Louvor 73/2000. - Louvo o tenente-general NIM 51085411, António Gabriel Albuquerque Gonçalves, pela forma extraordinariamente exemplar e competente como ao longo de dois anos desempenhou as funções de comandante operacional dos Açores.
Oficial com uma sólida formação militar, cultivando no mais elevado grau as virtudes militares da lealdade, sentido do dever e espírito de missão, a que alia uma notável inteligência e grande pragmatismo na acção, conseguiu imprimir uma dinâmica na actividade daquele Comando que desde logo começou a ter efeitos assinaláveis, não só em termos de motivação de todo o pessoal que ali prestava serviço, mas também e muito em particular em termos da imagem e prestígio do Comando Operacional dos Açores no exterior.
A excelência deste seu desempenho foi atingida graças a uma forte determinação, zelo, dedicação e perseverança, já que as dificuldades e adversidades com que deparou no exercício do seu comando foram muitas e diversificadas, nomeadamente catástrofes naturais de grande envergadura que ocorreram naquele arquipélago.
No que concerne às catástrofes naturais, a primeira delas na Ribeira Quente, aconteceu no dia imediato ao da sua tomada de posse nestas funções, sendo confrontado com a necessidade imediata de apoiar, com meios das Forças Armadas, as acções de socorro em curso, sem que tivesse ainda um conhecimento exaustivo dos meios humanos e materiais à sua disposição, mas a que deu uma resposta pronta e eficiente, amplamente reconhecida por todos quantos dela beneficiaram ou tiveram conhecimento.
Na segunda catástrofe ocorrida durante o exercício do seu Comando, o sismo na ilha do Faial, assumiu desde o primeiro momento a coordenação de todo o apoio que era possível prestar, com os meios das Forças Armadas existentes no arquipélago e, em simultâneo, desencadeou as acções necessárias visando a intervenção de uma unidade de engenharia de continente nos trabalhos de limpeza e desobstrução das zonas mais afectadas, o que veio a ser conseguido, com um êxito a todos os títulos assinalável, conforme reconhecimento público das autoridades locais e regionais, manifestado aos mais diversos níveis da administração da região e do País.
Saliente-se que os trabalhos do Destacamento de Engenharia no Faial foram continuamente acompanhados e coordenados pelo comandante do COA, estabelecendo uma ligação permanente entre as autoridades regionais e as chefias militares, com vista a assegurar a compatibilização dos interesses de uma das partes com a disponibilidade e capacidade da outra, por forma a que a imagem e prestígio das Forças Armadas fossem preservados e enaltecidos.
Merece também particular realce as relações que estabeleceu com os comandos de zona no arquipélago (zona marítima, militar e aérea), não só institucionais mas sobretudo pessoais, as quais se traduziram num clima de confiança, entendimento e cooperação, fundamental para permitir que os escassos meios militares existentes no arquipélago, à responsabilidade de cada uma delas, tivessem sido utilizados com grande prontidão e eficiência, quer em exercícios conjuntos e combinados quer em situações reais como as que se verificaram nas catástrofes atrás referidas.
Particularmente relevante e digno do maior realce foi o relacionamento que estabeleceu com as autoridades civis e eclesiásticas do arquipélago, pautado pelo diálogo, cooperação e disponibilidade das Forças Armadas para apoio das populações do arquipélago, no âmbito das suas missões de interesse público, acautelando sempre os interesses da instituição militar, não só no que se refere ao rigoroso cumprimento das formalidades exigidas para o emprego dessas forças mas também sobre a adequabilidade e racionalidade desse emprego, nas várias situações, procurando que tal apoio fosse oportuno e adequado e se traduzisse em prestígio para as Forças Armadas. O respeito, consideração e amizade que granjeou neste seu relacionamento, amplamente demonstrado enquanto permaneceu naquelas funções, prolonga-se para além desse tempo, conforme atestam as atenções de que tem sido alvo desde a data em que cessou as mesmas, por parte das autoridades civis daquele arquipélago.
É, para além disso, o tenente-general Albuquerque Gonçalves um excelente profissional, com elevados dotes de carácter, inteligência e saber, elevado sentido da justiça e da disciplina, a que alia um relacionamento humano inexcedível com todos que têm oportunidade de servir sob as suas ordens, pelo que os serviços por si prestados nas funções de comandante operacional dos Açores devem ser considerados como extraordinários, relevantes e distintíssimos, dos quais resultou honra e prestígio para as Forças Armadas e para o País.
30 de Dezembro de 1999. - O Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Gabriel Augusto do Espírito Santo, general.