Louvor 1700/2002. - No último século o sonho de voar tornou-se realidade. Nos primeiros 50 anos - a era dos grandes aventureiros da aviação - foram dados passos fundamentais no desenvolvimento e exploração do avião. Portugal foi parte nos grandes feitos da aviação, de que se salientam as ligações aéreas do continente português com as várias parcelas do território nacional, e, em especial, pela notariedade internacional e relevo técnico-científico, o empreendimento de Sacadura Cabral e Gago Coutinho, que, resolvendo o problema da navegação aérea oceânica, sobrevoaram o Atlântico, ligando Portugal ao Brasil. No campo puramente militar, e no decurso da primeira Guerra Mundial pontificou o nome de Óscar Monteiro Torres, que se cobriu de glória e viria a ser o primeiro aviador português morto em combate, os aviadores portugueses evidenciaram-se pela bravura e perícia nos céus de França.
Com a evolução da arma aérea, após a segunda Guerra Mundial, a generalidade dos países criaram as Forças Armadas como ramo autónomo. Portugal, seguindo esse movimento, a partir da fusão das gloriosas Aviação Naval e Aeronáutica Militar, veio a criar a Força Aérea Portuguesa em 1 de Julho de 1952.
Fiel às suas origens, a Força Aérea, ao longo dos 50 anos que agora completou, sempre desempenhou as missões que lhe foram cometidas com elevado brilho, o que muito honrou o País.
Durante os 50 anos da sua existência muitos foram os militares que serviram o País na Força Aérea, dando o melhor de si mesmos, como o atestam as mais altas condecorações ostentadas por muitos desses militares, realçando-se as que foram obtidas em combate.
Os militares da Força Aérea desde o início revelaram a sua elevada capacidade de bem-servir, conseguindo em pouco tempo tornar-se numa força aérea com altos padrões de operacionalidade, comprovada pelos notáveis feitos realizados ao longo dos 14 anos de guerra, no então Ultramar Português. Neste capítulo da história nacional não podem deixar de ser realçados a enorme eficiência com que a Força Aérea cumpriu as missões de combate, mas também o sacrifício e enorme coragem de tantos jovens pilotos de helicópteros, que, em circunstâncias por vezes de elevado risco, evacuaram feridos, salvando-lhes a vida e, desse modo, deram um forte contributo para o moral das tropas no terreno.
Terminadas as operações em África, a Força Aérea rapidamente se adaptou à nova realidade, tirando o máximo partido dos meios de que dispunha. Merece destaque a vertente de apoio humanitário, como a busca e salvamento no mar e em terra e o apoio a populações isoladas e sinistradas, missões que a Força Aérea vem realizando com grande dedicação e sucesso.
Recentemente, no quadro da nova situação internacional resultante do fim da Guerra Fria, a Força Aérea tem sido chamada a um esforço importante, executando operações que vão desde o transporte táctico para zonas de elevado risco, o apoio logístico a unidades militares nacionais destacadas em áreas geográficas tão variadas como África ou os Balcãs, a cooperação na patrulha marítima com forças navais aliadas a operar no mar Adriático, a participação nas acções conduzidas pela NATO no Kosovo, o apoio com helicópteros às forças da ONU em Timor Lorosai e, finalmente, colaborando com transporte táctico no volátil teatro de operações do Afeganistão.
Em todas estas operações sempre a Força Aérea, graças ao total empenho e vigor do seu pessoal, levou bem alto o nome de Portugal.
Assim, face ao que aqui fica descrito, considero os feitos desenvolvidos por todos os que, ao longo desde 50 anos, serviram na Força Aérea como extraordinários, relevantes e distintíssimos.
Ao abrigo do artigo 31.º, e de acordo com o artigo 24.º do Regulamento da Medalha Militar e das Medalhas Comemorativas das Forças Armadas, aprovado pelo Decreto-Lei 566/71, de 20 de Dezembro:
Manda o Governo, pelo Ministro da Defesa Nacional, condecorar com a medalha de ouro de serviços distintos a Força Aérea Portuguesa.
10 de Julho de 2002. - O Ministro de Estado e da Defesa Nacional, Paulo Sacadura Cabral Portas.