soberania:
área definida da responsabilidade de cada Parte conforme os Tratados e Convenções de Limites em vigor entre a República Portuguesa e o Reino de Espanha; área definida da responsabilidade de cada Parte conforme os Tratados e Convenções de Limites em vigor entre a República Portuguesa e o Reino de Espanha;
b) Embarcação:
a definição de
navio
» conforme a Convenção sobre o Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar, de 1972, na redação em vigor;c) Embarcação de Recreio Portuguesa (ERP):
todo o engenho ou aparelho, de qualquer natureza, independentemente do seu meio de propulsão, utilizado ou suscetível de ser utilizado como meio de deslocação de superfície na água em lazer ou desportos náuticos, registada em Portugal; todo o engenho ou aparelho, de qualquer natureza, independentemente do seu meio de propulsão, utilizado ou suscetível de ser utilizado como meio de deslocação de superfície na água em lazer ou desportos náuticos, registada em Portugal;
d) Embarcação de recreio espanhola (ERE):
toda a embarcação, de qualquer tipo, independentemente do seu meio de propulsão, cujo comprimento esteja compreendido entre 2,5 m e 24 m, concebida ou utilizada para fins desportivos ou de lazer e registada em Espanha; toda a embarcação, de qualquer tipo, independentemente do seu meio de propulsão, cujo comprimento esteja compreendido entre 2,5 m e 24 m, concebida ou utilizada para fins desportivos ou de lazer e registada em Espanha;
e) Mota de água:
embarcação com fins desportivos, recreativos e profissionais, com um comprimento do casco inferior a 4 m, que utilize um motor de propulsão com uma bomba a jato de água como fonte principal de propulsão e seja concebida para ser manobrada por uma ou mais pessoas sentadas, em pé ou de joelhos em cima de um casco, e não dentro dele; embarcação com fins desportivos, recreativos e profissionais, com um comprimento do casco inferior a 4 m, que utilize um motor de propulsão com uma bomba a jato de água como fonte principal de propulsão e seja concebida para ser manobrada por uma ou mais pessoas sentadas, em pé ou de joelhos em cima de um casco, e não dentro dele;
f) Embarcação de alta velocidade (EAV):
a embarcação que, de acordo com o Direito Interno de cada Estado, esteja classificada como tal e com a marca de EAV estabelecida; a embarcação que, de acordo com o Direito Interno de cada Estado, esteja classificada como tal e com a marca de EAV estabelecida;
g) Engenho flutuante ou de praia português:
as canoas, caiaques, gaivotas, cocos, pranchas e outras embarcações desprovidas de motor ou vela, bem como instalações flutuantes fundeadas; as canoas, caiaques, gaivotas, cocos, pranchas e outras embarcações desprovidas de motor ou vela, bem como instalações flutuantes fundeadas;
h) Artefacto flutuante ou de praia espanhol:
artefacto projetado com fins recreativos ou desportivos, dos seguintes tipos:
i) Pirogas, caiaques, canoas sem motor e outros artefactos sem propulsão mecânica;
ii) Patins a pedal ou providos a motor com potência inferior a 3,5 kW;
iii) Motas de água;
iv) Pranchas à vela;
v) Pranchas com motor;
vi) Instalações flutuantes fundeadas;
vii) Outros artefactos similares aos descritos nas alíneas anteriores utilizados para lazer;
i) Embarcações de recreio e artefactos ou engenhos flutuantes ou de praia de outros Estados:
os que não estejam registados em Portugal ou Espanha, ou, caso sejam embarcações dispensadas de registo, as que não sejam propriedade de nacionais ou residentes nas Partes; os que não estejam registados em Portugal ou Espanha, ou, caso sejam embarcações dispensadas de registo, as que não sejam propriedade de nacionais ou residentes nas Partes;
j) Embarcação de pesca:
toda a embarcação utilizada direta ou indiretamente na exploração comercial dos recursos biológicos marinhos ou que possa ser utilizada como tal, tanto na pesca como na transformação ou no transporte de pescado ou produtos dele derivados, com exclusão das embarcações que os transportem como carga geral; toda a embarcação utilizada direta ou indiretamente na exploração comercial dos recursos biológicos marinhos ou que possa ser utilizada como tal, tanto na pesca como na transformação ou no transporte de pescado ou produtos dele derivados, com exclusão das embarcações que os transportem como carga geral;
k) Autoridade competente:
a autoridade ou entidade designada por cada Parte, competente em razão da matéria ou área de jurisdição segundo o seu Direito Interno; a autoridade ou entidade designada por cada Parte, competente em razão da matéria ou área de jurisdição segundo o seu Direito Interno;
l) Comando efetivo da embarcação:
pessoa responsável pelo comando e segurança da embarcação, abarcando tanto a navegação como o seu funcionamento.
CAPÍTULO II
DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS A EMBARCAÇÕES
Artigo 4.º
Uso da Bandeira Nacional 1-Todas as embarcações que naveguem ou estejam fundeadas no TIRG arvoram a bandeira nacional do seu Estado e têm gravado no seu casco o nome e a matrícula com que foram registadas.
2-Estão dispensadas do disposto no número anterior aquelas embarcações que, por força do Direito Interno do seu Estado de bandeira, a tal não estejam obrigadas.
Artigo 5.º
Documentação de bordo 1-A pessoa que tiver o comando efetivo da embarcação deve apresentar, quando tal lhe seja exigido pela entidade fiscalizadora, no mínimo os seguintes documentos originais ou cópias autenticadas:
a) Documento que ateste a propriedade da embarcação, contrato de aluguer ou similar;
b) Certificado de navegabilidade ou equivalente;
c) Documento que habilite os tripulantes para manobrar a embarcação, em conformidade com as características da embarcação, área de navegação ou lotação de segurança, se o Direito Interno do Estado de Bandeira assim o exigir;
d) Apólice do seguro obrigatório, se exigível conforme o disposto no artigo 6.º 2-Para além dos documentos referidos no número anterior, as embarcações de ambas as Partes devem dispor da documentação obrigatória nos termos do Direito aplicável.
3-Na impossibilidade da apresentação imediata dos documentos referidos nos n.os 1 e 2 do presente artigo, os mesmos devem ser apresentados no prazo de 48 horas.
4-No caso previsto no número anterior, a pessoa que tiver o comando efetivo deve apresentar um documento comprovativo da sua identidade ou declarar o seu nome e morada, confirmado por testemunho de algum dos acompanhantes que se encontre a bordo.
5-No caso de a pessoa que tem o comando efetivo não dispor dos meios de identificação ou subsistirem dúvidas quanto ao seu domicílio, nos termos do número anterior, a embarcação é mandada recolher a um porto de abrigo ou local a indicar pela entidade fiscalizadora, proibindo-se a sua saída do porto até que o utilizador proceda à sua identificação.
Artigo 6.º
Seguro obrigatório 1-As embarcações e motas de água estão obrigadas a dispor de um seguro que garanta a responsabilidade civil pelos danos causados a terceiros e que cumpra o estipulado no Direito Interno da Parte onde estão registadas.
2-Estão dispensadas do disposto no número anterior aquelas embarcações que pelo Direito Interno das Partes não estejam obrigadas a tal.
CAPÍTULO III
MEDIDAS DE SEGURANÇA DA NAVEGAÇÃO
Artigo 7.º
Regras de navegação 1-Todas as embarcações, motas de água e outros artefactos ou engenhos flutuantes ou de praia, que naveguem no TIRG, devem cumprir as normas estabelecidas na Convenção sobre o Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar, de 1972, na redação em vigor.
2-As embarcações devem navegar, fundear, varar ou atracar observando todas as indicações e instruções existentes nas cartas de navegação, bem como nos avisos, editais e ajudas de navegação publicados pelas autoridades competentes, com especial atenção às respeitantes ao fecho e à abertura da barra, à alteração da sinalização fluvial ou à sinistralidade marítima ou quaisquer condicionamentos aplicáveis às águas em que se desenrola este tipo de navegação.
3-As embarcações não podem interferir com as operações de reabastecimento de água das aeronaves destinadas ao combate a incêndios, devendo cumprir as instruções dadas pelos agentes da autoridade destacados na zona para garantir a segurança das operações.
4-As embarcações a motor, com exceção das de pesca, não devem navegar a menos de 25 m das margens do TIRG. Nos locais onde a largura ou profundidade do TIRG não permita manter essa distância, ou durante as manobras de aproximação e afastamento aos cais de atracação, locais de amarração e fundeadouros, ou perante uma situação de emergência, as embarcações devem navegar a uma velocidade não superior a 4 nós.
5-Nos locais em que a largura ou a profundidade do TIRG não permita manter a distância mencionada no número anterior, as embarcações a motor devem manter a distância máxima possível, tendo em conta as circunstâncias próprias do local.
6-As embarcações propulsionadas a remos ou a pedais devem navegar o mais próximo possível das margens do TIRG, por forma a garantir a sua segurança.
7-Todas as embarcações devem proporcionar uma distância de segurança de 25 m, ou o máximo que a largura do rio permita, quando naveguem perto dos cais de atracação, de embarcações fundeadas e de artes de pesca, sempre que a profundidade o permita.
8-As embarcações a motor ou à vela e as motas de água devem manter uma distância adequada às de pequeno porte ou sem motor e reduzir até à velocidade mínima de governo, se necessário, de modo a evitar ondulação que possa pôr em perigo estas últimas.
9-As embarcações a motor ou à vela, motas de água e outros engenhos ou artefactos flutuantes não interferirão com a navegação das embarcações que fazem a ligação entre ambos os Estados, nem com outras embarcações mercantes com navegação condicionada pelo seu calado, reboque, dragas, entre outros, que se encontrem a navegar no TIRG.
10-É obrigatório respeitar os lances das embarcações de pesca profissional, devendo esperar que sejam levantadas as artes e não impedir o livre movimento dessas embarcações.
Artigo 8.º
Zonas de fundeadouro e amarração 1-É permitido fundear com caráter temporário ao longo do TIRG, com as seguintes exceções:
a) Nos canais ou nas linhas de tráfego habituais do ferryboat entre Ayamonte e Vila Real de Santo António;
b) Nos canais de acesso e a menos de 100 m das infraestruturas portuárias, cais, embocaduras de docas, marinas e portos de recreio;
c) Dentro das zonas de banho sinalizadas e devidamente balizadas e nos respetivos corredores de acesso;
d) Nas confluências dos esteiros ou afluentes do TIRG;
e) Nas zonas demarcadas para a realização de competições desportivas;
f) No canal de navegação;
g) Nos locais onde se dificulte o exercício da atividade de pesca;
h) Nas áreas definidas para a realização de operações de reabastecimento de água das aeronaves destinadas ao combate a incêndios;
i) Nas zonas em que por edital das autoridades competentes esteja proibido.
2-Caso uma embarcação permaneça fundeada sem tripulação a bordo por um período superior a 72 horas, o proprietário ou a pessoa que tem o comando efetivo da embarcação deverá comunicar tal facto às autoridades competentes da Parte em cuja área a embarcação vai fundear, indicando uma previsão de largada e os meios de localização do proprietário.
3-As embarcações fundeadas deverão estar devidamente sinalizadas, tanto de dia como de noite.
4-Se uma embarcação permanecer fundeada por mais de seis meses, sem tripulação a bordo, pode iniciar-se um expediente de abandono de acordo com o Direito Interno vigente da Parte em cujas águas está fundeada.
5-São proibidas instalações fixas de pontos de amarração para embarcações, poitas e boias de amarração de particulares, de forma permanente, nas margens do TIRG.
6-As autoridades competentes de cada Parte regulam, fiscalizam e controlam as áreas de amarração concessionadas nas suas zonas de soberania, respeitando o uso comum do TIRG e as atividades tradicionais de pesca.
7-Os projetos destas áreas devem integrar os pareceres favoráveis das autoridades competentes em matéria de segurança marítima e da proteção do meio ambiente.
8-Em caso de emergência, as embarcações poderão fundear em qualquer zona do TIRG até à resolução da situação e inexistência de perigo para a segurança da navegação. Nestes casos, as autoridades competentes de cada Parte deverão ser de imediato informadas.
Artigo 9.º
Navegação junto às praias e zonas de banho 1-Nas praias fluviais e nas zonas habituais de recreio, devidamente sinalizadas, a distância mínima para navegação junto às referidas margens é de 50 m.
2-Quando não se possa cumprir os limites definidos no número anterior, deve navegar-se à máxima distância possível e à velocidade de segurança mínima que permita o governo da embarcação.
3-Todas as embarcações e artefactos flutuantes, independentemente do seu meio de propulsão, que saiam ou se dirijam para as praias e zonas de banho deverão seguir pelos canais de acesso sinalizados; caso estes não existam, pelas extremidades das praias ou das zonas de banho, pela perpendicular à margem, tomando todas as medidas de segurança possíveis e navegando à velocidade mínima que permita o governo da embarcação.
Artigo 10.º
Navegação noturna 1-Só podem navegar no período noturno as embarcações cujas características o permitam, e cuja pessoa com comando efetivo possua o título correspondente e deverá garantir-se o cumprimento das regras da parte C da Convenção sobre o Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar, de 1972, na redação em vigor.
2-É proibida a navegação do pôr-do-sol ao nascer do sol de motas de água e outros artefactos ou engenhos flutuantes ou de praia, com ou sem motor, ou em condições meteorológicas em que se observe visibilidade inferior a 500 m ou ventos fortes superiores a Força 5, na escala de Beaufort.
Artigo 11.º
Motas de água e outros artefactos ou engenhos flutuantes Como medidas de segurança adicionais, as motas de água e outros artefactos ou engenhos flutuantes devem cumprir as seguintes normas:
a) Todas as pessoas a bordo devem envergar coletes de salvação homologados, se aplicável;
b) Manter uma distância de segurança adequada a qualquer embarcação;
c) A navegação deste tipo de embarcações só é permitida durante o dia e nas condições previstas no n.º 2 do artigo anterior;
d) É proibido realizar o reboque de qualquer tipo de embarcação ou artefacto, incluindo o esqui aquático, exceto nas áreas e períodos autorizados e nas situações de emergência ou socorro.
Artigo 12.º
Esqui aquático e outras atividades que impliquem reboque A prática de esqui aquático e outras atividades que impliquem reboque devem cumprir as seguintes medidas de segurança adicionais:
a) As embarcações que efetuem reboque de esquiadores ou outras atividades que impliquem reboque devem ter a bordo um mínimo de dois tripulantes, um dos quais deve possuir título correspondente para poder governar a embarcação e o outro vigiará o(s) praticante(s) e/ou a embarcação/artefacto rebocada/o;
b) Os esquiadores ou as pessoas rebocadas devem estar equipadas com coletes de salvação de flutuabilidade permanente ou fatos de flutuabilidade positiva;
c) As embarcações que pratiquem esqui aquático ou outra atividade que implique reboque devem manter uma distância mínima de 50 m das margens do TIRG, das zonas reservadas a banhistas e de qualquer obstáculo que ponha em perigo o conjunto da embarcaçãoreboque, exceto na entrada e saída através dos canais de acesso;
d) Não é permitida a prática de esqui aquático ou outra atividade que implique reboque nos canais de acesso às zonas de amarração e nas zonas de grande concentração de embarcações a navegar ou fundeadas, nem nas zonas de trânsito das embarcações que fazem a ligação entre as Partes;
e) O cabo de reboque deve ser fixo à embarcação de forma que permita a sua manobra em qualquer circunstância.
Artigo 13.º
Embarcações de alta velocidade (EAV) 1-As EAV, quando naveguem no TIRG, estão obrigadas a cumprir o estabelecido no Direito Interno da Parte onde se encontram registadas, para além do estabelecido no presente Acordo.
2-As autoridades competentes trocarão informação sobre as EAV das respetivas nacionalidades que se encontrem no TIRG, assim como sobre aquelas que sejam aí detetadas.
3-Para garantir a salvaguarda da segurança e do tráfego fluvial do TIRG, as autoridades competentes podem adotar medidas adicionais, devidamente fundamentadas e comunicadas ao seu proprietário em conformidade com o Direito vigente, tais como:
a) Negar a autorização de saída, com base nas circunstâncias da navegação local. No despacho de negação deve figurar, na medida do possível, a data e hora limite dessa negação;
b) Estabelecer um itinerário autorizado para o trânsito da EAV no TIRG;
c) Estabelecer os limites máximos de velocidade, podendo estes variar consoante as zonas do TIRG;
d) Proibir a navegação das EAV que tenham sofrido modificações não autorizadas pelo Estado de Bandeira.
Artigo 14.º
Restrições à navegação Por motivos justificados da segurança da navegação ou necessidade de conservação do ecossistema, as autoridades competentes de ambas as Partes podem acordar, mediante um procedimento comum estabelecido, a proibição ou a restrição da navegação em troços do TIRG ou fechar o acesso ao TIRG.
CAPÍTULO IV
MEIO AMBIENTE
Artigo 15.º
Proteção do meio ambiente marítimo 1-É proibido lançar na água a partir das embarcações qualquer dos seguintes tipos de resíduos:
a) Resíduos oleosos, tais como óleos, águas oleosas, combustíveis e outro tipo de hidrocarbonetos;
b) Resíduos perigosos, tais como restos de tintas, diluentes, baterias ou pilhas usadas, entre outros;
c) Plásticos, vidros, embalagens e recipientes de cartão, de plástico ou de qualquer outro tipo, entre outros;
d) Lixos sólidos, restos de comida, entre outros;
e) Águas sujas provenientes de lavabos, cozinhas ou sanitas.
2-Todos os resíduos serão entregues nas instalações de receção em terra destinadas para o efeito e geridas por entidades devidamente autorizadas, as quais fornecem, aos utilizadores, os correspondentes justificativos, nos termos definidos na Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios (MARPOL), adotada em Londres em 17 de fevereiro de 1978 e respetivos Protocolos, em vigor. Os justificativos da entrega de resíduos devem ser conservados pelos proprietários das embarcações, durante um mínimo de dois anos.
3-Além das regras definidas neste artigo, é aplicável o Direito Interno de ambas as Partes sobre prevenção da poluição.
CAPÍTULO V
OUTRAS ATIVIDADES
Artigo 16.º
Competições desportivas ou eventos náuticos coletivos 1-As competições desportivas ou eventos náuticos coletivos são autorizados pela autoridade competente da nacionalidade da entidade organizadora ou da margem a partir da qual se vai iniciar a atividade, nos termos das condições estabelecidas no Direito Interno de cada uma das Partes e mantendo informada a autoridade competente da outra Parte.
2-As referidas autoridades competentes fixam zonas do TIRG para a realização das provas e estabelecem as respetivas normas de segurança.
3-Em competições desportivas a nível nacional ou internacional, mediante solicitação prévia das respetivas federações, associações ou clubes federados, e com parecer das autoridades competentes, podem ser adotadas medidas de segurança específicas.
4-Atendendo às tradições locais, mediante solicitação prévia, as autoridades competentes poderão autorizar a utilização de embarcações de pesca para embarque de pessoas não pertencentes ao rol de tripulação, sem ultrapassar a lotação prevista nos seus certificados ou a que o Direito em vigor estabeleça. Em cada autorização deverá figurar o número máximo de pessoas permitidas a bordo, assim como a proibição de levar a bordo qualquer tipo de arte para a pesca profissional.
Artigo 17.º
Atividades subaquáticas 1-Estão proibidas todas as atividades subaquáticas.
2-É excecionalmente permitido o mergulho amador em apneia ou o mergulho profissional relacionado com as atividades abaixo descritas mediante autorização:
a) Atividades subaquáticas com fins científicos e de investigação;
b) Atividades subaquáticas com fins arqueológicos efetuadas nas respetivas zonas de soberania;
c) Atividades subaquáticas necessárias para obras de infraestruturas ou reconhecimento de cascos;
d) Atividades subaquáticas de busca, salvamento e treino, dirigidas e coordenadas pelas autoridades competentes.
3-Deverão sempre mostrar a sinalização regulamentar e dispor dos meios de segurança e vigilância que forem estabelecidos.
CAPÍTULO VI
CONTROLO E VIGILÂNCIA
Artigo 18.º
Controlo e vigilância 1-O controlo e a vigilância do estabelecido no presente Acordo são assegurados pelas autoridades competentes de cada Parte sobre qualquer embarcação que navegue, esteja fundeada, amarrada, encalhada ou atracada no TIRG.
2-Ambas as Partes reconhecem como válidas as inspeções efetuadas pelos agentes das autoridades competentes de qualquer delas.
CAPÍTULO VII
REGIME SANCIONATÓRIO
Artigo 19.º
Infrações 1-Constitui contraordenação todo o facto censurável resultante da prática de atos ou omissões, por dolo ou negligência, que configurem incumprimento do estabelecido no presente Acordo.
2-Quando os factos possam constituir ilícito penal face ao Direito Interno de qualquer das Partes, para além da abertura de um processo sancionatório, os presumíveis infratores serão presentes ao tribunal competente.
3-As contraordenações no âmbito do presente Acordo são reguladas pelas disposições nele previstas e, subsidiariamente, pelo Direito Interno aplicável à referida matéria.
4-As infrações não tipificadas pelo presente Acordo serão sancionadas segundo o Direito Interno de cada Parte.
5-É responsável direto pelas infrações o proprietário e é responsável subsidiário a pessoa que tenha o comando efetivo da embarcação, mota de água, artefacto ou engenho flutuante ou de praia no momento em que a infração for cometida ou as entidades organizadoras, clubes ou federações desportivas e os coordenadores de segurança dos eventos.
Artigo 20.º
Processo sancionatório 1-A instrução dos processos e a aplicação das respetivas coimas e sanções acessórias respeitantes a embarcações portuguesas ou espanholas são levadas a cabo pela autoridade competente da Parte em que está registada a embarcação, independentemente da nacionalidade do agente de fiscalização que tenha efetuado a denúncia.
2-Se a embarcação não possuir registo e o mestre for de nacionalidade portuguesa ou espanhola, a tramitação do processo sancionatório compete à autoridade competente da nacionalidade do mestre.
3-A autoridade competente para sancionar nos casos em que a embarcação infratora seja de outros Estados será:
a) Se a embarcação estiver fundeada ou amarrada, a da Parte em cuja zona tenha sido cometida a presumível infração;
b) Se a embarcação estiver a navegar ou existam dúvidas quanto à zona da infração, a da Parte do agente de fiscalização que tenha efetuado a denúncia.
4-Quando a infração seja cometida em terra firme ou numa embarcação encostada a terra ou tão próxima dela que seja possível saltar para bordo a pé enxuto, a instrução e a aplicação das coimas e sanções acessórias são competência das autoridades dessa Parte.
5-O envio dos autos de notícia é efetuado através do Capitão do Porto de Vila Real de Santo António e do Comandante Naval de Huelva, para que a autoridade competente na outra Parte dê início ao processo sancionatório, se for caso disso.
6-As decisões finais dos processos sancionatórios serão comunicadas à Parte na qual teve origem a denúncia pela infração ao presente Acordo.
Artigo 21.º
Classificação das contraordenações 1-As contraordenações previstas no presente Acordo classificam-se em leves, graves e muito graves.
2-As contraordenações leves são sancionáveis com coima.
3-As contraordenações graves ou muito graves podem ser sancionáveis com coima e com sanção acessória.
Artigo 22.º
Contraordenações leves Para efeitos do presente Acordo, consideram-se como leves as seguintes contraordenações:
a) Não guardar a distância mínima de segurança;
b) Não navegar à velocidade mínima de governo estabelecida nas zonas em que tal é exigido;
c) Não respeitar os lances de pesca;
d) Não utilizar os canais de acesso às zonas de banho;
e) Não identificar as boias de amarração autorizadas;
f) Operar motas de água ou similares sem envergar colete de salvação homologado, se aplicável;
g) Praticar esqui aquático ou reboque aquático sem envergar colete de salvação homologado, se aplicável;
h) Não levar a documentação a bordo, ou não a apresentar num prazo inferior a 48 horas corridas;
i) Não levar hasteada a bandeira do Estado de registo.
Artigo 23.º
Contraordenações graves Para efeitos do presente Acordo, consideram-se como graves as seguintes contraordenações:
a) Dificultar a passagem dos ferries que estabelecem a ligação entre as Partes ou de embarcações condicionadas pelo calado ou com capacidade de manobra restringida;
b) Dificultar as operações de reabastecimento de água das aeronaves destinadas ao combate a incêndios;
c) Navegar à noite em condições não autorizadas, com embarcações sem motor, motas de água ou engenhos flutuantes ou de praia;
d) Fundear em zonas não autorizadas;
e) Permanecer fundeado por mais de 72 horas sem tripulação a bordo e sem previamente o ter comunicado às autoridades;
f) Instalar poitas e boias de amarração sem a autorização das autoridades competentes;
g) Permanecer fundeado ou amarrado sem sinalização;
h) Utilizar motas de água ou pranchas motorizadas para rebocar, sem justificação de força maior;
i) Efetuar reboque de esqui aquático sem a tripulação mínima estabelecida;
j) Praticar esqui aquático em zonas ou períodos não autorizados;
k) Navegar ou fundear em zonas proibidas;
l) Praticar modalidades de mergulho não autorizadas ou sem autorização;
m) Não dispor ou não ser titular da documentação de bordo;
n) Efetuar competições desportivas sem a respetiva autorização ou sem cumprir as normas estabelecidas na autorização;
o) Não possuir o nome e a matrícula gravados no exterior da embarcação;
p) Não acatar a determinação do fecho da barra, de acordo com os protocolos em vigor, salvo casos de força maior.
Artigo 24.º
Contraordenações muito graves Para efeitos do presente Acordo, consideram-se como muito graves as seguintes contraordenações:
a) O incumprimento das regras de proteção do meio ambiente dispostas no n.º 1 do artigo 15.º do presente Acordo;
b) Oferecer resistência, desobedecer, obstruir ou fugir às autoridades fiscalizadoras.
Artigo 25.º
Coimas 1-As contraordenações tipificadas no presente Acordo são sancionadas com coimas de 80 a 10 000 euros, de acordo com a seguinte escala:
a) As contraordenações leves, com coima de 80 a 350 euros;
b) As contraordenações graves, com coima de 351 a 3500 euros;
c) As contraordenações muito graves, com coima de 3501 a 10 000 euros.
2-Caso a contraordenação tenha sido praticada por pessoa coletiva, os limites mínimos e máximos das coimas acrescem para o dobro.
Artigo 26.º
Determinação da medida das coimas Para além dos critérios previstos no Direito Interno de cada uma das Partes, a determinação da coima far-se-á em função da gravidade da contraordenação e da culpa, tendo ainda em conta os antecedentes do infrator relativamente aos regulamentos e leis infringidos.
Artigo 27.º
Sanções acessórias Para além da coima correspondente, as autoridades competentes podem aplicar, na decisão final do processo, as seguintes sanções acessórias:
a) Apreensão da embarcação e demais equipamento a favor da Parte que instruiu o processo;
b) Remoção das instalações fixas não autorizadas e das poitas e boias de amarração pelo infrator ou, se ultrapassado o prazo fixado para a remoção, pelas autoridades competentes, a expensas deste.
Artigo 28.º
Medidas cautelares 1-Quando a gravidade da infração o justifique ou se relacione com embarcações de recreio, motas de água ou artefactos ou engenhos flutuantes de outros Estados, cujos proprietários não se encontrem domiciliados na Parte responsável pela instrução do processo sancionatório, a autoridade competente de cada Parte poderá ordenar, em conformidade com o seu Direito Interno sobre a matéria, as seguintes medidas cautelares:
a) A proibição de saída de porto da embarcação e apreensão do respetivo equipamento suscetível de ter sido utilizado na prática da contraordenação;
b) O depósito de uma caução cujo limite não exceda o valor máximo da coima aplicável à respetiva contraordenação.
2-As medidas cautelares a que se refere o número anterior serão levantadas logo que sejam satisfeitas as coimas.
3-Poderá igualmente ser proibida a saída do porto das embarcações até que seja provada a sua titularidade.
4-As medidas cautelares previstas no presente artigo são mantidas até à decisão final do processo sancionatório, sem prejuízo da aplicação das sanções acessórias previstas.
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES FINAIS
Artigo 29.º
Comissão Permanente do Troço Internacional do Rio Guadiana 1-É criada a Comissão Permanente do Troço Internacional do Rio Guadiana (CPTIRG), integrada por delegações de Portugal e Espanha representadas de forma paritária, que tratará de todos os assuntos relacionados com a aplicação do presente Acordo e demais acordos em vigor no TIRG que prevejam a coordenação da CPTIRG.
2-Para os efeitos previstos no número anterior, a CPTIRG dependerá diretamente da Comissão Internacional de Limites entre Portugal e Espanha (CIL), a quem compete assessorar e reportar os resultados das suas ações.
3-A CPTIRG será composta por um número não superior a sete membros por cada Parte, incluindo os representantes navais, da administração marítima, dos setores da pesca, navegação, transporte marítimo e ambiente.
4-A delegação portuguesa será presidida pelo Capitão do Porto de Vila Real de Santo António e a delegação espanhola pelo Comandante Naval de Huelva.
5-A CPTIRG pode reunir em sessão plenária ou em comissões especializadas em função dos assuntos em análise. Compete aos presidentes convocar os respetivos membros.
6-Às reuniões da CPTIRG poderão assistir, se os presidentes considerarem conveniente, representantes da CIL, técnicos das administrações de ambas as Partes com competência no TIRG e autoridades regionais e locais de ambas as Partes.
7-Os presidentes acordam as datas e os locais para a CPTIRG reunir, pelo menos uma vez por ano em sessão ordinária, e quando uma das Partes o requeira, em sessão extraordinária.
8-Os presidentes elaboram uma ata da reunião, que remetem à CIL.
9-Compete aos membros da CPTIRG elaborar o seu regulamento interno.
Artigo 30.º
Competências da CPTIRG 1-No que respeita ao presente Acordo, compete à CPTIRG tratar de todos os assuntos relacionados com a segurança da navegação e a náutica de recreio a fim de informar e assessorar a CIL para alcançar os acordos, atualizações ou emendas necessárias à melhoria das condições de segurança da navegação no TIRG, designadamente:
a) Examinar e interpretar as dúvidas resultantes da aplicação do presente Acordo;
b) Efetuar o acompanhamento da aplicação do presente Acordo, de modo a propor as necessárias emendas e atualizações, incluindo os artigos referentes aos valores das coimas;
c) Emitir parecer sobre projetos de zonas de amarração concessionadas e obras nas margens do TIRG que possam afetar a segurança da navegação;
d) Controlar as condições de navegabilidade e segurança na navegação do TIRG.
2-A CPTIRG deverá informar as autoridades locais e regionais de ambas as Partes de todas as decisões adotadas relacionadas com a aplicação do presente Acordo, bem como exercer funções consultivas, de caráter técnico, aos organismos que o requeiram.
3-Os presidentes da CPTIRG manterão um arquivo atualizado do Direito aplicável à náutica de recreio e à segurança da navegação de ambas as Partes, mantendo-se mutuamente informados de todas as emendas posteriores.
Artigo 31.º
Solução de controvérsias Qualquer controvérsia relativa à interpretação ou à aplicação do presente Acordo não resolvida no âmbito da CPTIRG será solucionada através de negociação entre as Partes, por via diplomática.
Artigo 32.º
Revisão 1-O presente Acordo pode ser objeto de revisão a pedido de qualquer das Partes.
2-As emendas entrarão em vigor nos termos previstos no artigo 34.º do presente Acordo.
Artigo 33.º
Vigência e denúncia 1-O presente Acordo permanecerá em vigor por um período de seis anos renovável automaticamente por períodos iguais e sucessivos.
2-Qualquer das Partes poderá denunciar o presente Acordo mediante notificação prévia, por escrito e por via diplomática, com uma antecedência mínima de 180 dias em relação ao termo do período de vigência em curso.
3-Em caso de denúncia, as Partes comprometem-se a iniciar as negociações necessárias para a assinatura de um novo acordo da segurança da navegação e da náutica de recreio no TIRG, mantendo-se o presente Acordo em vigor até à entrada em vigor de um novo acordo.
Artigo 34.º
Entrada em vigor O presente Acordo entrará em vigor 30 dias após a receção da última notificação, por escrito e por via diplomática, confirmando que foram cumpridos os requisitos de Direito Interno das Partes necessários para o efeito.
Artigo 35.º
Registo A Parte em cujo território o presente Acordo for assinado, submetê-lo-á para registo junto do Secretariado das Nações Unidas imediatamente após a sua entrada em vigor, nos termos do artigo 102.º da Carta das Nações Unidas, devendo, igualmente, notificar a outra Parte da conclusão deste procedimento e indicarlhe o número de registo atribuído.
Feito em Faro a 23 de outubro de 2024, em dois originais, nas línguas portuguesa e espanhola, sendo ambos igualmente autênticos.
Pela República Portuguesa:
Paulo Artur dos Santos Castro de Campos Rangel, Ministro de Estado e de Negócios Estrangeiros.
Pelo Reino de Espanha:
José Manuel Albares Bueno, Ministro dos Assuntos Exteriores, União Europeia e Cooperação.
ACUERDO ENTRE LA REPUBLICA PORTUGUESA Y EL REINO DE ESPAÑA PARA LA SEGURIDAD DE LA NAVEGACIÓN Y LA NÁUTICA DE RECREO EN EL TRAMO INTERNACIONAL DEL RÍO GUADIANA
La República Portuguesa y el Reino de España, en adelante designados como
Partes
»:Considerando el incremento gradual de la náutica de recreo que se ha observado en el Tramo Internacional del Río Guadiana (en adelante TIRG);
Conscientes de la necesidad de adoptar medidas comunes y conjugar esfuerzos con vistas a una adecuada reglamentación de la náutica de recreo en el TIRG;
Atendiendo a la necesidad de promover y adoptar medidas comunes en el ámbito de la seguridad de la navegación;
Considerando la existencia de un uso común, equitativo y razonable de las aguas del TIRG, las características particulares del río Guadiana y el principio de libre circulación;
De acuerdo con lo dispuesto en el Tratado entre la Republica Portuguesa y el Reino de España a través del que se establece la línea de cierre de las desembocaduras de los ríos Miño y Guadiana y se delimitan los tramos internacionales de ambos ríos, hecho en Vila Real, el 30 de mayo de 2017, en vigor desde el 12 de agosto de 2018;
Con el objetivo de proporcionar idénticas condiciones a los deportistas náuticos de las Partes y de otros Estados, de acuerdo con el Derecho Internacional; acuerdan lo siguiente Con el objetivo de proporcionar idénticas condiciones a los deportistas náuticos de las Partes y de otros Estados, de acuerdo con el Derecho Internacional; acuerdan lo siguiente:
CAPÍTULO I
DISPOSICIONES GENERALES
Artículo 1 Objeto El objeto del presente Acuerdo es regular la náutica de recreo, la práctica de los deportes náuticos y la seguridad de la navegación en el TIRG.
Artículo 2 Ámbito de aplicación 1-El presente Acuerdo es aplicable a las aguas y márgenes delimitadas conforme a lo dispuesto en los artículos 2 y 4 del Tratado entre la República Portuguesa y el Reino de España por el que se establece la línea de cierre de las desembocaduras de los ríos Miño y Guadiana y se delimitan los tramos internacionales de ambos ríos, hecho en Vila Real el 30 de mayo de 2017, en vigor en ambas Partes.
2-Las embarcaciones estarán sujetas al derecho interno del Estado donde estén registradas en todo lo referente a su clasificación, arqueo, identificación, construcción, modificaciones, seguridad y equipamientos, registro de documentos a bordo, seguridad y máxima capacidad, habilitación legal y técnica para el patrón y tripulación.
Artículo 3 Definiciones A los efectos del presente Acuerdo, se entiende por:
a) Zona de soberanía:
área definida de responsabilidad de cada Parte, de acuerdo con los Tratados y Convenios de límites vigentes entre la República Portuguesa y el Reino de España; área definida de responsabilidad de cada Parte, de acuerdo con los Tratados y Convenios de límites vigentes entre la República Portuguesa y el Reino de España;
b) Embarcación:
la definición de
buque
» contenida en el Convenio sobre el Reglamento Internacional para Prevenir los Abordajes, hecho en 1972, en la redacción en vigor;c) Embarcación de recreo portuguesa (ERP):
cualquier ingenio o aparato, de cualquier naturaleza, independientemente de su medio de propulsión, utilizado o destinado a ser utilizado como medio de desplazamiento sobre la superficie del agua, en ocio o deportes náuticos registrado en Portugal; cualquier ingenio o aparato, de cualquier naturaleza, independientemente de su medio de propulsión, utilizado o destinado a ser utilizado como medio de desplazamiento sobre la superficie del agua, en ocio o deportes náuticos registrado en Portugal;
d) Embarcación de recreo española (ERE):
toda embarcación, de cualquier tipo, con independencia de su medio de propulsión, cuyo casco tenga una eslora comprendida entre 2,5 metros y 24 metros, proyectada o utilizada para fines deportivos o recreativos, y registrada en España; toda embarcación, de cualquier tipo, con independencia de su medio de propulsión, cuyo casco tenga una eslora comprendida entre 2,5 metros y 24 metros, proyectada o utilizada para fines deportivos o recreativos, y registrada en España;
e) Moto náutica:
embarcación con fines deportivos, recreativos y profesionales de menos de cuatro (4) metros de eslora que utilice un motor de combustión interna con una bomba de chorro de agua como medio principal de propulsión y proyectada para ser manejada por una o más personas sentadas, de pie o de rodillas sobre los límites de un casco y no dentro de ellos; embarcación con fines deportivos, recreativos y profesionales de menos de cuatro (4) metros de eslora que utilice un motor de combustión interna con una bomba de chorro de agua como medio principal de propulsión y proyectada para ser manejada por una o más personas sentadas, de pie o de rodillas sobre los límites de un casco y no dentro de ellos;
f) Embarcación de alta velocidad (EAV):
aquella que de acuerdo con el derecho interno de cada Estado esté clasificada como tal y con la marca de EAV establecida; aquella que de acuerdo con el derecho interno de cada Estado esté clasificada como tal y con la marca de EAV establecida;
g) Ingenio flotante o de playa portugués:
canoas, kayaks, embarcaciones de pedales, chinchorros, tablas y otras embarcaciones desprovistas de motor o vela e instalaciones flotantes fondeadas; canoas, kayaks, embarcaciones de pedales, chinchorros, tablas y otras embarcaciones desprovistas de motor o vela e instalaciones flotantes fondeadas;
h) Artefacto flotante o de playa español:
artefacto proyectado con fines recreativos o deportivos, de los siguientes tipos:
i) Piraguas, kayaks, canoas sin motor y otros artefactos sin propulsión mecánica;
ii) Patines con pedales o provistos de motor con potencia inferior a 3,5 KW;
iii) Motos náuticas;
iv) Tablas a vela;
v) Tablas deslizantes con motor;
vi) Instalaciones flotantes fondeadas;
vii) Otros artefactos similares a los descritos en los puntos anteriores que se utilicen para el ocio;
i) Embarcación de recreo y artefacto o ingenio flotante o de playa de otros Estados:
el que no esté registrado en Portugal o España, o, si no fuera registrable, el que no sea propiedad de nacionales o residentes en las Partes; el que no esté registrado en Portugal o España, o, si no fuera registrable, el que no sea propiedad de nacionales o residentes en las Partes;
j) Embarcación de pesca:
toda embarcación utilizada directa o indirectamente en la explotación comercial de los recursos biológicos marinos o que pueda ser utilizada como tal, tanto en la pesca como en la transformación o en el transporte de pescado o de productos derivados, con exclusión de la embarcación que lo transporte como carga general; toda embarcación utilizada directa o indirectamente en la explotación comercial de los recursos biológicos marinos o que pueda ser utilizada como tal, tanto en la pesca como en la transformación o en el transporte de pescado o de productos derivados, con exclusión de la embarcación que lo transporte como carga general;
k) Autoridad competente:
la autoridad u organismo designado por cada Parte, competente en razón de la materia o del área de jurisdicción según su derecho interno; la autoridad u organismo designado por cada Parte, competente en razón de la materia o del área de jurisdicción según su derecho interno;
l) Mando efectivo de la embarcación:
persona responsable del mando y la seguridad de la embarcación, abarcando tanto a la navegación como a su funcionamiento.
CAPÍTULO II
DISPOSICIONES APLICABLES A LAS EMBARCACIONES
Artículo 4 Uso del pabellón nacional 1-Todas las embarcaciones que naveguen o estén fondeadas en el TIRG ondearán el pabellón nacional de su Estado y llevarán grabado en su casco el nombre y la matrícula con los que han sido registrados.
2-Están dispensadas de lo dispuesto en el punto anterior aquellas embarcaciones que por aplicación del derecho interno de su Estado de abanderamiento no estén obligadas a ello.
Artículo 5 Documentación a bordo 1-La persona con mando efectivo sobre la embarcación deberá presentar, cuando sea requerida por el agente de vigilancia, al menos los siguientes documentos originales o copias autentificadas:
a) Documento de propiedad de la embarcación, contrato de alquiler o similar;
b) Certificado de navegabilidad o equivalente;
c) Documento que habilite a los tripulantes para el manejo de la embarcación de conformidad con las características y zona de navegación o dotación de seguridad, si así lo exige el derecho interno del Estado de abanderamiento;
d) Póliza de seguro obligatorio, si procede conforme a lo dispuesto en el artículo 6.
2-Además de los documentos establecidos en el punto anterior, las embarcaciones de ambas Partes deberán disponer de la documentación que resulte obligatoria en virtud del derecho aplicable.
3-En el caso de no poder presentar en el momento la documentación referida en los puntos 1 y 2 del presente artículo, deberán hacerlo en un plazo de cuarenta y ocho (48) horas.
4-Para el caso previsto en el punto anterior, la persona con el mando efectivo deberá presentar un documento de identidad o declarar su nombre y dirección, confirmado por el testimonio de alguno de los acompañantes a bordo.
5-En el caso de que dicha persona con mando efectivo no disponga de medios de identificación o existan dudas sobre su domicilio, en los términos establecidos en el punto anterior, la embarcación se enviará al puerto o lugar que indique la autoridad y se prohibirá su salida de puerto hasta que el usuario pueda identificarse.
Artículo 6 Seguro obligatorio 1-Las embarcaciones y motos náuticas están obligadas a disponer de un seguro que garantice la responsabilidad civil por los daños causados a tercero y que cumpla el derecho interno de la Parte en la que están registradas.
2-Quedan dispensadas de lo dispuesto en el punto anterior aquellas embarcaciones que no estén obligadas a ello por el derecho interno de las Partes.
CAPÍTULO III
MEDIDAS DE SEGURIDAD DE LA NAVEGACIÓN
Artículo 7 Reglas de navegación 1-Todas las embarcaciones, motos náuticas y otros artefactos o ingenios flotantes o de playa que naveguen por el TIRG deberán cumplir lo preceptuado en el Convenio sobre el Reglamento Internacional para Prevenir los Abordajes, hecho en 1972, en la redacción en vigor.
2-Las embarcaciones deberán navegar, fondear, varar o atracar observando todas las indicaciones al respecto que figuren en las cartas de navegación, en los avisos publicados y ayudas a la navegación promulgados por las autoridades competentes, con especial atención al cierre y apertura de la barra, la modificación de la señalización fluvial o siniestralidad marítima o cualquier limitación aplicable a las aguas restringidas en que se desarrolla este tipo de navegación.
3-Las embarcaciones no pueden interferir en las operaciones de carga de agua de aeronaves destinadas a la lucha contra incendios, debiendo cumplir con las instrucciones de los agentes de la autoridad destacados en la zona para garantizar la seguridad de las operaciones.
4-Las embarcaciones a motor excepto las de pesca, no deben navegar a menos de veinticinco (25) metros de las márgenes del TIRG. En los lugares donde la anchura o la profundidad del TIRG no permita mantener esta distancia, o durante las maniobras de aproximación y separación del muelle, zonas de amarre y fondeo o en una situación de emergencia, las embarcaciones deberán navegar a una velocidad no superior a cuatro (4) nudos.
5-En los lugares en que la anchura o profundidad del TIRG no permita mantener la distancia mencionada en el punto anterior, las embarcaciones a motor deberán mantener la distancia máxima posible, teniendo en cuenta las circunstancias propias del lugar.
6-Las embarcaciones propulsadas a remo o a pedales deberán navegar lo más próximo posible a las márgenes del TIRG con el fin de garantizar su seguridad.
7-Todas las embarcaciones deberán dar un resguardo de veinticinco (25) metros o el máximo que la anchura del río permita cuando naveguen próximas a los muelles de atraque, a las embarcaciones fondeadas y a las artes de pesca, siempre que la profundidad lo permita.
8-Las embarcaciones a motor o vela y las motos náuticas deberán dar un resguardo adecuado a las de pequeño porte o sin motor y reducir la velocidad hasta la mínima de gobierno si fuera necesario, de modo que se evite la formación de olas que puedan poner a estas últimas en peligro.
9-Las embarcaciones a motor o vela, motos náuticas y otros artefactos o ingenios flotantes no interferirán en el tránsito de los buques transbordadores entre ambos Estados, ni en el de otras embarcaciones mercantes con navegación restringida por su calado, remolque, dragas, entre otros, que se hallen navegando por el TIRG.
10-Es obligatorio respetar los lances de las embarcaciones de pesca profesional, debiendo esperar a que se levanten las artes, y no impedir el libre movimiento de dichas embarcaciones.
Artículo 8 Zonas de fondeo y amarre 1-El fondeo temporal será libre a lo largo del TIRG, con las siguientes excepciones:
a) En el canal o trayectos habituales de los transbordadores entre Ayamonte y Vila Real de Santo António;
b) En los canales de acceso y a menos de cien (100) metros de las infraestructuras portuarias, muelles, embocaduras de muelles, marinas y puertos de recreo;
c) Dentro de las zonas de baño señalizadas y debidamente balizadas y en los respectivos corredores de acceso;
d) En las confluencias con esteros o afluentes del TIRG;
e) En las zonas reservadas para competiciones deportivas;
f) En la canal navegable;
g) Donde se dificulten las actividades de pesca;
h) En las áreas definidas para realizar operaciones de carga de agua de aeronaves destinadas a la lucha contra incendios;
i) En las zonas en las que esté prohibido por edicto de la autoridad competente.
2-Si una embarcación va a permanecer fondeada sin dotación por un periodo superior a setenta y dos (72) horas, el propietario o la persona con el mando efectivo de la embarcación deberá comunicarlo a las autoridades competentes de la Parte en cuya área va a fondear, indicando una previsión de salida y los medios de localización del propietario.
3-Las embarcaciones fondeadas deberán estar señalizadas, tanto de día como de noche.
4-Si una embarcación permanece fondeada más de seis (6) meses sin dotación podrá iniciarse un expediente de abandono de acuerdo con el derecho interno vigente de la Parte en cuyas aguas esté fondeada.
5-Quedan prohibidas las instalaciones fijas de puntos de amarre para embarcaciones, fondeo con muerto y boyas de amarre de particulares de forma permanente en las márgenes del TIRG.
6-Las autoridades competentes de cada Parte regulan, vigilan y controlan las áreas de amarre objeto de concesión en sus zonas de soberanía, respetando el uso común del TIRG y las actividades tradicionales de pesca.
7-Los proyectos de dichas áreas deben contar con la aprobación de las autoridades competentes en seguridad marítima y medio ambiente.
8-En caso de emergencia, los buques podrán fondear en cualquier zona del TIRG hasta que se resuelva la situación y no haya peligro para la seguridad de la navegación. En tales casos, deberá informarse inmediatamente a las autoridades competentes de cada Parte.
Artículo 9 Navegación junto a playas y zonas de baño 1-En las playas fluviales y zonas habituales de recreo, debidamente señalizadas, la distancia mínima para la navegación junto a las márgenes mencionadas es de cincuenta (50) metros.
2-Cuando no se puedan cumplir los límites definidos en el punto anterior, se navegará a la máxima distancia posible y a la velocidad mínima de gobierno.
3-Todas las embarcaciones y artefactos flotantes, cualquiera que sea su medio de propulsión, que salgan de las playas y zonas de baño o se dirijan a estas, deberán hacerlo por los canales de acceso señalizados; de no existir estos, navegarán por los extremos de la playa o zona de baño, por la perpendicular a la margen, tomando todas las medidas de seguridad posibles y en todo caso a la mínima velocidad de gobierno.
Artículo 10 Navegación nocturna 1-Sólo podrán navegar de noche las embarcaciones cuyas características lo permitan y cuyo patrón con mando efectivo tenga el título correspondiente, y deberá garantizarse el cumplimiento de las reglas de la Parte C del Convenio sobre el Reglamento Internacional para Prevenir los Abordajes, hecho en 1972, en la redacción en vigor.
2-Queda prohibida la navegación desde la puesta a la salida del sol de las motos náuticas y otros artefactos o ingenios flotantes o de playa con motor o sin él, o en condiciones meteorológicas en las que exista una visibilidad inferior a quinientos (500) metros o vientos de fuerza superior a cinco (5) en la escala Beaufort.
Artículo 11 Motos náuticas y otros artefactos o ingenios flotantes Como medidas de seguridad adicionales, las motos náuticas y demás artefactos o ingenios flotantes, deberán cumplir lo siguiente:
a) Todas las personas a bordo deberán llevar puesto un chaleco salvavidas homologado, si procede;
b) Mantener una distancia de seguridad adecuada a cualquier embarcación;
c) La navegación de este tipo de embarcaciones solo se permitirá por el día y con las limitaciones que se disponen en el punto 2 del artículo anterior;
d) Está prohibido realizar el remolque de cualquier tipo de embarcación o artefacto, incluido el esquí acuático, salvo en los tramos y periodos autorizados, y en situaciones de emergencia o salvamento.
Artículo 12 Esquí náutico y otras actividades que impliquen remolque La práctica del esquí náutico y otras actividades que implique remolque deberán cumplir las siguientes medidas de seguridad adicionales:
a) Las embarcaciones que efectúen remolque de esquiadores u otras actividades que impliquen remolque contarán a bordo con un mínimo de dos (2) tripulantes, uno de los cuales deberá disponer de la titulación correspondiente para poder gobernar la embarcación y el otro vigilará a la persona y/o embarcación/artefacto remolcado;
b) Los esquiadores o las personas remolcadas deberán estar equipadas con chaleco salvavidas de flotabilidad permanente o traje de flotabilidad positiva;
c) Las embarcaciones que practiquen esquí náutico u otra actividad que implique remolque deberán mantener una distancia mínima de cincuenta (50) metros de las márgenes del TIRG, de las zonas reservadas para bañistas y de cualquier obstáculo que pueda suponer un peligro para el conjunto embarcaciónremolque, excepto en la entrada y salida por los canales de acceso;
d) No está permitida la práctica del esquí náutico u otra actividad que implique remolque en los canales de acceso a las zonas de amarre y en las zonas de alta concentración de embarcaciones que estén navegando o fondeadas, ni en zonas de tránsito de los buques transbordadores entre las Partes;
e) El cabo de remolque debe estar fijo a la embarcación de forma que permita maniobrar en cualquier circunstancia.
Artículo 13 Embarcaciones de alta velocidad (EAV) 1-Las EAV, cuando naveguen por el TIRG, estarán obligadas a cumplir lo establecido en el derecho interno de la Parte donde estén registradas, además de lo establecido en el presente Acuerdo.
2-Las autoridades competentes intercambiarán información sobre las EAV de las respectivas nacionalidades presentes en el TIRG, así como sobre aquellas que sean detectadas.
3-Para garantizar la salvaguarda de la seguridad y del tráfico fluvial en el TIRG, las autoridades competentes pueden adoptar medidas adicionales, debidamente fundamentadas y comunicadas a su propietario conforme el derecho vigente, como las siguientes:
a) Negar la autorización de salida en base a circunstancias de navegación local. En el documento de negación del despacho deberá figurar, si fuera posible, la fecha y hora límite de esta negación;
b) Establecer un itinerario autorizado para el tránsito de la EAV por TIRG;
c) Establecer limitaciones máximas de velocidad, pudiendo ser diferentes en distintas zonas del TIRG;
d) Prohibir la navegación de las EAV que hayan sufrido modificaciones no autorizadas por el Estado de abanderamiento.
Artículo 14 Restricciones a la navegación Por motivos justificados de seguridad de la navegación o necesidades de conservación del ecosistema, las autoridades competentes de ambas Partes podrán acordar la prohibición o restricción de la navegación en tramos del TIRG o cerrar el acceso al TIRG mediante un procedimiento común establecido.
CAPÍTULO IV
MEDIO AMBIENTE
Artículo 15 Protección del medio ambiente marino 1-Está prohibido arrojar al agua cualesquiera de los siguientes tipos de residuos desde las embarcaciones:
a) Residuos oleosos, tales como aceites, aguas oleosas, combustibles u otros restos de hidrocarburos;
b) Residuos peligrosos, tales como restos de pinturas, disolventes, baterías, o pilas usadas, entre otros;
c) Plásticos, vidrios, embalajes y envases de cartón, de plástico o de cualquier otro tipo, entre otros;
d) Basuras sólidas, restos de comida, entre otros;
e) Aguas sucias procedentes de lavabos, cocinas, o inodoros.
2-Todos los residuos serán entregados en instalaciones de recepción en tierra destinadas a tal fin y gestionadas por entidades debidamente autorizadas, las cuales facilitarán a los usuarios los correspondientes justificantes en los términos definidos en el Convenio Internacional para Prevenir la Contaminación por los Buques (MARPOL), adoptado en Londres el 17 de febrero de 1978, y sus Protocolos en vigor. Dichos justificantes deberán ser conservados por los titulares de las embarcaciones durante un mínimo de dos (2) años.
3-Además de las reglas previstas en el presente artículo, será de aplicación el derecho interno de ambas Partes sobre prevención de la contaminación.
CAPÍTULO V
OTRAS ACTIVIDADES
Artículo 16 Competiciones deportivas o eventos náuticos colectivos 1-Las competiciones deportivas o eventos náuticos colectivos son autorizados por la autoridad competente de la nacionalidad de la entidad organizadora o de la margen desde de la cual se va a iniciar la actividad, ajustándose a las condiciones establecidas en el derecho interno de cada una de las Partes y manteniendo informada a la autoridad competente de la otra Parte.
2-Las referidas autoridades fijarán zonas del TIRG para la realización de las pruebas y establecerán las respectivas normas de seguridad.
3-En competiciones deportivas a nivel nacional o internacional, previa solicitud de las respectivas federaciones, asociaciones o clubes federados y con los informes de las autoridades competentes, podrán aplicarse medidas de seguridad específicas.
4-Atendiendo a las tradiciones locales, previa solicitud, las autoridades competentes podrán autorizar el uso de embarcaciones de pesca para embarque de personas ajenas a la tripulación, sin sobrepasar las limitaciones que permitan sus certificados o las que el derecho vigente establezca. En cada autorización deberá figurar el número máximo de personas permitidas a bordo, así como la prohibición de llevar a bordo cualquier tipo de arte para la pesca profesional.
Artículo 17 Actividades subacuáticas 1-Están prohibidas todas las actividades subacuáticas.
2-Se permitirán excepcionalmente las inmersiones de recreo en apnea o el buceo profesional para las actividades que se relacionan a continuación y que deberán disponer de autorización:
a) Las actividades subacuáticas con fines científicos y de investigación;
b) Las actividades subacuáticas con fines arqueológicos efectuadas en las respectivas zonas de soberanía;
c) Las actividades subacuáticas necesarias para obras de infraestructuras o reconocimiento de cascos;
d) Las actividades subacuáticas de búsqueda, salvamento y entrenamiento dirigidas y coordinadas por las autoridades competentes.
3-Siempre deberán mostrar la señalización reglamentaria y disponer de los medios de seguridad y vigilancia que se establezcan.
CAPÍTULO VI
CONTROL Y VIGILANCIA
Artículo 18 Control y vigilancia 1-El control y la vigilancia de lo establecido en el presente Acuerdo corresponde a las autoridades competentes de cada Parte, que la ejercerán sobre cualquier embarcación que navegue, fondee, amarre, vare o atraque en el TIRG.
2-Ambas Partes reconocen como válidas las inspecciones realizadas por los agentes de las autoridades competentes de cualquiera de ellas.
CAPÍTULO VII
RÉGIMEN SANCIONADOR
Artículo 19 Infracciones 1-Constituye una infracción todo hecho censurable resultante de la práctica de actos u omisiones, por dolo o negligencia, que configuren incumplimiento de lo establecido en el presente Acuerdo.
2-Cuando los hechos puedan ser constitutivos de ilícito penal en cualquiera de los derechos internos de cualquiera de las Partes, además de la apertura de un expediente sancionador, los presuntos infractores serán puestos a disposición del tribunal competente.
3-Las infracciones en el ámbito del presente Acuerdo están reguladas por lo dispuesto en él y, subsidiariamente, por el derecho interno aplicable sobre dicha materia.
4-Las infracciones no tipificadas en este Acuerdo serán sancionadas según el derecho interno de cada Parte.
5-Será responsable directo de las infracciones el propietario y responsable subsidiario, la persona que tenga el mando efectivo de la embarcación, moto náutica, artefacto o ingenio flotante o de playa en el momento en que fuera cometida la infracción o las entidades organizadoras, los clubes o federaciones deportivas y los coordinadores de seguridad de los eventos.
Artículo 20 Procedimiento sancionador 1-La instrucción de los procedimientos y aplicación de las respectivas multas y sanciones accesorias respecto a las embarcaciones portuguesas o españolas corresponderán a la autoridad competente de la Parte donde esté registrada la embarcación, independientemente de la nacionalidad del agente de vigilancia que formule la denuncia.
2-En el caso de que la embarcación carezca de registro y el patrón sea de nacionalidad portuguesa o española, corresponderá la tramitación del expediente sancionador a la autoridad de la nacionalidad del patrón.
3-La autoridad competente para sancionar en caso de que la embarcación infractora sea de otros Estados será:
a) Si la embarcación estuviese fondeada o amarrada, la de la Parte en cuya zona se ha cometido la presunta infracción;
b) Si la embarcación estuviese navegando o existen dudas de la zona de infracción, será la de la Parte del agente que formule la denuncia.
4-Cuando la infracción se cometa desde tierra firme o desde una embarcación unida a tierra o tan próxima a ésta que sea posible saltar a bordo a pie enjuto, la instrucción y aplicación de multas y sanciones accesorias corresponderá a las Autoridades de dicha Parte.
5-Los atestados se enviarán a través del Capitán del Puerto de Vila Real de Santo António y del Comandante Naval de Huelva, para que la autoridad competente en la otra Parte dé inicio al expediente sancionador cuando proceda.
6-Las decisiones finales de los procedimientos sancionadores serán comunicadas a la Parte en la que tuvo origen la denuncia por infracción al presente Acuerdo.
Artículo 21 Clasificación de las infracciones 1-Las infracciones previstas en este Acuerdo se clasifican en leves, graves y muy graves.
2-Las infracciones leves se sancionan con multa.
3-Las infracciones graves y muy graves podrán ser sancionadas con multa y sanción accesoria.
Artículo 22 Infracciones leves A los efectos de este Acuerdo se consideran leves las siguientes infracciones:
a) No guardar la distancia mínima de seguridad;
b) No navegar a la velocidad mínima de gobierno en zonas en que así se exija;
c) No respetar los lances de pesca;
d) No utilizar los canales de acceso a las zonas de baño;
e) No identificar las boyas de fondeo autorizadas;
f) Manejar motos náuticas o similares sin utilizar el chaleco homologado, si procede;
g) Practicar el esquí náutico o remolque acuático sin chaleco homologado, si procede;
h) No llevar la documentación de a bordo o no presentarla en un plazo inferior a cuarenta y ocho (48) horas naturales;
i) No llevar izado el pabellón del Estado de registro.
Artículo 23 Infracciones graves A los efectos de este Acuerdo tienen consideración de graves las siguientes infracciones:
a) Dificultar el tránsito de transbordadores entre las Partes o de las embarcaciones restringidas por su calado, o con capacidad de maniobra restringida;
b) Dificultar las operaciones de carga de agua de aeronaves destinadas a la lucha contra incendios;
c) Navegar de noche, en condiciones no autorizadas, con embarcaciones sin motor, motos náuticas o artefactos o ingenios flotantes o de playa;
d) Fondear en zonas no autorizadas;
e) Permanecer fondeado más de setenta y dos (72) horas sin tripulación y sin comunicarlo previamente a las autoridades;
f) Fondear muertos y boyas de amarre sin autorización de las autoridades competentes;
g) Permanecer fondeado o amarrado sin señalización;
h) Utilizar motos náuticas o lanchas motorizadas para remolcar, sin que concurra causa de fuerza mayor;
i) Efectuar remolque de esquí náutico sin la tripulación mínima establecida;
j) Practicar esquí en zonas o periodos no autorizados;
k) Navegar o fondear en zonas prohibidas;
l) Practicar modalidades de submarinismo no autorizado o sin autorización;
m) No disponer o no ser titular de la documentación de a bordo;
n) Efectuar competiciones deportivas sin autorización o sin cumplir las normas establecidas en la autorización;
o) No tener el nombre y la matrícula de la embarcación grabados en el costado del casco;
p) El incumplimiento de la orden de cierre de la barra, de acuerdo con los protocolos en vigor, salvo en casos de fuerza mayor.
Artículo 24 Infracciones muy graves A los efectos de este Acuerdo, tienen consideración de muy graves las siguientes infracciones:
a) El incumplimiento de las normas de protección del medio ambiente establecidas en el punto 1 del artículo 15 de presente Acuerdo;
b) Ofrecer resistencia, desobedecer, obstruir o huir de los agentes de la autoridad.
Artículo 25 Multas 1-Las infracciones tipificadas por el presente Acuerdo son sancionadas con multas de 80 a 10.000 euros, de acuerdo con la siguiente escala:
a) Las infracciones leves, con multa de 80 a 350 euros;
b) Las infracciones graves, con multa de 351 a 3.500 euros;
c) Las infracciones muy graves, con multa de 3.501 a 10.000 euros.
2-Si la infracción la comete una persona jurídica, los límites mínimo y máximo de las multas se duplicarán.
Artículo 26 Determinación de la cuantía de las multas Además de los criterios previstos en el derecho interno de cada Parte, la determinación de la sanción se hará en función de la gravedad de la infracción y de la culpa, teniendo además en cuenta los antecedentes del infractor relativos a reglamentos y leyes infringidas.
Artículo 27 Sanciones accesorias Las autoridades competentes, además de la multa correspondiente, podrán aplicar en la decisión final del proceso las siguientes sanciones accesorias:
a) Incautación de la embarcación y demás equipamiento en beneficio de la Parte que instruye el procedimiento;
b) Retirada de los atraques fijos no autorizados y de los muertos y boyas de amarre por parte del infractor o a cargo de este si se sobrepasa el plazo fijado para la retirada por las autoridades competentes.
Artículo 28 Medidas cautelares 1-Cuando la gravedad de la infracción lo justifique o se trate de embarcaciones de recreo, motos náuticas o artefactos o ingenios flotantes de otros Estados cuyos domicilios no se encuentren en la Parte responsable de la instrucción del procedimiento sancionador, las autoridades competentes de cada Parte podrán ordenar, de acuerdo con su derecho interno sobre la materia, las siguientes medidas cautelares:
a) La prohibición de salida de puerto de la embarcación y la incautación de sus respectivos pertrechos susceptibles de haber sido utilizados en la infracción;
b) Un depósito por una cuantía que no exceda de la máxima multa aplicable a dicha infracción.
2-Las medidas cautelares a que se refiere el punto anterior se levantarán al hacerse efectivas las multas.
3-Se podrá igualmente prohibir la salida de puerto de las embarcaciones hasta que sea probada su titularidad.
4-Las medidas cautelares previstas en el presente artículo se mantendrán hasta la resolución del procedimiento sancionador, sin perjuicio de la aplicación de las sanciones accesorias previstas.
CAPÍTULO VIII
DISPOSICIONES FINALES
Artículo 29 Comisión Permanente del Tramo Internacional del río Guadiana 1-Se creará una Comisión Permanente del Tramo Internacional del río Guadiana (CPTIRG), integrada de forma paritaria por delegaciones de Portugal y España, que atenderá todos aquellos asuntos relacionados con este Acuerdo y otros en vigor en el TIRG que prevean la coordinación de la CPTIRG.
2-A todos los efectos previstos en el punto anterior, la CPTIRG dependerá directamente de la Comisión Internacional de Límites entre Portugal y España (CIL), a quien corresponde asesorar e informar de los resultados de sus actuaciones.
3-La CPTIRG estará compuesta por un número no superior a siete (7) miembros por cada Parte, incluyendo los representantes navales, de la administración marítima, de los sectores de pesca, la navegación, el transporte marítimo y el medioambiente.
4-La delegación portuguesa estará presidida por el Capitán do Porto de Vila Real de Santo António; y la delegación española por el Comandante Naval de Huelva.
5-La CPTIRG podrá convocarse en sesión plenaria o en comisiones especializadas, en función del tema que se vaya a tratar. Compete a los presidentes convocar a los respectivos miembros.
6-A las reuniones de la CPTIRG podrán asistir, si los presidentes lo consideran conveniente, representantes de la CIL, técnicos de las administraciones de ambas Partes con intereses en el TIRG y autoridades regionales y locales de ambas Partes.
7-Los presidentes acordarán las fechas y lugares para que la CPTIRG se reúna al menos una vez al año en sesión ordinaria y, cuando una de las Partes lo solicite, en sesión extraordinaria.
8-Los presidentes redactarán un acta de la reunión, que enviarán a la CIL.
9-Compete a los miembros de la CPTIRG elaborar su reglamento interno.
Artículo 30 Competencias de la CPTIRG 1-Con respecto a este Acuerdo, la CPTIRG entenderá de todos aquellos asuntos relacionados con la seguridad de la navegación y la náutica de recreo, con el fin de informar y asesorar a la CIL para alcanzar los acuerdos, actualizaciones o modificaciones necesarias para mejorar la seguridad de la navegación en el TIRG, en particular:
a) Examinar e interpretar las dudas resultantes de la aplicación del presente Acuerdo.
b) Hacer un seguimiento de la aplicación del Acuerdo con el objetivo de proponer las modificaciones y actualizaciones necesarias, incluyendo los artículos referentes a los valores de las multas;
c) Emitir informe sobre proyectos de zonas de amarre objeto de concesión y obras en las márgenes del TIRG que puedan afectar a la seguridad de la navegación;
d) Controlar las condiciones de navegabilidad y seguridad de la navegación del TIRG.
2-La CPTIRG deberá informar a las autoridades locales y regionales de ambas Partes de todas las decisiones adoptadas relacionadas con la aplicación del presente Acuerdo, así como ejerce funciones consultivas de carácter técnico para los organismos que lo requieran.
3-Los presidentes de la CPTIRG mantendrán un archivo actualizado del derecho aplicable a la náutica de recreo y a la seguridad de la navegación de ambas Partes, manteniéndose mutuamente informados de todas las modificaciones posteriores.
Artículo 31 Solución de controversias Cualquier controversia relativa a la interpretación o aplicación del presente Acuerdo no resuelta en el marco de la CPTIRG será solucionada mediante negociación entre la Partes por vía diplomática.
Artículo 32 Revisión 1-El presente Acuerdo puede ser objeto de revisión a petición de cualquiera de las Partes.
2-Las enmiendas entrarán en vigor en los términos previstos en el artículo 34 del presente Acuerdo.
Artículo 33 Vigencia y denuncia 1-El presente Acuerdo tendrá un período de vigencia inicial de seis (6) años, renovable automáticamente por períodos iguales y sucesivos.
2-Cualquiera de las Partes podrá denunciar el presente Acuerdo mediante notificación previa por escrito y vía diplomática, con una antelación mínima de ciento ochenta (180) días, respecto de la finalización del período de vigencia en curso.
3-En caso de denuncia, las Partes se comprometen a iniciar las negociaciones necesarias para la firma de un nuevo Acuerdo de Seguridad de la Navegación y la Náutica de Recreo en el TIRG, manteniéndose vigente el presente Acuerdo hasta la entrada de un nuevo Acuerdo.
Artículo 34 Entrada en vigor El presente Acuerdo entrará en vigor treinta (30) días después de recibirse la última notificación, por escrito y vía diplomática, confirmando que se han cumplido los requisitos de derecho interno de las Partes necesarios a tal efecto.
Artículo 35 Registro La Parte en cuyo territorio se firme el presente Acuerdo lo registrará en la Secretaría de Naciones Unidas, inmediatamente después de su entrada en vigor, de acuerdo con el artículo 102 de la Carta de las Naciones Unidas, debiendo igualmente comunicar a la otra Parte la finalización de este procedimiento y el número de registro asignado.
Hecho en Faro, el 23 de Octubre de 2024, en dos originales, en las lenguas portuguesa y española, siendo ambos igualmente auténticos.
Por la República Portuguesa:
Paulo Artur dos Santos Castro de Campos Rangel, Ministro de Estado y de Asuntos Exteriores.
Por el Reino de España:
José Manuel Albares Bueno, Ministro de Asuntos Exteriores, Unión Europea y Cooperación.
119664739